Setecidades Titulo Edifício Senador
Pedestres ignoram desvio e se
arriscam em calçada interditada

GCM permite o risco de atropelamento em frente a prédio
que desabou no Centro de São Bernardo em 6 de fevereiro

Rafael Ribeiro
Do Diário do Grande ABC
24/04/2012 | 07:00
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Com a calçada interditada desde o desabamento do Edifício Senador, em 6 de fevereiro, a esquina da Avenida Índico com a Avenida Jurubatuba, no Centro de São Bernardo, tornou-se área de risco para pedestres. Eles ignoram as placas de proibição e se arriscam em meio aos carros para evitar o desvio de um quarteirão e, assim, chegar ao destino mais rápido.

A equipe do Diário passou cerca de uma hora no local e flagrou até mesmo pais com crianças de colo e idosos contornarem o tapume instalado para impedir a passagem, correndo grave risco de atropelamento.

Dois guardas-civis municipais impediam a passagem de pedestres que vinham pela Jurubatuba, mas não advertiam os que chegavam pelo asfalto da Índico, livre de fiscalização. Somente após notarem a presença da equipe do Diário é que o número de GCMs no local aumentou e a proibição passou a ser respeitada.

"Passo aqui todo dia e nunca os guardas falaram nada. Sempre venho pelo meio da rua. É perigoso, eu sei, mas não tem jeito. Não vou dar volta", disse o gesseiro André da Silva, 32 anos, que trabalha em uma obra próxima do local.

A recomendação dada pela Prefeitura é que o pedestre que desce pela Avenida Lucas Nogueira Garcez vire à direita na Rua Caraíbas para poder dar a volta no quarteirão. Segundo a administração municipal, o local continuará interditado enquanto oferecer risco de desabamento, comprometida com a queda de laje do 14º andar. Duas pessoas morreram no acidente, apurado pela Polícia Civil (leia abaixo) A lacração, que por enquanto é temporária e pode ser definitiva, é cumprida seguindo pedido da Defesa Civil e dos bombeiros.

"As pessoas precisam entender de uma vez por todas que está fechado porque oferece risco. É uma questão de segurança, em que existo risco a quem passa", disse o delegado Victor Vasconcellos Lutti, titular do 1º DP (Centro) da cidade, responsável pelas investigações das causas do acidente.

Enquanto isso, os pedestres garantem que continuarão se arriscando entre os carros para passar o trecho. "Tem risco (de ser atropelado) mas preciso chegar ao outro lado rápido. Não dá para ficar dando volta no quarteirão", disse o pintor Dhonis Souza Santos, 25.


Laudo final não tem prazo para ser divulgado

Passados quase três meses do desabamento de parte das lajes do Edifício Senador, ainda não há prazo definido para a conclusão do inquérito que punirá os responsáveis indiretos pela morte de duas pessoas, entre eles uma meninas de 3 anos.

Alegando ter de respeitar normas exigidas por lei, a Falcão Bauer, empresa contratada pela Prefeitura para fazer laudo, iniciou seus trabalhos há apenas cerca de 15 dias. As conclusões do IC (Instituto de Criminalística) também estão sem prazo para serem entregues, segundo o delegado Victor Vasconcellos Lutti. "Tudo depende da análise de cada um dos elementos."

Cerca de 50 testemunhas já foram ouvidas e, além da manta asfáltica colocada para conter infiltração no terraço do prédio, pode ter colaborado para o desabamento, acreditam as autoridades, uma obra para consertar a viga do 13º andar, que havia cedido.

Uma pessoa cuja identidade vem sendo mantida em sigilo havia passado a informação de que há alguns anos, sem precisar quando, operários usaram até macaco hidráulico para encaixar um consolo de sustentação, uma espécie de ‘mão francesa' junto à coluna.

Segundo Lutti, a realização da reforma já foi confirmada por técnicos do IC e da Falcão.

Enquanto as explicações não são oficializadas, vítimas e pessoas que sofreram perdas materiais esperam sem a expectativa de futuro positivo. "Não sei o que será. Só me resta esperar e somar o prejuízo que sofri", disse o dentista João Casagrande, 57 anos, que ainda tem parte do equipamento no local.




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