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Emergentes puxarão indústria automobilística
Wagner Oliveira
Do Diário do Grande ABC
11/12/2010 | 07:12
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Em sua última reunião do ano com a imprensa, a Anfavea convidou consultores da PWC (PricewaterhouseCoopers) para traçar perfil do mercado automobilístico brasileiro no contexto da indústria mundial. Dois especialistas falaram - um deles participou da conferência on-line, diretamente de seu escritório na China.

Segundo a PWC, a indústria automobilística mundial será puxada daqui para frente pelos países emergentes. São eles que vão concentrar boa parte dos investimentos. A produção mundial saltará dos atuais 57 milhões de unidades para 95 milhões nos próximos cinco anos.

Os emergentes, representados fortemente pelos países que integram o Bric (Brasil, Rússia, Índia e China), mais a Tailândia, vão concentrar a maior parte desta produção e superar os países desenvolvidos tanto em consumo quanto em produção, já que o eixo do consumo global está se deslocando rapidamente.

A dianteira da produção continuará a ser encabeçada pela China, país que vai expandir seu domínio na indústria com marcas próprias, tanto em seu mercado interno, como no Exterior. Após fazer parcerias com marcas globais, os fabricantes chineses ganharam musculatura e conhecimento para liderar, inclusive, a introdução de tecnologias dos carros do futuro.

Na definição da PWC, "a China está se preparando para vencer dentro e fora de casa", principalmente com investimentos em produtos e infraestrutura. A globalização da indústria automobilística seguirá, na próxima década, se reestruturando com base na regulamentação para redução de emissões, investimentos em segurança e novas tecnologias, como híbridos e elétricos, que vão deixar os veículos mais eficientes no consumo, interatividade e segurança ao consumidor.

Com a China à frente, 50% do crescimento da indústria será garantido pelo que a PWC chama de Ásia desenvolvida. O Brasil contribuirá com cerca de 5% do crescimento mundial. Com populações mais envelhecidas, Estados Unidos e Europa terão sua importância, mas não mais para ditar o ritmo da indústria automobilística. Para os analistas, talvez nem em dez anos os Estados Unidos recuperem o mercado do começo da década, quando consumiam até 19 milhões de veículos por ano.

Competitividade é o maior desafio do Brasil

Belini afirmou que o maior desafio do Brasil nos próximos anos passará pela competitividade. Ele repetiu o velho discurso de diversos outros dirigentes da Anfavea, que criticam a alta carga de impostos, deficiência na infraestrutura, escala de produção ainda baixa (são 42 marcas e 600 modelos e versões no mercado brasileiro), entre outros fatores, que ainda prejudicam a indústria nacional diante de outros países, como a China, que têm políticas eficientes para disputar num mercado globalizado.

Para Belini, o Brasil leva vantagem sobre outros integrantes do Bric por ter melhor tradição em engenharia, ter os laboratórios mais sofisticados, além de ter acumulado conhecimento em 60 anos da indústria instalada no País. "Se tivermos política industrial clara, poderemos levar a melhor sobre nossos competidores." Ele reforça que, por conta das mazelas internas, o Brasil está perdendo a batalha do comércio exterior - neste ano o setor deve apresentar deficit de US$ 5 bilhões na balança comercial brasileira. Segundo ele, o País exportava 30,7% da produção no começo desta década. Já neste ano, as vendas externas vão representar apenas 16,3% do total de veículos fabricados no Brasil.

Por outro lado, as importações fazem a curva ascendente. Os carros importados representavam, no início dos anos 2000, 5,1% das vendas internas. Neste ano, terão 20,5% do mercado interno. As importações, segundo a Anfavea, crescem num ritmo de dois pontos percentuais por ano no Brasil. "Esse é o verdadeiro sinal amarelo. Essa questão é muito preocupante, já que expõe nossa fragilidade."

EXPORTAÇÕES - Frente a 2009, as exportações apresentaram recuperação. Mas estão longe de atingir os níveis de 2008. O ano deve fechar com 510 mil unidades exportadas, contra 421,3 mil em 2009. Só que, em 2008, o volume vendido ao Exterior foi de 691 mil veículos.

Neste ano, o País passou a exportar muito mais modelos CKD (semi-desmontados). Assim, o volume, entre janeiro e novembro, passa para 716,2 mil unidades. Mas, como são mais baratos que os carros montados, o valor ainda não alcança o de 2008, quando a receita foi de US$ 13,6 bilhões, de janeiro a novembro. Em 2010, no período, a soma é de US$ 11,748 bilhões.




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