Desde as eleições de 2006 o Grande ABC ganhou quase 112 mil eleitores de acordo com dados estatísticos do TRE-SP (Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo). O número é suficiente para eleger um deputado estadual ou federal.

A soma de pessoas aptas a votar nas sete cidades era de 1.820.875 há quatro anos. Atualmente é de 1.932.834. Os aumentos mais expressivos se deram em São Bernardo, que passou de 521.882 para 560.956 (39.074 a mais) e Santo André, de 519.510 para 546.789 (27.279). Diadema migrou de 286.840 para 312.366 (25.526).

Na avaliação do especialista eleitoral Alberto Rollo, o aumento no número de votos será a diferença para que os partidos façam mais cadeiras, especialmente para deputados. "Vai ser uma eleição mais difícil, pois o número de eleitores cresceu, mas o número de vagas é o mesmo. Os candidatos terão que trabalhar mais para conquistar esse público."

Na lista dos dez maiores municípios em distribuição de eleitorado do Estado de São Paulo divulgada pelo Tribunal Regional Eleitoral, São Bernardo aparece na quarta posição seguido de Santo André. As cidades só perdem para São Paulo (8 milhões de eleitores), Guarulhos (788,8 mil) e Campinas (761,7 mil) .

No quesito idade, São Bernardo continua apresentando maior mudança. O aumento de eleitores na faixa de 45 a 59 anos foi maior, com crescimento de 25.661 com relação a 2006.

A chefe do cartório eleitoral Zona 174ª de São Bernardo, Andrezza Paulatti Acuio, confirmou que houve maior procura para alistamento eleitoral. "Houve muita transferência e pessoas que tiveram títulos cancelados e tiraram outro."

Em Santo André, a faixa etária que apresenta diferença mais latente também é a de 45 a 59 anos, com acréscimo de 12.765 novos títulos. Na sequência vem os maiores de 69 anos com aumento de 8.896. Para a chefe do cartório Zona Eleitoral 321ª, Juliana Coelho, houve aumento proporcional. "Há pessoas que ainda precisam regularizar a situação eleitoral. Mas é algo normal."

Diadema segue a tendência com aumento de 10.207 eleitores na faixa entre 45 e 59 anos e acréscimo de 5.629 dos com idade entre 35 e 44 anos.

Segundo Alberto Rollo, o aumento pode ser explicado pela migração interna no Estado e o crescimento econômico da região nos últimos anos. "Por conta da implantação de mais indústrias houve retorno de pessoas para o Grande ABC."

Rollo confirma que tais características podem ser vistas especialmente em Santo André, São Bernardo e Diadema. "Essas três cidades têm caminhado para o progresso. Diadema, que tinha problemas com segurança, agora já atrai novos habitantes."

Já o aumento de eleitores com idade entre 45 e 59 pode ser explicado, de acordo com o especialista, pela oferta de oportunidades de emprego. ou até mesmo pela qualidade de vida. "Normalmente, são pessoas que têm capacidade de trabalho e buscam novos empregos. Outros procuram melhor lugar para viver."

São Caetano é a única a reduzir quantidade de aptos a votar

Ao contrário das demais cidades, São Caetano apresentou diminuição no quadro de eleitores. De 119.002 aptos a votar em 2006 para 111.437, em 2010. Isso ocorreu por conta de fenômeno detectado pelo TSE (Tribunal Superior eleitoral), que decidiu fazer revisão eleitoral em 2007, regulamentada pelo TRE-SP. O objetivo do recadastramento era assegurar que somente os munícipes locais votassem na cidade.

A ação teve como base o artigo 92 da Lei das Eleições, que prevê a recontagem no número de eleitores sempre que o total for maior que 80% da população, as transferências de local de votação forem mais de 10% superiores no ano corrente em relação ao anterior e o eleitorado for superior ao dobro da população com idades entre 10 e 14 anos , somados os eleitores acima de 70 anos. O município tinha em 2006, 119.002 eleitores registrados, ou seja, 89,31% da sua população, que era de 133.241.

De acordo com informações do IBGE de 2009, a população da cidade é hoje de 152.093 habitantes. Para o especialista em Direito Eleitoral Alberto Rollo, a explosão de eleitores ocorreu porque as pessoas se mudaram, mas não transferiram o título de eleitor. "O metro quadrado de São Caetano ficou caro, muita gente se mudou, mas continuou votando na cidade."