Cultura & Lazer Titulo
Galã exigente
Gabriela Germano
Da TV Press
11/07/2007 | 07:09
Compartilhar notícia


Werner Schünemann hesitou diante do convite para fazer Eterna Magia, na Globo. Afinal, aos 47 anos, interpretaria o pai da personagem de Malu Mader, que tem 40. Ele achou que poderia ficar estranho, confuso. Mas o diretor Carlos Manga o convenceu do contrário. O ator topou incorporar o irlandês Maximiliam e, com o decorrer dos capítulos, já não acha mais esquisito ter como filha uma atriz que poderia ser, no máximo, sua irmã.

“É ficção, as pessoas sabem disso e estão entendendo. Acho que eu estava errado quando me preocupei com esse detalhe”, diz. Com a mudança de fase que aconteceu recentemente no folhetim, o personagem está ainda mais velho, com 55 anos. A única alteração no visual é a barba mais cheia. “Não adiantou muito, mas não importa”, opina Schünemann, ao emendar que é a favor do uso da teledramaturgia para o despertar da imaginação e da fantasia. Ele respeita, mas não gosta das novelas realistas-naturalistas feitas hoje em dia. “Dentre todas as atividades humanas, a dramaturgia é a única que tem o dever de mistificar”, filosofa.

O tom de fábula e de lenda da trama de Elizabeth Jhin é justamente o que faz o ator assistir às suas cenas. Em geral, ele não consegue se ver. Isso desde os tempos em que dirigia e produzia filmes no Rio Grande do Sul, onde viveu até 2002.

Schünemann fica nervoso, não gosta da sua imagem, fica sempre com a impressão de que não conseguiu chegar onde queria. “É uma fragilidade minha. Tenho muito receio de que um dia alguém fará um comentário tão certeiro que vai me destruir para sempre”, afirma, sem rodeios.

Esse pavor o acompanha desde os primórdios. Ele já tinha mais de 20 anos de carreira no cinema quando estreou em grande estilo na TV, como Bento Gonçalves, de A Casa das Sete Mulheres, o personagem mais marcante de sua trajetória no veículo.

Segundo Schünemann, o fato de ter surgido na TV com um papel relevante não deveria influenciá-lo, mas o atormenta. Ele sempre está em busca de uma próxima grande figura para interpretar. “A gente quer se manter lá em cima o tempo todo. Mas não dá para conseguir sempre a repercussão que tive com o Bento Gonçalves e isso me deixa ansioso”, reconhece.

“Os atores falam muito de teatro, mas lá tem rotina. É a mesma luz, o mesmo cenário. Na TV eu me sinto uma criança solta no meio do mundo", diz, ao lembrar ainda que o retorno de um público formado por 40 milhões de pessoas é outro fator que o seduz.

O fascínio é tanto que, pelo menos a curto prazo, Schünemann não tem planos de voltar à direção. “Diretor sofre muito, já o ator se diverte o tempo todo”. Para ele, a opinião mais importante, depois da do diretor, é a de outros atores. “Fico feliz quando impressiono positivamente meus colegas”, assume. “É melhor fazer do que assistir. Sou um confeiteiro diabético. Não gosto de consumir o que produzo”, diz.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;