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Lar de idosos em São Caetano celebra 70 anos

Entidade filantrópica, fundada em 1949, abrigou 15 mil pessoas em sete décadas de funcionamento

Por Aline Melo
Do Diário do Grande ABC
27/09/2019 | 07:00
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Denis Maciel/DGABC


Sete décadas de história, 15 mil pessoas beneficiadas até agora e a vontade de ajudar ao próximo em um dos momentos mais delicados da vida: a velhice. Este é um resumo do trabalho realizado pelo Abrigo Mãe Tereza, em São Caetano, que completará 70 anos de atividades no dia 12 de dezembro.

Fundado em 1949, o espaço se mantém com pagamento de mensalidade por parte de internos que contam com aposentadoria ou algum benefício social – a instituição recebe 75% deste valor –, doações e pequena subvenção municipal e abriga, atualmente, 62 idosos com mais de 60 anos.

Por lá já moraram e ainda vivem cidadãos de diferentes cidades e países. O local já teve capacidade para receber até 120 moradores, mas devido a mudanças promovidas pela Vigilância Sanitária do município, hoje tem capacidade máxima para 75 pessoas. A lista de espera não é pequena. “Recebemos pessoas encaminhadas pelos serviços de assistência social, ou quando nos avisam que tem algum idoso na rua, ou em hospitais”, explicou a presidente Sandra Montanheiro, que desde 1982 está na instituição. 

Segundo ela, também são comuns os idosos que chegam encaminhados por delegacias ou pela promotoria do idoso, após sofrerem agressões e maus-tratos por parte de familiares.

O abrigo foi fundado por Vitório Celio Montanheiro, sogro de Sandra, que ficou na presidência por 49 anos. Após a sua morte, o filho e marido da atual presidente, Sergio Edgard Montanheiro, assumiu o posto, onde ficou até 2013, quando também faleceu. “Após cerca de dois anos assumi o cargo de presidente. Já havia sido conselheira, diretora. Eles (idosos) são parte da minha família, amo poder ajudar essas pessoas”, afirmou Sandra.

CRISE PREJUDICA

A dificuldade em manter a instituição, que conta com 42 funcionários entre cuidadores, enfermeiros, nutricionista, fisioterapeuta e médicos e oferece seis refeições diárias, além de todo tipo de assistência necessária aos idosos, é cada vez maior. “Promovemos chá-bingo e mantemos bazar permanente, mas a gente percebe que a crise tem afetado todo mundo. Caiu o número de sócios mantenedores, as doações são cada vez mais raras, tem sido bastante difícil”, lamentou a presidente.

Entre os idosos abrigados, cerca de 70% têm nível de dependência intermediário; 20%, avançado, como aqueles que estão acamados; e apenas 10% ainda têm independência. Alguns moram no local há cerca de 30 anos. “São poucos os que ainda mantêm vínculos familiares. Às vezes os parentes ficam meses sem aparecer, mesmo com a cobrança do serviço social”, lamentou. Há mais de 30 anos dedicando sua vida ao abrigo, Sandra avalia que essa é uma missão da sua família, iniciada pelo sogro, que era espírita. “Amo cuidar dos idosos.”

Palestra aborda como lidar com Alzheimer

O Abrigo Mãe Tereza recebe amanhã, às 10 horas, a primeira reunião de Alzheimer em São Caetano. O evento marca o início de série de palestras sobre o Alzheimer, doença neurodegenerativa progressiva, sem cura, que afeta cerca de 35,6 milhões de pessoas no mundo, 1,2 milhão no Brasil. O encontro tem como público-alvo familiar, cuidadores e todas as pessoas que lidam com os pacientes.

“Esse é um projeto muito bacana e necessário. As pessoas não sabem como lidar com quem tem a doença, é preciso muita paciência, porque exige muito do cuidador”, explicou a presidente do abrigo, Sandra Montanheiro.</CW>

A ideia é que uma vez por mês, sempre no último sábado, um profissional aborde temas relacionados à doença. Nesta primeira atividade, a palestra será ministrada pela médica Giulianna Forte, formada pela Unesp (Universidade Estadual Paulista), com residência médica em geriatria pela Santa Casa de São Paulo e título de especialista pela SBGG (Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia). O evento foi uma iniciativa da fisioterapeuta e mestre em ciências da saúde Claudia Gregório, coordenadora e integrante da diretoria da Abraz (Associação Brasileira de Alzheimer). “Nosso objetivo é trazer esclarecimento para as pessoas. Os casos de demência vêm avançando, e 80% deles são de Alzheimer”, afirmou.

O evento é gratuito e aberto a todos os interessados, com a contribuição de um quilo de alimento não perecível ou um litro de leite, que serão doados para o abrigo. O endereço é Rua Lourdes, 640, bairro Nova Gerty.

No domingo, às 10h, será realizada a 2ª Caminhada de Conscientização do Alzheimer. Com concentração na altura do número 2.300 da Avenida Kennedy, os participantes vão prosseguir até o chafariz. A atividade é apoiada pela Abraz. “É preciso falar sobre a doença, até para que as pessoas, as famílias, possam reconstruir e ressignificar as suas relações nessa nova situação”, declarou Claudia.

A fisioterapeuta lembrou que, quanto antes for feito o diagnóstico da doença, mais o tratamento poderá retardar o seu avanço. “Infelizmente, ainda não existe cura nem forma de contê-la, mas é possível melhorar e qualidade de vida do paciente”, finalizou a especialista.




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