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Cabeleireiro já foi preso por engano
Por Rodrigo Cipriano
Do Diário do Grande ABC
25/09/2007 | 07:18
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Não foi a primeira vez que o cabeleireiro Robson da Silva Freitas, 25 anos, foi preso por engano. Solto na última sexta-feira, ele passou quatro dias na Cadeia Pública de Santo André, acusado de ter matado a empresária Aparecida Donda Gebara durante uma tentativa de assalto no cruzamento das ruas Juquiá e Javaés, no bairro Paraíso.

Em 2004, o cabeleireiro ficou seis dias na mesma cadeia, também acusado de roubo. Daquela vez, a uma loja de acessórios para carro na Avenida Pereira Barreto. Ele havia ido jantar em uma rede de fast food e passava em frente ao comércio quando a polícia fazia buscas atrás dos ladrões e foi detido.

Cadeia - “Acho que a cor (referindo-se à pele negra) atrapalha nessas horas”, afirma Freitas. Nessa última passagem pela cadeia, o cabeleireiro dividiu cela com outros três homens, todos presos sob acusação de assassinato. “Foram os piores dias da minha vida”, diz.

Freitas não pôde receber visitas. Passou as noites em um colchão fino. Para se proteger do frio, contou com a roupa do corpo e com a solidariedade dos outros presos, que lhe emprestaram uma manta, e de um policial, que lhe deu uma jaqueta na delegacia.

Para conseguir a liberdade, gastou todo o dinheiro que havia guardado para mudar de casa quando a Prefeitura desapropriar a favela do Gamboa, onde ele mora.

 “Agora vou começar do zero, trabalhando, como sempre fiz.” Freitas já foi servente de pedreiro, repositor de mercadorias, prensista e serralheiro. A profissão de cabeleireiro veio após a primeira prisão. “Diziam que eu nunca mais ia conseguir emprego. Aí comecei a cortar o cabelo dos meus amigos. Deu certo.”

Por semana, ele atende até 80 clientes. “Teve gente que foi cortar o cabelo em outro lugar, achando que eu não ia sair tão cedo da prisão.”



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