Diarinho Titulo
Por que a gente
gosta tanto de doces?
Juliana Ravelli
Do Diário do Grande ABC
23/01/2011 | 07:00
Compartilhar notícia


A maioria não resiste a um docinho. Sabe por quê? O sabor causa sensações de recompensa e bem-estar, transmitidas pelo cérebro para o corpo todo; por isso, a gente se sente feliz ao comer guloseimas. No entanto, o organismo não precisa de doce.

A glicose - substância fundamental para nossa sobrevivência - presente no açúcar pode ser obtida naturalmente por meio de alimentos ricos em carboidratos, como pães, massas, arroz, batata e frutas. Ao serem digeridos, também se transformam em glicose.

O leite materno, primeira comida do bebê, não é doce. Especialistas defendem que não se deve ter contato com açúcar até completar 1 ano; suco e chá, por exemplo, não precisam ser adoçados.

O açúcar branco recebe muita química para ser refinado e, assim, perde todos os seus nutrientes. Em excesso, pode causar problemas de saúde, como obesidade e cáries nos dentes.

Mas como resistir aos doces? A missão poderia ser praticamente impossível para Eduardo Garcia Caetano, 11 anos, de São Bernardo, filho de doceira. No entanto, ele tira de letra. Sabe que não pode ingerir as delícias todo dia. "Quem come muito doce e pouca comida fica com anemia. Eu me preocupo bastante com minha saúde."

Apesar da grande quantidade de bolos, brigadeiros e beijinhos que costuma ter em casa, Eduardo não deixa de devorar muitas frutas. "Toda semana vou à feira comprar porque em casa acabam rápido", afirma.

Maria Julia Chiachiri, 7, de Santo André, também descobriu que não pode abusar. Fã de bolacha recheada, entendeu que sempre terá dor de barriga se comer demais. "Minha mãe não deixa eu exagerar. Só posso comer uma por dia", diz a menina, que se alimenta bem.

Consultoria de Mariana de Rezende Gomes, coordenadora do curso de Nutrição da Faculdade de Medicina do ABC

 

Só pode um pouquinho

Sabe aquela história de que quem tem diabetes nunca deve comer doce? Não é verdade. O que não pode é ingerir muito; só um pouquinho é permitido. Na realidade, ninguém - com ou sem a doença - pode exagerar e todos devem evitar o açúcar branco.

Há dois tipos de diabetes. O tipo 1 atinge crianças, em geral. Nesse caso, o pâncreas não produz uma substância chamada insulina, necessária para controlar a quantidade de glicose no corpo. O tipo 2 aparece em adultos, principalmente nos que têm casos do problema na família e em obesos. Nele, o órgão não funciona direito.

O excesso de glicose faz muito mal, prejudicando o sistema circulatório. No entanto, hoje há recursos para que os diabéticos tenham uma vida cada vez mais saudável. Basta seguir o tratamento direitinho.

Lucas Velasco Horta, 6 anos, de Santo André, descobriu que tinha diabetes aos 2. A partir daí, toma injeção de insulina (artificial, que ajuda o corpo a digerir o açúcar) pelo menos duas vezes por dia. Também tem de medir diariamente a glicemia (quantidade de glicose no sangue) várias vezes.

Não foi fácil se adaptar à rotina, mas Lucas se acostumou. "Levo na boa. Posso comer tudo diet (alimentos fabricados para diabéticos), até sorvete." Para ajudar a controlar a glicemia - que não pode ficar muito alta nem baixa demais -, ele ingere bastante frutas e não passa muito tempo sem comer. Além de doces, os diabéticos não podem abusar dos alimentos com muito carboidrato, como pães, arroz e biscoitos. É que, ao ser digerido, o carboidrato também se transforma em glicose.

Consultoria do médico Marcio Krakauer, presidente da Associação dos Diabéticos do ABC

Formiga come porque precisa, não porque gosta

A formiga, que vive na área urbana, não invade o pote de açúcar porque gosta do sabor adocicado, como os humanos. Na realidade, é a forma mais fácil e eficiente que encontrou ao longo dos tempos de obter energia necessária para realizar suas atividades. Em geral, o inseto não enfrenta muita dificuldade, como predadores, para obter os grãos doces.

Ao encontrar o açúcar, a formiga operária ingere o máximo possível, guardando parte dele no primeiro dos três estômagos que tem. No formigueiro, vomita a substância armazenada e a oferece para a rainha e outras companheiras.

Mas nem todas as espécies gostam de açúcar. As chamadas especialistas comem apenas um tipo de alimento, como ovinhos de aranha e pólen (presente nas flores e também obtida pelas abelhas). Existem ainda as generalistas, que ingerem de tudo: outros insetos, néctar e até pequenos bichos mortos.

 

Saiba mais

- Como o açúcar refinado (branco) não tem nutrientes, é melhor trocá-lo por substituto, como o açúcar mascavo, que também é feito a partir do caldo da cana-de-açúcar. Como não passa pelo processo para ficar fino e branco, é grosso e amarronzado, mantendo os nutrientes como ferro e cálcio.

- O mel e o melado de cana também podem substituir o açúcar em receitas e para adoçar o leite. Entretanto, o mel não é indicado para bebezinhos. É que a substância pode conter uma bactéria para a qual eles ainda não desenvolveram defesa. Esse alimento produzido pela abelha tem minerais e vitaminas.

- As frutas possuem açúcar natural, chamado frutose. Por isso, quando bater aquela vontade de doce, coma fruta no lugar de uma guloseima. É mais saudável, pois tem vitaminas, sais minerais e muitas fibras que ajudam o funcionamento do intestino e o organismo a absorver menos açúcar. O mesmo ocorre com alimentos integrais e feitos com grãos. É importante saber que a frutose também engorda e causa cárie. O segredo é não exagerar.

- Há milhares de pontinhos minúsculos na língua, chamados papilas gustativas. Elas levam as informações sobre os alimentos ao cérebro, que as interpreta para que a gente sinta o gosto. A visão e principalmente o olfato ajudam na tarefa. É possível perceber cinco sabores básicos: doce, salgado, ácido, amargo e umami. O último foi descoberto no início do século 20 por um cientista japonês. O umami é o gostinho de quero mais.

- O brigadeiro é um dos doces preferidos dos brasileiros, sempre presente em festas de aniversário. Foi inventado no País na década de 1940 para homenagear o Brigadeiro (um dos cargos da Aeronáutica) Eduardo Gomes, candidato a presidente na época. Os estrangeiros que experimentam adoram.

 

O homem sempre sonhou com um reino de doces, cheio de guloseimas gigantes. Tanto que esse mundo de fantasia está presente na literatura, teatro e cinema. Em A Fantástica Fábrica de Chocolate (2005), Augustus Gloop (foto) é superguloso e se dá mal ao visitar a empresa de Willy Wonka. Confira no www.blogdiarinho.blogspot.com essa e outras histórias açucaradas




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;