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Papa: "A igreja sempre precisa ser reformada"
29/07/2013 | 00:56
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Em suas últimas horas no Brasil, Papa Francisco concedeu entrevista exclusiva ao repórter Gerson Camarotti, da GloboNews. No encontro, o pontífice se deparou com questões espinhosas, como os escândalos de corrupção no Vaticano e a opinião sobre as recentes manifestações dos jovens brasileiros.

Questionado sobre os escândalos de corrupção que envolveram Nunzio Scarano, monsenhor que trabalhava na Administração do Patrimônio da Santa Sé e que estaria envolvido em lavagem de dinheiro e corrupção, Papa Francisco afirmou que na igreja há muitos homens bons, mas que infelizmente "faz mais ruído uma árvore que cai do que um bosque que cresce."

Diante da perda do espaço da igreja, Francisco fala ironicamente do favor que esse Nunzio fez à Igreja e disse que a crise que assola à Igreja Católica foi bastante discutido no conclave que o proclamou papa.

"É preciso reconhecer que ele (Nunzio) agiu mal, e a Igreja tem que dar a ele a punição que merece, pois agiu mal. No momento do conclave, antes temos o que chamamos congregações gerais, uma semana de reuniões dos cardeais. Naquela ocasião, falamos claramente dos problemas. Porque estávamos sozinhos, e para saber qual era a realidade e traçar o perfil do novo Papa. E dali saíram problemas sérios, derivados em parte de tudo o que vocês conhecem: do Vatileaks e assim por diante. Havia problemas de escândalos", afirmou Papa Francisco. "Mas também havia os santos. Esses homens que deram sua vida para trabalhar pela Igreja de maneira silenciosa no Conselho Apostólico", acrescentou.

Segundo ele, antes do conclave ficou definido que uma comissão de oito cardeais fosse nomeada para estabelecer as diretrizes de uma nova reforma da Igreja. "Os teólogo dizem desde a idade Média: A Igreja sempre precisa ser reformada".

Em relação às manifestações dos jovens no Brasil, o Papa afirmou que desconhece os motivos e foi cuidadoso em sua análise. "Com toda a franqueza lhe digo: não sei bem por que os jovens estão protestando. Esse é o primeiro ponto. Segundo ponto: um jovem que não protesta não me agrada. Porque o jovem tem a ilusão da utopia, e a utopia não é sempre ruim. A utopia é respirar e olhar adiante. O jovem é mais espontâneo, não tem tanta experiência de vida, é verdade. Mas às vezes a experiência nos freia. E ele tem mais energia para defender suas ideias. O jovem é essencialmente um inconformista. E isso é muito lindo! É preciso ouvir os jovens, dar-lhes lugares para se expressar, e cuidar para que não sejam manipulados", avaliou.

A saída dos fiéis das igrejas católicas para as evangélicas também foi explicada com cautela, mas levantou uma hipótese. "Pra mim é fundamental a proximidade da Igreja. Porque a Igreja é mãe, e nem você nem eu conhecemos uma mãe por correspondência. A mãe dá carinho, toca, beija, ama. Quando a Igreja, ocupada com mil coisas, se descuida dessa proximidade, se descuida disso e só se comunica com documentos, é como uma mãe que se comunica com seu filho por carta. Não sei se foi isso o que aconteceu no Brasil, mas sei que em alguns lugares da Argentina que conheço isso aconteceu", explicou.

O pontífice elogiou os trabalhos da segurança do Vaticano e do Brasil durante sua passagem pela Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro. "Eu não sinto medo. Eu não poderia vir ver este povo, que tem um coração tão grande, detrás de uma caixa de vidro. As duas seguranças (do Vaticano e do Brasil) trabalharam muito bem. Mas ambas sabem que sou um indisciplinado".

Sobre a rivalidade entre Brasil e Argentina, o Papa Francisco voltou a fazer uma brincadeira que havia feita durante entrevista aos brasileiros que lhe acompanharam durante a vigem entre Roma e o Rio de Janeiro na semana passada. "O povo brasileiro tem um grande coração. Quanto à rivalidade, creio que já está totalmente superada. Porque negociamos bem: o Papa é argentino e Deus é brasileiro", brincou o santo padre.




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