Setecidades Titulo Tancão da Morte
Santo André ignora
segurança no Tancão

Lago artificial no Parque Guaraciaba foi
palco de pelo menos 33 mortes desde 1990

Por Natália Fernandjes
Do Diário do Grande ABC
07/06/2013 | 07:00
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Tiago Silva/DGABC


Nem mesmo o histórico assustador, placas com alertas sobre o risco de afogamento e a presença de base da GCM (Guarda Civil Municipal) no Parque Guaraciaba, em Santo André, impedem a população de continuar a frequentar o lago artificial popularmente conhecido como Tancão da Morte.

Na tarde de ontem, a equipe do Diário não encontrou resistência para entrar no local e flagrou dez jovens se banhando na área, onde pelo menos 33 pessoas já morreram afogadas desde a década de 1990 (leia mais no quadro ao lado).

A entrada principal da área verde de 550 mil m² é feita pela Avenida Valentim Magalhães, onde o portão fica apenas encostado. No cenário de abandono, vacas e cavalos desfilam soltos pelo parque. Apesar da facilidade em entrar, a comunidade costuma chegar ao lago artificial clandestinamente, por meio de pelo menos cinco trilhas existentes na mata. “São apenas dez minutos de caminhada”, revela um dos jovens que se arriscavam em atravessar de uma margem a outra do tanque profundo em apenas cinco minutos.

Os garotos, com idade entre 10 e 19 anos, comentaram que costumam visitar o Tancão da Morte com frequência a partir de trilha do bairro Cidade São Jorge. “A gente sabe que é perigoso, mas é só saber descansar enquanto nada”, observa um adolescente. A presença da GCM não intimida os banhistas. Segundo eles, os guardas nem sempre aparecem. Ontem, a equipe do Diário só foi abordada por um guarda-civil depois de circular por cerca de uma hora dentro do parque desativado.

De acordo com o integrante da GCM, a ronda é feita durante 24 horas e, apesar dos alertas, as pessoas ainda desrespeitam a proibição de nadar no tancão. Quanto a presença dos animais, ele alega que o motivo é o rompimento de cerca do vizinho.

MELHORIAS

A população do entorno aguarda ansiosa a concretização da promessa de campanha do prefeito Carlos Grana (PT) para revitalizar o espaço. “Essa área está abandonada. Todas as noites vemos pessoas pulando o portão para usar drogas lá dentro”, destaca morador do bairro que preferiu não se identificar.

De acordo com o secretário de Gabinete, Tiago Nogueira, há compromisso de transformar a área em parque até 2016, mas ainda não há projeto para o espaço. “Acredito que seja possível construir quadras, pistas de caminhada e até ciclovia e isso demandaria algo em torno de R$ 15 milhões a 20 milhões”, diz.

Para coibir os insistentes banhistas, o secretário informou que haverá reforço no monitoramento do espaço. Outra ação será orientar a população e o proprietário dos animais acerca do acesso restrito e dos perigos.

HISTÓRICO

A área foi desapropriada pela administração municipal em 1989 e é administrada pela Prefeitura desde 2005. Desde então, ordem judicial determinou multa de R$ 1 milhão para a Prefeitura em caso de novos afogamentos. A penalidade não foi aplicada e as mortes continuaram ocorrendo.

O local nunca foi, de fato, um parque. Não há brinquedos ou pistas de caminhada, apenas o tancão, reservatório d’água formado a partir de um porto de areia. 




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