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Verão em temporada de dívidas deixa 53% da população dentro de casa
Por Pedro Souza
Do Diário do Grande ABC
06/02/2014 | 06:16
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Celso Luiz/DGABC


O verão deixou marcas. O calor atingiu recordes histórico. E o endividamento apertou os cintos dos consumidores, cuja maioria deixou de lado as viagens turísticas da temporada. Segundo pesquisa nacional da Fecomercio-RJ (Federação do Comércio do Estado do Rio de Janeiro), 53% dos brasileiros não vão viajar no verão.

Esta é a primeira vez que a entidade realiza levantamento com esse recorte. As entrevistas foram coletadas em dezembro, tendo em vista que o verão tem duração entre aquele mês e o fim de fevereiro. E, devido aos últimos registros de endividamento e planejamento das famílias em relação às contas de começo de ano, a Fecomercio-RJ entende que a temporada é, praticamente, ímpar em relação aos anos anteriores.

“Essa resposta do grupo vai no sentido de que eles vão ficar em casa, vão manter a rotina. Com o histórico de consumo elevado, endividamento e a visão, cada vez maior, de que o orçamento não é mensal e passa a ganhar mais prazo, o brasileiro está olhando mais para as despesas de começo de ano”, analisou o economistas da Fecomercio-RJ Christian Travassos.

O ajudante de pedreiro Wellington José Inácio da Silva, 28 anos, concorda que o verão ficará marcado em sua história. Morador de Mauá, ele está acostumado a visitar a família, no Estado do Alagoas. Mas neste ano não foi possível. O orçamento ficou curto. Ele deu prioridades a outras despesas.

“Deu muita vontade de ir encontrar a minha família”, desabafou Silva. Entre as barreiras financeiras que atrapalharam a viagem, durante a temporada, está o aluguel de uma residência em Mauá. “São R$ 300 por mês. Pesa muito”, garantiu. “Eu não tinha dinheiro para sair daqui. Ainda mais porque boa parte do meu salário vai para a pensão de um filho”, acrescentou.

A doméstica Maria do Carmo Silva, 45, enfrenta a mesma situação do Wellington. Moradora de Santo André, sua renda não foi o suficiente para pagar uma viagem para Santana, sua terra natal no interior da Bahia. “No ano passado meu filho estava no último ano de Administração e eu tive bastante despesa com o meu aluguel”, revelou.

O levantamento da Fecomercio-RJ revelou ainda que 12% dos brasileiros aproveitariam o verão em suas cidades. Outros 6% não souberam responder. Mas 14%, principalmente aqueles que têm a possibilidade de aproveitar as características da temporada, fariam de tudo para ganhar uma renda extra, mesmo que para isso tivessem que ampliar as horas de trabalho.

Por fim, 15% dos brasileiros tinham a intenção de viajar. No entanto, 69% deste grupo garantiu que não sairia de dentro de seu Estado. “Muitos vão visitar parentes no Interior. Também vai ao encontro do cenário do ano passado (de Imposto sobre Produtos Industrializados reduzido para veículos), quando muitos compraram carros. Eles vão utilizar esse bem de consumo, que está novo, e gastarão menos dinheiro viajando por perto”, explicou Travassos.

O vendedor Thiago Bernardi, 29, morador de Santo André, fez exatamente isso. Aproveitou dois dos seus quatro dias de folga durante o período de Ano- Novo e foi para Peruíbe, no Litoral Sul paulista.

“Meu orçamento estava apertado. Principalmente por causa das dívidas com cartões de crédito. Então só aproveitei dois dias”, contou Bernardi. 




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