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Região gasta R$ 508 mi em campanha eleitoral
Mark Ribeiro e Raphael Di Cunto
26/07/2010 | 07:08
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Levantamento da equipe do Diário nos dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e nas informações fornecidas pelos partidos mostra que o limite de gastos na campanha dos candidatos do Grande ABC seria suficiente para manter toda a Prefeitura de Mauá, incluindo o gasto com folha de pagamento de todos os serviços e investimentos em Saúde, Educação e Segurança por um ano. Ou manter a Prefeitura de Rio Grande da Serra, com o orçamento atual, por 14 anos e meio.

Com o dinheiro, estimado em R$ 508 milhões, daria para erguer 17 Quarteirões da Saúde, complexo hospitalar em Diadema com área construída de 20.000 m². Também seria possível levantar 7.000 apartamentos da CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano) com o padrão dos oferecidos em São Caetano.

Todo esse dinheiro foi estabelecido como teto de gastos das campanhas para postulantes à Assembleia Legislativa e à Câmara Federal pelos próprios partidos, no processo de registro das candidaturas no TRE-SP (Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo).

De acordo com a legislação, "o gasto de recursos, além dos valores declarados nos termos deste artigo, sujeita o responsável ao pagamento de multa no valor de cinco a dez vezes a quantia em excesso".

Por isso que o valor é tão elevado: dificilmente o candidato chegará a derramar essa quantia. Exemplo é a eleição de 2006, quando os nove deputados estaduais eleitos pela região declararam, juntos, gastos de R$ 4,639 milhões nas campanhas.

Neste ano, o partido que permitiu mais gastos para deputado estadual foi o PV (Partido Verde). Cada candidato da legenda terá direito a desembolsar R$ 5 milhões, suficientes para comprar dois Bugatti Veyron, considerado o carro mais caro do mundo (R$ 2,5 milhões).

Já a sigla que mais limitou as despesas é o PCO (Partido da Causa Operária). Os políticos terão que se contentar com no máximo R$ 25 mil para divulgar suas propostas - equivalente ao Ka, carro popular nacional.

Por outro lado, dez partidos permitiram aos candidatos a deputado federal usar R$ 5 milhões na corrida à Câmara. PRB, PT, PR, PCdoB, PTdoB, PSL, PSB, DEM, PTB e PDT autorizaram, juntos, gastos de R$ 125 milhões entre os 25 postulantes do Grande ABC.

De novo, os políticos do PCO são os com menos recursos financeiros para promover a campanha. O partido só liberou os candidatos a gastar, no máximo, R$ 25 mil.

Região contabiliza 178 postulantes nesta eleição
Opção é o que não vai faltar para quem for às urnas nas eleições do dia 3 de outubro. Cruzamento de dados do TSE com registro de candidatos de todos os 27 partidos indica que 178 pretendentes da região vão se arriscar em busca de cadeira na Assembleia Legislativa ou na Câmara Federal.

O número é 48% maior do que há quatro anos, quando 120 pessoas com domicílio eleitoral no Grande ABC disputaram a eleição. Na época, foram 40 postulantes a deputado federal, contra 74 hoje, e 80 a estadual - agora são 104.

O grande número de concorrentes, porém, não é sinal de sucesso nas urnas. Em 2006, só 9,1% conseguiram se eleger - nove para a Assembleia e dois para a Câmara Federal.

Nestas eleições, se a proporção se repetir, o Grande ABC tem a possibilidade de fazer de 16 a 17 parlamentares. A chance aumenta se considerado o crescimento do número de eleitores em quatro anos, que subiu 112 mil desde a eleição passada.

Naquele pleito, o deputado estadual mais votado da região foi Orlando Morando (PSDB), com 120 mil adesões. José Bittencourt (PDT) foi o com menor número de sufrágios (41,5 mil) a se eleger para a Assembleia. Para a Câmara Federal, Frank Aguiar (PTB) recebeu 144 mil votos e Vicentinho (PT), 97 mil.

Valor representa 5,4% do total estadual
Se os R$ 508 milhões projetados para o despejo de verba das campanhas dos 178 candidatos do Grande ABC à Assembleia Legislativa e à Câmara dos Deputados fossem investidos em um único eleitor, a despesa para os postulantes a deputado estadual e federal chegaria a R$ 262,82 por pessoa.

O valor corresponde a pouco mais da metade do salário-mínimo vigente no País, de R$ 510, e ultrapassa custo da cesta básica de São Paulo divulgado neste mês pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), de R$ 249,06.

Apesar do número, muitos dos candidatos da região conquistarão votos também fora do Grande ABC. Entre os nove deputados estaduais eleitos em 2006, por exemplo, José Bittencourt (PDT-Santo André), angariou pequena parcela dos 41 mil votos no Estado em seu domicílio eleitoral e cidades vizinhas (pouco mais de 4.000 votos).

Além de expandir a distribuição do emprego da verba de campanha para outras regiões, projetando a conquista de votos que podem fazer a diferença nas eleições, os candidatos mostram que neste ano estão mais dispostos a fisgar o eleitorado através do material publicitário, que cada vez mais vai cumprindo o seu papel de fixar o nome e as propostas do político na cabeça dos eleitores.

A prática, aliada ao tradicional corpo a corpo, move qualquer estratégia de campanha. Resta posteriormente a já costumeira onda de sujeira em frente às zonas eleitorais.

Total no Estado - A estimativa de gastos nas campanhas dos candidatos do Grande ABC representa 5,44% do total de São Paulo - impressionantes R$ 9,3 bilhões para os 3.102 inscritos no Estado. Destes, 1.859 disputam uma das 94 cadeiras na Assembleia Legislativa. O restante tenta assumir uma das 70 vagas a disputa do Federal.

O partido que prevê mais gastos na corrida tanto para a Câmara Federal (R$ 1,2 bilhão) quanto para Estadual (R$ 500 milhões) é o PV. Na outra ponta da tabela está o PCO, com apenas quatro candidatos e despesa somada de R$ 125 mil.




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