Setecidades Titulo
Consumidor compra carro com numeração de motor raspada
Por Rodrigo Cipriano
Do Diário do Grande ABC
10/09/2005 | 07:41
Compartilhar notícia


O gostinho de comprar um carro pode não ser tão doce quanto se imagina. O analista Valdemir Rampazzo, 38 anos, que o diga. Decidido a aposentar seu Escort, bateu perna atrás de um substituto. Encontrou um Fiat Palio com oito anos de uso. Motorização potente, bom estado de conservação. O que era para ser o carro dos sonhos se transformou em pesadelo. Na vistoria feita pela seguradora, foi constatado que a numeração de motor do Palio estava raspada.

Rampazzo não conseguiu segurar o carro. "Circulo com ele para ir ao trabalho, à faculdade. Como estou desprotegido, deixo o carro sempre dentro de estacionamentos. Mas e na rua, como faço?", questiona o analista. Indignado com a situação, Rampazzo tentou desfazer o negócio, fechado no final de julho com a concessionária Savol, em Santo André. Em princípio, a empresa teria sido compreensiva, se ofereceu a ajudar, e o analista escolheu outro carro à venda no pátio.

Era outro Fiat Palio. Mesmo ano, só que com motorização inferior. A diferença entre os dois carros era de R$ 1 mil, segundo Rampazzo. Na hora de concretizar a troca, outra surpresa: a concessionária queria que o analista arcasse com mais R$ 2,7 mil que seriam necessários, segundo ele, para o "pagamento de notas". Rampazzo desistiu do acordo de cavalheiros e denunciou o caso para o Procon de Santo André no dia 15 de agosto. O Procon deu um prazo de dez dias para a empresa se explicar.

Só no dia 31 de agosto foi confirmado o recebimento da notificação feita pelo Procon à concessionária, quando começou a contar o prazo para resposta, que se encerra neste sábado. Por se tratar de um sábado, a data foi estendida até segunda- feira. Antes disso, o Procon não irá se manifestar sobre o caso sob argumento de "não atrapalhar o processo". De acordo com o gerente da Savol, Edimar Lima, a concessionária não sabia que a numeração do motor do carro de Rampazzo havia sido raspada.

"Até agora, ele não apresentou nenhum laudo comprovando adulteração. Ele tem que ir ao Detran, que é o órgão oficial responsável por isso. Para nós, um documento assinado por uma empresa privada (no caso, a seguradora) não tem validade", afirma o gerente da concessionária. De acordo com Edimar, a Savol não se negou a desfazer o negócio quando procurada por Rampazzo. Os R$ 2,7 mil exigidos na troca dos veículos não são para "pagamento de notas", dito pelo analista. A quantia é referente, de acordo com a concessionária, à quitação de juros do empréstimo tomado para a compra do Palio.

Sem o Escort, dado como entrada na compra do Palio, Rampazzo ainda tem de amargar as prestações do carro novo. Descontada a entrada de R$ 3 mil, sobraram ainda 42 parcelas de R$ 445,13, das quais apenas a primeira teria sido quitada.

Segundo o Procon, após a análise da resposta dada pela concessionária, será proposta uma reunião para tentar a conciliação entre Rampazzo e a Savol. Não havendo acordo, o analista deve entrar com uma ação na Justiça para fazer valer seus direitos. Em última instância, o Procon irá acrescentar o nome da concessionária no cadastro de empresas que receberam reclamações fundamentadas de consumidores.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;