Cultura & Lazer Titulo Leitura
História de escritor andreense é selecionada para livro que reúne contos

Leandro Fonseca contribuiu para o projeto de editora com ‘O Som do Metrô’

Luís Felipe Soares
07/09/2015 | 07:00
Compartilhar notícia
Reprodução


 Em um mundo onde o fantástico existe, a presença de seres gigantescos habitando a Terra rende histórias. É o caso de Godzilla, personagem japonês que surgiu nos anos 1950 e que dividiu sua vida ao longo do tempo em destruir grandes metrópoles e salvar a humanidade de outras criaturas, talvez mais perigosas que si próprio. Para o público moderno, o cineasta mexicano Guillermo del Toro colocou essas figuras nas telonas no novo clássico moderno nerd Círculo de Fogo (2013), no qual robôs maiores que prédios são controlados por pessoas a fim de proteger a civilização. Os dois exemplos – assim como King Kong, Ultraman e os Power Rangers – serviram de inspiração para o livro Monstros Gigantes – Kaiju (Editora Draco, 248 páginas, R$ 46,90, em média), antologia com 17 contos que exploram as possibilidades dentro desse universo.

A publicação temática tenta dividir o material selecionado por meio de concurso em espécie de linha temporal: Ruínas do Passado, Desafios do Presente e Provações do Futuro. Tudo gira em torno dos chamados kaijus, termo oriental que simboliza esses animais incomuns vistos na literatura, televisão e cinema. Entre as tramas há umas com foco na destruição e outras na angústia da população. “Procuramos manter o que sentimos ser uma premissa original dos kaijus na hora de selecionar os textos: um carrasco, uma punição, um moderno mito escatológico como resposta da natureza ou do próprio universo ao orgulho destemido e desvarios da raça humana”, diz um trecho do prefácio.

Cerca de 130 contos foram enviados para a editora e o material de Leandro Fonseca, de Santo André, foi um dos escolhidos para fazer parte do projeto. Aos 31 anos, o rapaz tirou da cabeça o texto O Som do Metrô, que reúne referências de livros lidos e filmes assistidos durante toda a vida. A trama acompanha a tensão de um grupo que tenta sobreviver na estação de metrô Ishiro Honda. Uma oficial do Destacamento de Defesa do Pacífico lidera alguns civis na esperança de rever a superfície enquanto uma gigantesca criatura passa pela região. As 15 páginas são recheadas de conflitos mentais entre os personagens, seja sobre a importância de um letreiro ficar acesso ou o surto de um homem que perdeu a mulher e um dos braços.

“De um dia para o outro me bateu a ideia. Queria algo na linha do filme Cloverfiled e demorei uma semana para escrever”, diz. “Tentei fugir do óbvio. Quando vi o concurso, logo imaginei que o pessoal fosse pela ideia basica do exército lutando contra o monstro e toda a destruição. Tentei ser diferente. Pensei os kaijus não como uma consequência de alguma coisa, e, sim, como causa. Sempre penso em um personagem e uma cena final e busco o desenvolvimento que chegue até o que está estabelecido.”

No ano passado, Fonseca deixou o emprego como servidor público na Prefeitura de Santo André para investir seu tempo na carreira de escritor e roteirista. O ex-advogado é fã de sagas como O Senhor do Anéis, O Hobbit e Game of Thrones (a qual analisa fatos e personagens como tema principal no blog www.drunkwookie.com.br), além de sempre acompanhar o universo dos quadrinhos.

Segundo o andreense, ele demorou um pouco “para perceber que tinha um conto realmente publicado. Tenho algumas coisas na internet, mas um livro tem um peso maior. A experiência me ajudou a perceber que não é tão difícil escrever, basta ter disciplina.” Ele confessa que a atual etapa viajando no mundo da fantasia tem lhe dado oportunidade especial. “Fujo um pouco da ideia da realidade muito por ter contado a história dos outros durante bom tempo quando estava advogando. Resolvi contar as minhas histórias, não necessariamente a minha ou as que ocorrem ao meu redor.” Um primeiro livro completo está entre os objetivos traçados, seja ele com kaijus ou não.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;