Em todo o Estado há 7.053 cadastrados aptos a fazer uma adoção. Na outra ponta dessa situação estão 1.167 crianças e adolescentes, que já tiveram o poder familiar destituído e, judicialmente, estão prontos para receber novos lares. Os dados são do Tribunal de Justiça do Estado.

No Dia Nacional da Adoção, comemorado neste domingo, a boa notícia é o recém-lançado Cadastro Nacional de Adoção, que surge como a esperança de que os trâmites brasileiros se tornem mais simples e menos burocráticos.

Na prática, o cadastro permitirá que uma pessoa interessada em fazer uma adoção não tenha de se inscrever em mais de uma comarca. Possibilitará também, por exemplo, a adoção de uma criança de Manaus, no Amazonas, por casais que aguardam numa fila no Grande ABC. O sistema permitirá que os dados sejam cruzados e as informações, antes regionalizadas, estejam disponíveis a todos os juízes.

As varas da Infância e da Juventude têm até o mês de julho para alimentar o cadastro com os números de crianças sob tutela do Estado, pretendentes habilitados, seus perfis e abrigos.

A advogada especializada na área e mãe adotiva de Sabrina, Nádia Aparecida Silva Cavalcante Ranieri, 42 anos, encara a novidade de forma positiva. "Hoje as informações são desencontradas, pois não existe um procedimento padrão em todos os Estados."

Nádia espera que, com o cadastro, os novos candidatos consigam adotar seus filhos mais rápido, já que ela precisou enfrentar um processo de três anos. Impossibilitada de engravidar, depois de tentar duas fertilizações sem sucesso, a advogada arrepende-se de não ter optado pela adoção antes. "É um amor muito forte. Costumo dizer que se eu fosse gerar um filho teria de ser a Sabrina."

Há mais de um ano na fila de espera, a encarregada de pessoal Teresa de Lourdes Lima, 46 anos, sonha em ser mãe mas não encara a chegada do cadastro com otimismo. "Talvez ele não seja funcional. Os caminhos para adoção são difíceis e obscuros. Quero ter uma família, tenho amor e carinho para dar, mas penso em desistir a todo momento."