Diadema apresentou em novembro um novo recorde positivo nas suas estatísticas criminais: apenas cinco homicídios foram registrados na cidade. Em agosto do ano passado, o município havia registrado oito crimes semelhantes, menor número registrado desde 1994. Até então, nenhuma estatística mensal havia registrado homicídios com número inferior a dois dígitos. Comparativamente, houve meses em que Diadema registrava até 44 homicídios por mês, como aconteceu duas vezes em 1996. Este ano, o recorde negativo ficou com o mês de abril, quando 22 assassinatos foram registrados.

Um fator primordial para a queda nos números aconteceu nos últimos dois meses – em outubro, foram dez crimes – quando aconteceram prisões de oito donos de pontos de tráfico em favelas da região. Segundo investigadores da Delegacia de Homicídios, juntos, eles respondem criminalmente por 13 assassinatos. Um outro traficante preso no bairro Eldorado há 45 dias provocou queda total nos números: desde então, nenhum crime semelhante foi registrado no bairro, local com alto índice de violência há poucos meses atrás. Os motivos dos crimes eram dívidas com traficantes e rixas pessoais entre quadrilhas rivais.

No entanto, as causas para a queda nos homicídios, segundo autoridades policiais, pesquisadores e Prefeitura, são diversas. Mas em um ponto todos concordam: a formação de uma polícia mais ostensiva, preventiva e especializada na cidade colaborou progressivamente para a queda nos números. Em dezembro de 1999, foi criada a Delegacia Seccional da cidade e em 2001, a Delegacia de Homicídios, com investigadores específicos para atuar nesse tipo de crime. Recursos técnicos como a implementação este ano do Infocrim – sistema computadorizado que permite à polícia fazer um mapeamento ágil de quando, onde e como acontecem os crimes – também fortalecem o combate à criminalidade. A criação da lei seca no município, em 2002, também é vista como um dos fatores que contribuíram com a queda.

Os investigadores da Delegacia de Homicídios concordam em parte com a última colocação. “Bairros como Eldorado e Campanário tiveram queda acentuada após prendermos alguns traficantes, que eram responsáveis pelas mortes. Mortes por motivos banais ou por bebedeira também acontecem, mas não são grande maioria”, disse um investigador.

Segundo o delegado assistente da Seccional, Mitiaki Yamamoto, o homicídio é um crime diferente dos demais por não ser possível mapeá-lo, como roubos e furtos que acontecem em determinadas regiões das cidades. “O trabalho de investigação é fundamental para a elucidação dos crimes, apesar de alguns terem sido presos em flagrante este ano. Como os fatores que levam ao assassinato são diversos, desde dívidas com traficantes até brigas pessoais, é fundamental a integração de todas as forças policiais, seja civil, militar e guarda municipal, na prevenção”, disse. Nesse ponto, segundo Mitiaki, a fiscalização em bares baseada na lei seca ajuda. “Muitos desses bares ou suas proximidades são utilizados por traficantes para vender a droga, o que diminui a incidência do tráfico e também da violência nesses pontos”, afirmou Mitiaki.

A coordenadora de Defesa Social da Prefeitura de Diadema, Regina Miki, acredita que o aumento do efetivo da Guarda Civil Municipal (de 103 para 237 homens, em novembro) que, juntos com a Polícia Militar executam diariamente a Operação Centopéia, pode colaborar ainda mais para a queda nos índices. “A prevenção nas operações de bloqueios feitos diariamente, a cada duas horas, em todos os bairros, faz com que os criminosos fiquem mais inibidos para agir, andar armados ou com veículos roubados, que são apreendidos. Essa prevenção faz com que crimes como seqüestro relâmpago, roubos e até homicídios deixem de ser praticados”, disse.