Política Titulo Parentesco
FUABC mantém cinco da mesma família empregados

Familiares de Tavares seguem na entidade quatro anos após denúncia, com salários de R$ 69 mil mensais

Por Raphael Rocha
Do Diário do Grande ABC
07/02/2021 | 07:00
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Arquivo/Diário do Grande ABC


Quase quatro anos depois de o Diário mostrar que uma mesma família emprega cinco pessoas nos quadros da FUABC (Fundação do ABC), o cenário se mantém. Familiares do gerente jurídico da entidade, Sandro Tavares, ocupam funções no organograma da instituição, com salários somados em R$ 69 mil brutos por mês – a maior parte ingressou sem concurso.

Tavares tem contracheque de R$ 20.636,01, conforme o Portal da Transparência da Fundação. Seu sogro é Gilberto Palma, diretor do AME (Ambulatório Médico de Especialidades) de Santo André, com vencimento de R$ 21.466.

Tatyana Mara Palma Tavares, filha de Gilberto, é mulher de Sandro Tavares. É diretora jurídica, com ganhos de R$ 10.681,72. Sua irmã, Tassy Mara Palma Episcopo, também diretora executiva jurídica, mas com salário de R$ 11.841,18.

O quinto elemento da família que figura nos quadros da FUABC é Alessandra de Mara Palma. Ela é médica plantonista no Centro de Saúde Dr. Manoel Augusto Pirajá da Silva, de São Caetano, e tem salário-base de R$ 4.377,78. Alessandra também é filha de Gilberto Palma – e, portanto, cunhada de Sandro Tavares.

O cenário vai de encontro com o TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) assinado pela direção da Fundação e o Ministério Público, com objetivo de adoção de boas práticas de gestão pública. O artigo 8º do acordo diz que “na composição dos órgãos de deliberação e direção da FUABC, serão observadas as regras que vedam o nepotismo, resguardada a ampla defesa”.

No mesmo documento, em seu parágrafo único do artigo 3º, a FUABC se comprometeu, dentro do programa de compliance, adotar “conjunto de mecanismos e procedimentos internos” com incentivo à denúncia de irregularidades e na “aplicação efetiva de códigos de ética e de conduta”.

Em maio de 2017, o Diário mostrou a situação em meio à série de reportagens que retratavam como a instituição estava inchada em número de servidores, pagava altos salários a seus colaboradores e escondia os dados, a despeito de ser uma instituição mantida com recursos públicos.

À ocasião, a presidente da Fundação era Maria Bernadette Zambotto Vianna, indicação de Santo André. A promessa era aumentar a transparência sobre os dados e exonerar funcionários da mesma família. O processo de desligamento teria começado em junho de 2017, conforme relatou a entidade ao Diário naquele período.

“As mudanças ainda estão em curso e pretendem reduzir custos com a folha de pagamento e a partir da melhoria de processos internos, modernização da gestão e otimização da estrutura organizacional”, disse a FUABC, à época.

Desta vez, o discurso mudou. A Fundação avisou que nunca houve a demissão desses funcionários, que são retratados pela entidade como “quadros técnicos, com formação em medicina ou direito”.




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