D+ Titulo Vai encarar?
Sobrevivência na selva

Para se tornar comissário é preciso encarar longa
caminhada, cair na água fria e ficar horas sem comer

Por Juliana Ravelli
Do Diário do Grande ABC
06/11/2011 | 07:00
Compartilhar notícia


Não tem jeitinho, vai ter de fazer tudo. Se alguém for dar trabalho já desce do ônibus." Assim, Salmeron Cardoso, diretor do Centro Educacional de Aviação do Brasil, dá boas-vindas aos 188 alunos do curso de comissário de bordo. Às 4h30, com misto de sono e ansiedade, a galera segue viagem para Juquitiba, onde o treinamento de sobrevivência na selva os espera. A equipe do D+ vivenciou tudo de perto.

No busão, a turma recebe orientações dos monitores e começa a se preparar para o desafio. No alto do boné fica o número de identificação. Durante aquele dia, ninguém vai ser chamado pelo nome. Mera semelhança com o filme do capitão Nascimento? Não é o que os alunos pensam.

Mas por que todos estão com as meias por cima da calça e tornozelos enrolados por fita adesiva? "Para evitar que bichos entrem dentro da roupa", alguém responde. Os insetos, entretanto, nem de longe representam o maior dos problemas para os técnicos em segurança de voo (nome do cargo ocupado pelo comissário).

Muita gente pensa que estão no avião só para servir bebida e comida. Não é nada disso. "A função é estar preparado para qualquer situação de emergência, desde infarto a princípio de incêndio. São situações diferentes do dia a dia. O psicológico tem de estar bem preparado", explica Sonia Soares Cardoso, diretora do Ceab.

Às 6h50, os alunos descem do ônibus com as mochilas nas costas. Alimentos e celulares são colocados em uma única mala. Durante cerca de 12 horas estão proibidos de ingerir algo sólido. Quem for pego comendo ou usando aparelho eletrônico durante o treinamento é reprovado na hora. Podem consumir apenas água, um pouco de sal e açúcar.

Após serem divididos em grupos, iniciam a caminhada pelo interior da Mata Atlântica. Às 8h40 chegam ao acampamento base. Lá são ministradas as aulas de obtenção de alimento animal, armadilha, primeiros socorros, navegação com bússola e sinalização diurna. Nada de simpatia com os instrutores. Silêncio é a ordem. Apesar disso, tem gente que dispersa e dá um jeito de se comunicar com o amigo mesmo que por meio de bilhete.

O frio intenso pela manhã logo dá espaço ao calor abafado. Mas, por sorte, o dia estava lindo. Se estivesse chovendo com certeza seria muito pior, pois as atividades não deixariam de ser realizadas. Às 10h25 já tinha um monte de gente reclamando de fome. E como tudo pode piorar, perto da hora do almoço o sono começa a apertar. Alguns lutam bravamente para manter os olhos abertos. A má notícia é que o curso ainda está na metade e a hora de ir embora vai demorar para chegar.

 

Tormenta na piscina - No início da tarde, dois grandes grupos se formaram. Um deles seguiu para a piscina com 1,70 m de profundidade para treinar situações de emergência na água. Parecia ser moleza. Ninguém passaria muito frio, pois estavam em local fechado, não? Até parece. Segundo a galera, completamente exausta, a água estava geladíssima. "Igual a de geladeira", garante uma aspirante à comissária. Pelos gritos dados ao mergulhar, devia estar mesmo. Para alguns, a água parece um meio muito natural; para outros, entretanto, é verdadeiro tormento. E teve gente que deu trabalho para os instrutores. "Acho que não vou conseguir", alguém mais desesperado diz. Mas nada melhor do que superar dificuldades. E ao fim de tanto sacrifício, muitos aplausos!

 

Desafio na casinha de fumaça - Enquanto um grupo estava na piscina, o outro encarava o treinamento de combate ao fogo. Primeiro, foi preciso passar por pequeno labirinto no interior de uma casinha sem qualquer iluminação e cheia de fumaça. E dessa atividade a repórter não escapou. O trajeto é curto, mas no momento em que o atravessamos pareceu bem maior. Todos deveriam permanecer de mãos dadas; se alguém as soltasse, a equipe teria de refazer o exercício. Lá dentro também era necessário responder três perguntas sobre conteúdos que os alunos viram nas aulas teóricas. Alívio na hora de sair e poder respirar ar puro novamente! Mas o treino não acabou por aí. Após a tarefa, a galera ainda teve de aprender a manipular extintores de incêndio e apagar labaredas.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.

Mais Lidas

;