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China nao está preparada para enfrentar seitas
Por Do Diário do Grande ABC
23/07/1999 | 10:13
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O regime comunista chinês, que nunca tolerou a menor oposiçao estruturada, nao tinha outra opçao senao intervir brutalmente contra a seita Falungong, avaliavam esta sexta-feira os analistas. Alguns deles chegaram inclusive a considerar a operaçao bastante perigosa.

"A seita possui uma organizaçao nacional bem estruturada, uma capacidade de mobilizaçao rápida de seus membros e nao hesita em atuar de maneira provocante, para motivar uma reaçao violenta das autoridades chinesas", comentou esta sexta-feira um diplomata ocidental.

Esta quinta-feira, as autoridades chinesas proibiram Falungong, a maior seita mística chinesa, que reinvindica mais de 80 milhoes de adeptos no país (mas que nao teria mais de 2 milhoes, segundo um oficial chinês), acusando-a praticamente de todos os crimes possíveis.

A acusaçao mais grave, como o destacou esta sexta-feira um editorial do Diário do Povo, parece ter sido sua capacidade de recrutar adeptos, inclusive dentro do partido comunista e do governo chinês, ameaçando assim a estabilidade do regime. Agora que a China se prepara para celebrar solenemente o cinquentenário da criaçao do regime, em 1º de outubro próximo, a existência de uma seita que reivindica mais adeptos que o partido comunista e que desafia a autoridade, organizando grandes manifestaçoes de protesto, nao podia ser aceita.

A manifestaçao mais espetacular aconteceu em 25 de abril, quando 10 mil adeptos cercaram durante 13 horas a sede do partido comunista chinês, em Pequim. Orientado pelo presidente Jiang Zemin a matar na raiz qualquer tentativa de desestabilizaçao política, o regime comunista atua também regularmente contra as tentativas de organizaçao de sindicatos independentes e até mesmo associaçoes de defesa do meio ambiente.

As autoridades censuram qualquer informaçao sobre a repressao, que a princípio deve se limitar apenas aos líderes da seita, mas fontes extra-oficiais dao várias versoes sobre os acontecimentos. Segundo diversas fontes, centenas de adeptos foram detidos em toda a China desde terça-feira, enquanto que os milhares de membros da organizaçao isolados em estádios, para evitar qualquer manifestaçao, já começam a ser libertados.

A imprensa oficial acusa sistematicamente a seita de mentir e levar seus adeptos ao suicídio, mas os moradores da capital Pequim estao em dúvida sobre a veracidade das informaçoes oficiais. Washington se declara "em comoçao" com a proibiçao da seita Falungong. Seu líder carismático, Li Hongzhi, que vive nos Estados Unidos, nao excluiu um banho de sangue como o que aconteceu em 4 de junho de 1989, quando o exército chinês reprimiu o movimento democrático da "Primavera de Pequim", provocando centenas de mortos.




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