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Prefeitos culpam crise por falhas em promessas

Com só quatro projetos concluídos em cada
dez propostas, políticos criticam governo federal

Vitória Rocha
Especial para o Diário
03/05/2016 | 07:09
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Montagem/DGABC


Os prefeitos do Grande ABC culparam as crises econômica e política que afligem o Brasil pelo não cumprimento de promessas feitas durante a campanha eleitoral de 2012. De acordo com levantamento feito pelo Diário, em média, os chefes do Executivo estão devendo execução completa ou parcial de 59,8% dos projetos, o que significa que, de cada dez pactos, seis ainda estão no papel.

A arrecadação da região para este ano, estimada em R$ 12,6 bilhões, realmente teve queda real. Se comparado com as projeções de 2015, que ficaram em R$ 12,2 bilhões, o orçamento total das sete cidades cresceu apenas 3,27%, abaixo dos 10% previstos para o acumulado da inflação no período até o fim do ano passado.

Responsável pelo maior índice de promessas não efetivadas, com 80% (de 15 propostas, 12 não foram concluídas), o prefeito de Diadema, Lauro Michels (PV), afirmou que não tem recebido recurso governamental e que o que está sendo feito, em grande parte, é por meio de recurso da Prefeitura. “Na questão das UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) 24 horas, por exemplo, nós dependemos do governo federal, que não tem dinheiro para nada. Eu até já me desencantei. Mas, pelo menos vamos entregar quatro creches e estamos reformando 15 UBSs (Unidades Básicas de Saúde) e o Hospital Municipal”, disse, justificando não ter viabilizado a criação de duas UPAs e a construção das seis creches – algumas, inclusive, noturnas.

O mesmo argumento foi utilizado pelo chefe do Executivo de São Caetano, Paulo Pinheiro (PMDB), cujo percentual de falhas está em 46,6% (faltam sete de 15 obras). Ele acrescentou a dívida pública de R$ 264,5 milhões herdada da gestão passada. “Não vamos fazer (os projetos que faltam) neste ano. Teve a questão da dívida que ficou para nós. Quando assumimos, achamos que as coisas estavam bem, mas com esse negócio de não termos dinheiro para investir, o que sobrava (de verba) investíamos em serviços. Faltou para investir em moradia e em salas de aula”.

Em Mauá, Donisete Braga (PT) registrou índice de 56,2% de promessas sem conclusão. Dos 16 pactos propostos, nove ainda não foram cumpridos, dentre eles a construção de oito creches e criação de cinco CEUs (Centros Educacionais Unificados). Questionado, o prefeito declarou que apenas três centros serão entregues porque não havia terreno disponível para construção dos outros. “Desde o início do governo foram criadas 3.000 vagas em creches, mas ainda resta deficit semelhante. Estamos criando alternativas diante dos obstáculos, inclusive da crise econômica. Vou fechar a gestão com 75% do plano de governo cumprido”, estimou.

Dono de um dos maiores percentuais de projetos no papel (dez de 14 propostas, ou 71%), o prefeito de Ribeirão Pires, Saulo Benevides (PMDB), também se queixou da falta de verba do governo, mas disse estar satisfeito com o que fez até agora. “A crise no País nos atrapalhou, mas nós avançamos muito. Estou fazendo um mandato de 30 anos em três anos. Eu só estou há três anos e pouco. Se for comparar com quem esteve há oito anos no poder, eles nem iniciaram essas obras. Eu já me considero vitorioso em anunciar que a verba está garantida, independentemente de entregar as obras ou não”.

Grana citou a instabilidade política para justificar o não cumprimento de projetos, como a construção da ETA (Estação de Tratamento de Água). “Desde que a Dilma (Rousseff)foi eleita a oposição não a deixou governar e, consequentemente, isso afetou só municípios. Todos os projetos (que dependem de recursos federais) não saíram do papel porque ela não conseguiu efetivar o ajuste fiscal”, argumentou, ao admitir que não entregará a ETA. O petista assegurou que cumprirá, até o fim do mandato, a meta de criar 4.500 vagas em creche. “Já criamos 3.000”.  




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