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Aircross chega com estilo
Wagner Oliveira
Enviado ao Rio de Janeiro
01/09/2010 | 07:05
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Na indústria automobilística, o design francês tem um traço inconfundível. Com suas linhas ousadas, o estilo provoca reações antagônicas - do tipo ame-o ou odeio-o. No Brasil, centros de desenvolvimento das marcas francesas tentam adaptar as linhas ao gosto local. Primeiro carro totalmente desenvolvido fora da matriz, o Citroën Aircross talvez seja o melhor resultado dessa tentativa de tropicalização.

O Aircross é derivado do C3 Picasso, lançado há dois anos na Europa. Construído sobre a plataforma do C3, na Europa é um monovolume mais delicado, cujo público-alvo são mulheres ou pequenas famílias. Aqui a Citroën vislumbrou a oportunidade de transformá-lo num utilitário esportivo urbano para disputar vendas principalmente com o Ford EcoSport, Fiat Idea Adventure e Volkswagen CrossFox. Por R$ 53,9 mil na versão de entrada, a GL, o carro promete briga. A aposta do maior volume de vendas é na GLX, por R$ 56,9 mil. A Exclusive custa R$ 61,9 mil.

Pegando carona no modismo nacional, o Aircross entrou de cabeça no estilo aventureiro. Está lá fixado na porta traseira o pneu estepe (até quando?), há estribos laterais, para-choques dianteiro e traseiro parrudos, rack que avança do para-brisa ao teto, apliques nas laterais e pneus de uso misto. Correndo o risco de cair no exagero, o Aircross atingiu um visual que deve agradar - principalmente àqueles que buscam no visual uma diferenciação.

"É um carro para brasileiros, feito por brasileiros", pregou o diretor-geral da Citroën no Brasil, Ivan Segal. Com isso, o Grupo PSA Peugeot Citroën buscou testar a habilidade de seus cerca de 400 engenheiros contratados em São Paulo para adaptar os padrões franceses ao gosto sul-americano.

Se, externamente, os profissionais apostaram no mais fácil - já que as dimensões e formato do Aircross (4,27 m de comprimento) favorecem adaptar o veículo ao que a marca passou a chamar de SUV compacto premium (classificação até então inexistente no mercado nacional) - por dentro o Aircross conseguiu conjunto harmonioso, muito mais trabalhado.

Aproveitando a ampla visão proporcionada pelo para- brisa panorâmico, os técnicos buscaram inspiração na aviação para dar forma arredonda ao bonito painel. "O formato dos grandes mostradores, o conjunto bússola e dois inclinômetros no console central (para as versõs de entrada e intermediária), assentos e volante com haste cromada têm elementos que remetem aos aviões, assim como as bandejinhas para passageiros do banco de trás", afirmou Frederico Laguna, gerente de estilo da marca Citroën.

O Aircross mostrou ter boa estabilidade e força para o dia a dia - porém, nada excepcional. O motor 1.6 flex de 16 válvulas tem 113 cavalos de potência a 5.800 rpm abastecido a etanol - 110 cv a gasolina. O torque é de 15,5 mkgf a 4.500 rpm (e) ou 14,2 mkgf a 4.000 rpm (g). O câmbio manual de cinco velocidades é bem ajustadinho.

RODANDO
O Diário veio do Rio de Janeiro a São Paulo conduzindo o carro. Na Serra das Araras, logo após a região da Baixada Fluminense, o monovolume mostrou fôlego para encarar ladeiras. As retomadas foram boas nas ultrapassagens. Um dos pontos fortes é o isolamento acústico - tão bom que até dá sono. O sistema de ar-condionado, som e GPS (no modelo mais caro) também proporciona conforto, prazer, comodidade e interação.

Para que o Aircross ficasse mais parrudo, o carro teve sua altura em relação ao solo elevada em 3,6 cm no eixo dianteiro e 4,1 cm no eixo traseiro, o que assegura vão livre em relação ao solo de 23 cm na frente e 24 cm atrás - assim o carro pode enfrentar mais desafios em terrenos tortuosos. Alongado em 8 cm, o entre-eixos foi para 2,54 m.

O porta-malas do Aircross é interessante. O carro tem capacidade para 403 litros de carga - podendo ir a 1.500 litros com o rebatimento dos assentos. Os pneus têm medidas específicas, com modelo Scorpion 205/60 da Pirelli (50% terra e 50% asfalto). O objetivo é proporcionar maior segurança nos dois tipos de piso.

Já à venda nos concessionários de todo o País, o Aircross foi apresentado semana passada numa grande festa no Rio de Janeiro. A grandiosidade do evento no Pier Mauá, Centro Velho da Cidade Maravilhosa, tinha razão de ser: a Citroën investiu 180 milhões de euros para capacitar a fábrica de Porto Real (RJ) a produzir o modelo, com o qual ela espera elevar seu market share no Brasil de 2,5% para 3,5% até o fim deste ano. Com a palavra, o consumidor.


Números

MOTOR
1.6 16V Flex

TORQUE
14,2 mkgf a 4.000 rpm (g) /
15,5 mkgf a 4.500 rpm (e)

POTÊNCIA
110 cv (g) / 113 cv (e) a 5.800 rpm

COMPRIMENTO
4,28 metros

DISTÂNCIA ENTRE-EIXOS
2,54 metros

PORTA-MALAS
403 litros




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