Economia Titulo Mercado
Indústria ferroviária
acelera ritmo de produção

Fabricante sediada em Diadema produz motores de
tração e, em outubro, vai iniciar entrega de locomotivas

Por Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
17/09/2012 | 06:20
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O Grande ABC, conhecido por ser um polo automobilístico, também se movimenta com a indústria ferroviária. A norte-americana Progress Rail, empresa do grupo Caterpillar e que tem sede para a América do Sul em Diadema, intensifica o ritmo de produção de motores de tração - fabricados no município - para trens de carga e, em outubro, outra unidade fabril da empresa, em Sete Lagoas (MG), começa a entregar suas primeiras locomotivas novas nacionais.

A linha de montagem da planta mineira, em fase final de implantação, receberá os motores produzidos na região. As perspectivas são promissoras. O diretor geral da companhia, Carlos Roso, assinala que, nos próximos cinco anos, deverão ser lançadas 1.000 locomotivas, ou cerca de 200 por ano. Segundo o executivo, é esperado crescimento de 40% no faturamento neste ano frente 2011.

Além de produzir para seus próprios veículos, a companhia exporta motores (para países como Chile, Canadá e África do Sul) e faz reformas e a manutenção de trens de operadoras do sistema férreo. Desenvolve serviços, por exemplo, para a Vale, para a MRS e tem equipe de 60 pessoas atuando no Metrô de Brasília.

A Progress Rail se preparou para o renascimento do mercado no Brasil, que tem ocorrido nos últimos anos. Depois de adquirir, em 2008, a fabricante brasileira MGE e fincar sua bandeira no País, a empresa investiu US$ 80 milhões nos últimos cinco anos em ampliação de suas operações e na nova fábrica.

ASCENSÃO - O Plano Nacional de Logística, lançado há duas semanas pela presidente Dilma Rousseff - que abrange a construção do Ferroanel, que passa pelo Grande ABC -, traz expectativa favorável no médio e longo prazo. "Vamos sentir os efeitos daqui cinco anos, porque há a fase de licitação das obras e das concessões. Mas é significativo, são 10 mil quilômetros de trilhos, alta de 40% em relação ao que existe hoje", afirma o presidente da Abifer (Associação Brasileira da Indústria Ferroviária), Vicente Abate.

O segmento, de forma geral, festeja a elevação dos investimentos em ferrovia. A indústria de equipamentos ferroviários no Brasil deve expandir neste ano 12% em faturamento e fechar 2012 com R$ 4,7 bilhões em receita, segundo a Abifer.

"Existem 4.500 km em construção. A ALL, por exemplo, acaba de inaugurar trecho da Ferronorte. E o plano da Dilma é excepcional. Com o crescimento do transporte ferroviário, a indústria também ganha", diz Abate.

Ele observa que, no caso do novo programa, orçado em R$ 91 bilhões, num primeiro momento, o segmento mais demandado é a produção de dormentes, grampos de fixação e sinalizadores de vias. Depois, haverá impulso em vendas de locomotivas e vagões. E ressalta, no entanto, que parte significativa do investimento previsto pelo governo já deve ser feito nos próximos cinco anos.

CUSTOS - Apesar do entusiasmo com os planos de linhas férreas, representantes do setor citam que há entraves à indústria nacional, entre os quais o custo Brasil, por causa da alta carga tributária do País e de outras desvantagens da produção nacional em relação aos concorrentes do Exterior. "Em igualdade de condições somos muito competitivos", diz o vice-presidente do Simefre (Sindicato Interestadual da Indústria de Materiais e Equipamentos Ferroviários e Rodoviários), Luís Fernando Ferreira.

 

Ferroanel ajudará a reduzir tempo entre trens da CPTM

O novo Plano Nacional de Logística, lançado há duas semanas pela presidente Dilma Rousseff e que inclui a construção do Ferroanel (linhas férreas para o transporte de carga em redor da região metropolitana), vai causar efeitos favoráveis no transporte de passageiros da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos).

Segundo o diretor de planejamento da CPTM, Silvestre Ribeiro, a meta da empresa é chegar a intervalos de três minutos entre um trem e outro. Atualmente, como há o compartilhamento das linhas da empresa com as de carga da MRS, isso é inviável.

Entretanto, ele destaca que, além de poder usufruir de trilhos com exclusividade para o transporte de pessoas, a redução do tempo de frequência envolve uma série de outras coisas em andamento: a melhoria dos sistemas de energia e de sinalização e a compra de mais trens - a companhia iniciou processo de licitação para adquirir mais 65, cada um com oito vagões. Em 2014, o diretor projeta que já será possível chegar aos quatro minutos.

 




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