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Novo milagre econômico?

Quem não viu o Brasil campeão na Copa de 1970, também não acompanhou ou esteve presente ao fenômeno de crescimento da economia na época

Cláudio Conz
08/07/2010 | 00:00
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Quem não viu o Brasil campeão na Copa de 1970, também não acompanhou ou esteve presente ao fenômeno de crescimento da economia na época, o chamado "Milagre Econômico". Este foi um período em que a construção civil esteve bastante aquecida. De 1968 a 1973, o PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro cresceu a uma taxa média acima de 10%, a inflação oscilou entre 15% e 20% ao ano e a construção civil cresceu, em média, 15%.

A economia de hoje parece estar vivendo momento semelhante no que diz respeito ao desenvolvimento do setor da construção. Recentemente, a revista O Empreiteiro apontou que entre 2003 e 2008, o valor total das obras teve crescimento real (sem a inflação) de 60%, resultado bem superior ao crescimento do PIB no mesmo período, que foi de 26,4%.

O que vemos atualmente no nosso setor é que uma série de novos investimentos, feitos tanto no setor públicos quanto privados, tem incentivado a cadeia como um todo, e o resultado é que, mês a mês, nosso segmento vem batendo recordes de produção e de geração de empregos. Só para se ter ideia, nos três primeiros meses de 2010, foram criados 127.694 empregos formais no setor. Isso representa 19% do total de ofertas criadas em todos os segmentos econômicos, segundo dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados).

E a situação tem sido especialmente positiva para as construtoras. Nas décadas de 1980 e 1990, muitas chegaram a quebrar graças à falta de investimento. Entre os anos de 2008 e 2009, no entanto, o faturamento das empresas do setor apresentou crescimento nominal de 60%. Este avanço aconteceu principalmente devido à retomada das construções do setor público, que, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), aumentou 69,5% entre 2003 e 2008. Do total do PIB do Brasil, hoje, a cadeia produtiva da construção representa 9%. Na década de 1970, essa parcela chegou a 15% do PIB. Mas o que vemos atualmente é um volume de obras incomparavelmente maior, pois o País cresceu muito.

Um dos principais responsáveis pelos novos projetos tem sido o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), do governo federal, que fortaleceu o ressurgimento da construção civil. As lideranças políticas do País parecem ter finalmente entendido que as obras de infraestrutura são fundamentais e que qualquer área em que se pretenda investir, é preciso necessariamente passar pelo setor da construção. Se o investimento é em Educação, é preciso construir escolas; se é em Saúde, é preciso erguer hospitais; se é em transporte, é preciso pensar em mais estradas, e assim por diante.

Outra ação positiva do governo para o segmento foi o lançamento do programa Minha Casa, Minha Vida, o que mostra que, diferentemente do que foi feito na década de 1970, o crescimento de hoje vem embasado numa política de distribuição de renda. O aumento do PIB durante o "Milagre Econômico" foi realmente excepcional, no entanto, houve aumento da concentração de renda e da pobreza. Quando lançado em março, pelo presidente Lula, o Minha Casa, Minha Vida 2 prometeu construir 2 milhões de moradias até 2014, sem contar as mais de 300 mil casas já entregues pela primeira leva do programa.

E se até agora as coisas estão indo bem, imagine com o que temos pela frente. Dois grandes eventos prometem agitar ainda mais o cenário da construção civil no País: a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016. De acordo com dados do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), o segmento de moradias e construções industriais deve crescer 9% ao ano e a construção pesada, 6%, de 2010 a 2013. É mais emprego, mais renda e mais riqueza para todos.

E o que temos de fazer para dar conta de tudo isso que vem por aí? O principal desafio é qualificar a mão de obra. Todo esse investimento no setor já está criando necessidade de trabalhadores mais qualificados, em diversos níveis, tanto no que diz respeito a engenheiros, quanto pedreiros, eletricistas e mestres de obras. O setor tem de estar preparado, pois muita coisa ainda está para chegar. Temos de estar prontos para colaborar ainda mais com o crescimento do nosso País de maneira estruturada e responsável, aproveitando ao máximo os bons ventos que sopram em nosso favor.

Cláudio Conz é presidente da Anamaco - Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção, membro do Conselho Curador do FGTS e membro do GAC - Grupo de Avanço da Competitividade, além de conselheiro do CDES (Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social) do Governo Federal. E-mail presidência@anamaco.com.br




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