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Um dia para recordar

Depois de tanta paradeira, enfim acontece alguma coisa: nesta quarta-feira, duas decisões da mais alta importância

Carlos Brickmann
28/05/2008 | 00:00
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Depois de tanta paradeira, enfim acontece alguma coisa: nesta quarta-feira, duas decisões da mais alta importância, daquelas que afetam cada um de nós, serão tomadas.

1 - O Supremo Tribunal Federal retoma o julgamento da legalidade das pesquisas com células-tronco embrionárias - que, dizem os cientistas, podem levar a tratamentos para doenças hoje incuráveis. Até o momento, está 2x0 pela legalidade; espera-se um resultado apertado, mas favorável, algo como 6x5, ou, talvez, 7x4 pelas pesquisas. Isso permitirá que o Brasil, com alguns poucos anos de atraso, se integre à vanguarda das nações que buscam novos caminhos na luta contra doenças degenerativas cujas vítimas, até agora, não têm qualquer esperança.

2 - A Câmara Federal vota a ampliação de R$ 23 bilhões do orçamento da Saúde, até 2010. Mas ainda é cedo para ficar contente. A bancada governista, liderada pelo deputado Maurício Rands, do PT pernambucano, pretende embutir nesse voto a recriação da CPMF, o Imposto do Cheque, do qual mal acabamos de nos livrar. A CPMF teria outro nome, e seria (ao menos no início) de 0,1% de cada movimentação financeira. Oficialmente, o presidente Lula anunciou que lava as mãos: acha que foi um erro eliminar a CPMF, mas não está disposto a levar a culpa por sua recriação. A responsabilidade, disse ele, deve ser do Congresso.

A CPMF pode passar? Na Câmara, as probabilidades são grandes. No Senado é mais difícil. Mas, se não houver uma enorme manifestação popular contra o novo imposto, vai acabar passando. Imposto novo, no Brasil, é fácil de entuchar.

DEMONSTRAÇÃO DE MEIA FORÇA
Geraldo Alckmin, candidato de uma parte do PSDB à Prefeitura paulistana, decidiu dar uma demonstração de força: reunir em São Paulo a bancada federal do partido. Foi mal: apareceram apenas 23 dos 57 deputados federais. Já os vereadores tucanos são quase unânimes no apoio ao governador José Serra, que apóia a candidatura de Gilberto Kassab, DEM, à reeleição. O deputado federal paranaense Affonso Camargo Neto, presidente do Conselho de Ética do PSDB, prometeu punir quem recusar o apoio a Alckmin. Perguntar não ofende: estará Affonso Camargo disposto a punir José Serra?

E FEZ-SE A LUZ
A reunião do pequeno grupo de deputados federais pró-Alckmin teve pelo menos um mérito: revelou que os partidos políticos têm conselhos de ética.

O BISPO DO FACÃO
Todo mundo viu pela TV como foi a agressão dos índios caiapós ao engenheiro da Eletrobrás. Agora, vejamos a versão do bispo do Xingu, d. Erwin Krautler: "Foi um ato de defesa". Dezenas de índios armados com facões e bordunas contra um homem sozinho. Os caiapós agressores sabem como se defender.

SEM FANTASIA
Lembra do dossiê que o governo produziu e disse que não era dossiê? Pois pode esquecer: nesta quinta-feira, será lançada a pedra tumular da CPI dos Cartões, com a leitura do relatório final do deputado Luiz Sérgio, petista do Rio. Ninguém será indiciado - nem os que usaram o cartão para comprar tapioca, nem os que gastaram no free-shop, nem os que compraram vinhos franceses e carnes raras: o redator se limitará a propor regras mais claras para o uso dos cartões corporativos.

COISAS DE BRASÍLIA
O governo do Distrito Federal emitiu alguns milhares de cartas, intimando o contribuinte a comparecer a um certo endereço para pagar seus débitos ou provar que nada devia. Um fiel leitor desta coluna foi uma das vítimas. Foi ao endereço da carta e lá o informaram de que não era lá: deveria ir ao outro lado da cidade. O leitor foi ao novo endereço. Ali não havia nenhum funcionário do governo de Brasília: apenas terceirizados, que o destrataram. Reclamou, e o segurança, também terceirizado, ameaçou expulsá-lo. O leitor ligou então para a ouvidoria. Ouvir, até que ouviram, mas resposta que é bom não deram: para onde deveria se dirigir? Qual o telefone em que poderia obter alguma informação? Besteira: segundo lhe disseram, o posto não tem telefone - aliás, nenhum posto tem telefone.




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