Diarinho Titulo
No caminho da roça
Por Juliana Ravelli
Do Diário do Grande ABC
21/06/2009 | 07:03
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É nesta semana que as principais festas juninas acontecem. Algumas escolas aproveitam a proximidade do dia 24, quando São João é homenageado, para realizar seus arraiais. Se você ainda não sabe o figurino que usará na ocasião, confira algumas dicas de quem abusa da criatividade nessa hora.

William Kemer, 9 anos, sempre improvisa a roupa para essa festa. Desta vez, a mãe do menino costurou pequenas bandeirinhas em um elástico e o colocou em volta do chapéu de palha para enfeitá-lo.

"Fico bem diferente dos outros", diz o aluno do Colégio Ateneu, em São Caetano, onde o festejo acontecerá no dia 27. A camisa de William ganhou um imenso coração vermelho nas costas, e a calça recebeu retalhos coloridos.

O mais legal disso é a gente poder criar a própria roupa com a ajuda de alguém da família, sem gastar quase nada. Vale procurar no baú de tranqueiras alguns retalhos, fitinhas, lantejoulas, missangas e até embalagens recicláveis que podem se transformar em um enfeite divertido.

Kayan de Oliveira Martins, 9, também vai usar um coração no bolso da camisa e outro no bumbum. "Dei a ideia para minha mãe. Todo ano, a gente muda alguma coisa", conta. Ele explica que não gastou nenhum centavo para incrementar a fantasia. "Achei tudo em casa."

Noivinha - Qual menina nunca sonhou em ser a noiva da quadrilha? Maria Clara Pinto Stocco, 9, já realizou esse desejo e espera repetir a dose. O figurino branco foi feito pela avó, incluindo o véu que nada mais é do que uma tiara com um pedaço de tecido transparente preso. "Adoro me vestir assim, me sinto muito bonita."

Outra dica bem simples é pegar um vestido branco qualquer e colar várias florzinhas de tecido. Confira no quadro abaixo outras sugestões para incrementar a roupa. Dá para abusar da criatividade sem esquecer do conforto e segurança. Não adianta pendurar um montão de coisas na roupa e ter de andar duro como robô, podendo tropeçar e cair. Lembre-se que vai dançar e brincar o dia inteiro.

Caipira - Ao contrário do que se imagina, o verdadeiro caipira utilizava a melhor roupa que tinha para comemorar a festa de São João e não aquela cheia de remendos. Alguns personagens famosos como Jeca Tatu (criado por Monteiro Lobato) e Chico Bento (de Mauricio de Sousa) foram responsáveis pela caracterização adotada na região Sudeste.

Consultoria de Sandra Santana Bastos, professora da Escola de Moda Sigbol Fashion

Saiba como ficar ‘chirque no úrtimo'
Quer vestir um figurino diferente de quem compra a roupa pronta no supermercado? Confira algumas sugestões para deixá-lo ‘chique no úrtimo':

Em lojinhas que vendem produtos a partir de R$ 1, por exemplo, é possível encontrar flores que podem ser aplicadas em vestidos, saias, meias-calças ou até mesmo serem usadas como enfeite de cabelo.

Bazares de bairro e lojinhas de tecido sempre têm alguns saldões, com produtos baratinhos. Mas antes de comprar, procure aproveitar tudo o que tem disponível. Uma visita à casa dos avós pode render grandes achados.

O algodão é o melhor tipo de tecido para ser utilizado na customização da roupa caipira, pois não pinica e não causa alergia.

Para a noivinha, que tal colar pipoca - produto típico de festejos juninos - em partes do vestido ou em uma tiara? Lantejoulas e missangas também dão um efeito bonito.

 

Se seu vestido do ano passado não servir mais, não precisa ficar desesperada. É só colocar um barrado de renda ou tecido estampado para aumentá-lo.

No figurino dos meninos, dá para recortar a letra inicial do nome ou a forma preferida (carrinho, estrela etc.) em um tecido colorido e costurar na camisa. Fica bonito também aplicar couro ou pano xadrez nas regiões dos cotovelos e joelhos.

Para lembrar um espantalho, personagem típico das cidades do interior, é só colocar palha em volta do barrado da calça e nas mangas. A barra da calça desfiada também dá um efeito legal.

Para deixar o chapéu, tanto das meninas quanto dos meninos, bem diferente é só colar apliques prontos com carinhas de bicho (comprados em lojinhas que vendem produtos para artesanato). Outra alternativa é forrar o adereço com tecido ou até papel crepom. Tule também deixa o visual legal.

Festa junina comemora os santos de junho
A festa junina tem origem em comemorações pagãs (que não são cristãs) muito antigas, de povos da Europa e Ásia. Há milhares de anos, eles celebravam a fertilidade do solo com festejos para pedir aos deuses chuvas e boas colheitas. Muito depois, quando a Igreja Católica se formou, passou a não aceitar mais aquele tipo de festa; por isso, criou outra comemoração utilizando a mesma data.

São João, homenageado no dia 24, é o santo que deu origem à festa junina católica. É também o mais comemorado dessa época. Mas não é o único: Santo Antônio tem festa no dia 13 e São Pedro, dia 29.

No Brasil a festa ganhou importância porque tanto os festejos juninos trazidos pelos portugueses quanto as comemorações indígenas por boas colheitas eram realizadas na mesma época. Assim, a população se adaptou facilmente aos novos costumes.

A festa junina é comemorada em todos os Estados brasileiros, mas no Nordeste tem mais destaque. Em algumas cidades, o festejo dura o mês todo, atraindo milhões de turistas. Dia 24 é até feriado em Sergipe. As cidades de Caruaru, em Pernambuco, e Campina Grande, na Paraíba, disputam o título de maior São João do mundo.

A quadrilha é o ponto alto da festa. Esse tipo de dança surgiu nos nobres salões da França, no século 18. Aqui ganhou outra forma. No Sudeste, por exemplo, tem ritmo mais lento e os participantes usam a chamada ‘roupa caipira'. No Nordeste, os passos são mais rápidos e os dançarinos utilizam figurinos luxuosos, cheios de rendas e bordados. O assunto é considerado tão importante, que os nove Estados do Nordeste organizam disputa para ver quem tem a melhor quadrilha. Fortaleza (Ceará) sedia a prova neste ano.

O balão já foi um dos símbolos dessa festa, que o expulsou de vez! Agora é crime soltar balão porque isso prejudica o homem e o meio ambiente, causando incêndios. A multa para quem transporta, fabrica, vende ou solta varia de R$ 1.000 a R$ 10 mil ou prisão de um a três anos.

A comida da festa junina é bem saborosa e variada. No Sudeste, não pode faltar pipoca, pé de moleque, paçoca, batata-doce, bolo de fubá, arroz-doce, canjica, milho verde e pamonha, entre outras delícias. No Nordeste, há ainda tapioca, queijo coalho, churrasco de bode, macaxeira (nome dado à mandioca) com carne seca e cuscuz.

Consultoria de Lúcia Helena Vitalli Rangel, antropóloga e professora da PUC




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