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Machado de Assis mais perto

Museu da Língua Portuguesa reitera ironia do escritor que é considerado um dos mais importantes do País

Ângela Corrêa
Do Diário do Grande ABC
15/07/2008 | 07:00
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Depois da casa de Gilberto Freyre, o espaço de exposições temporárias do Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo, reitera a ironia do escritor que é considerado um dos mais importantes do País em Machado de Assis - Mas Este Capítulo Não É Sério, exposição aberta ao público desta terça-feira a 26 de outubro. A curadoria é de Cacá Machado e Vadim Nikitin, com consultoria de José Miguel Wisnik.

A mostra pretende, além de oportunamente homenagear o centenário da morte de Joaquim Maria Machado de Assis (1839-1908), aproximar a obra - queridíssima pela crítica e presença constante em vestibulares - do leitor comum. Por meio de objetos, ícones e imagens que representam o contexto em que Machado de Assis desenvolveu suas obras, além de suas paixões, pretende-se realizar uma verdadeira desmitificação de um personagem que, entre tantas definições, não pode ser considerado membro de uma elite.

Mulato, criado como agregado de família abastada no Rio, onde nasceu, conferiu como marcas de sua prosa inventiva o olhar crítico e um tanto sarcástico em relação à sociedade. E essas informações não são negadas ao leitor, mesmo que iconograficamente. Exemplo é uma ironia que não partiu dele, mas que poderia ser classificada como machadiana: o escritor, que não acumulou riquezas a ponto de adquirir uma casa, teve a figura escolhida para ilustrar a cédula de 1.000 cruzados, uma das muitas moedas nos anos 1980.

A cenografia da mostra, idealizada por Pedro Mendes da Rocha, é praticamente toda centrada na estrutura narrativa de Memórias Póstumas de Brás Cubas. O próprio subtítulo da exposição remete ao Capítulo CXXXII/Que não é sério. A obra é considerada o marco do realismo literário brasileiro quando da sua publicação, em 1881.

A sala de entrada foi batizada Capítulo C - Um Homem Célebre. Ambientada com elementos do século 21, revela uma de suas paixões: a música de concerto, que emana das caixas acústicas. Mais adiante, vem Capítulo MDCCCLXXXIX - Medalhões, que reflete a abrangência de sua obra. Capítulo I - O Folhetinista fala sobre o Rio da época. As mulheres não ficam de fora. Capítulo XIV - Olhos de Ressaca, recorta olhares femininos de contemporâneas ao autor, referência clara à Capitu, de Dom Casmurro.

Em Capítulo XXX - Irreal Gabinete de Leitura, fãs famosos (entre os quais Malu Mader) e anônimos lêem trechos. A cronologia vem no fim e é apresentada ao contrário. Denominada Capítulo MCMVIII - O Delyrio, começa a biografia do autor por sua morte e termina no nascimento. Cada ano é contextualizado com movimentos históricos e literários.

Os visitantes receberão livreto de 48 páginas que serve de guia. O conteúdo traz ainda dez contos machadianos, diferentes de exemplar para exemplar.

Machado de Assis - "Mas Este Capítulo não É Sério"- Exposição. Até 26 de outubro. No Museu da Língua Portuguesa - Praça da Luz, s/nº, São Paulo. Tel.: 3326-0775. De terça a domingo, das 10h às 18h (não abre às segundas-feiras). Ingr.: R$ 4 (entrada franca aos sábados).




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