Estudo aponta que ramal sobre trilhos dura 30 anos, enquanto corredor de ônibus tem média de cinco
Estudo elaborado por especialistas da PUC (Pontifícia Universidade Católica) de Goiás aponta que o monotrilho chega ter tempo de vida útil seis vezes superior ao do BRT. Quando comparado o período estimado de operação de cada modal, o sistema sobre trilhos aparece com longevidade de 30 anos e o corredor de ônibus de alta velocidade, mesmo com manutenção regular, sequer ultrapassa prazo de cinco anos.
Os dois modelos são estudados como alternativa para efetivar a construção do sistema que ligará municípios do Grande ABC à Capital. A informação foi confirmada nesta semana pelo governador João Doria (PSDB). A expectativa é a de que a definição ocorra até junho.
Elaborado com base em dados da ANTP (Associação Nacional de Transportes Públicos) e de fabricantes dos modelos, o estudo mostra que, apesar de ter custos mais elevados de implantação, o monotrilho, a médio prazo, pode ter operação mais econômica do que o BRT, conforme explica o professor de transportes e trânsito do Instituto Federal de Goiás Fábio de Souza, responsável pela elaboração do estudo. “Numa análise de engenharia financeira, em 30 anos de vida útil o monotrilho, Metrô leve e VLT podem ser mais econômicos do que o BRT e ter menor custo por passageiro transportado.”
Para chegar a este cálculo, além de informações das fabricantes dos veículos, foi levada em consideração a manutenção periódica exigida em cada modal. No caso do BRT, por exemplo, consta a necessidade de intervenção regular no asfalto a fim de garantir a operação do sistema. “Se não houver manutenção do corredor, a tendência é de saturação do sistema a curto prazo, o que não ocorre no monotrilho”, afirma Antônio Pasqualetto, especialista em desenvolvimento e planejamento territorial da PUC Goiás.
Coordenador do estudo, Pasqualetto cita os problemas recorrentes dos corredores existentes no Rio de Janeiro. Construído em 2012, o sistema tem sofrido, de forma precoce, com falhas que vão desde buracos no asfalto até falta de um sistema de drenagem. O problema foi denunciado no mês passado pelo Diário.
Em Goiás, o sistema de BRT também apresenta problemas. Além das falhas no corredor, há reclamações de veículos antigos e terminais com problemas de infraestrutura. “O BRT do Rio e o de Goiás são exemplos dos problemas causados pela curta vida útil do modal”, ressalta Pasqualetto. “Com base nessas informações, é possível dizer que o monotrilho é uma opção eficaz e capaz de competir com o BRT”.
IMBRÓGLIO
Embora o projeto original da Linha 18-Bronze tenha o monotrilho como modelo escolhido, o alto custo com as desapropriações ao longo do traçado – cerca de R$ 600 milhões – tem atrasado o início das obras e fez o Estado repensar o modelo. Assinada em 2014, a PPP (Parceria Público-Privada) entre o governo estadual e o Consórcio Vem ABC está orçada em R$ 4,26 bilhões e já teve seu contrato aditado por cinco vezes.
O grupo vencedor – formado pelas empresas Primav, Cowan, Encalso e Benito Roggio – aguarda desde novembro do ano passado pela sexta extensão do acordo e garante que, caso as obras sejam liberadas pelo Estado, os trabalhos serão iniciados neste ano, com previsão de entrega do ramal até 2022.
O projeto prevê que o sistema tenha 13 estações, saindo de Tamanduateí, em São Paulo, até São Bernardo, em trajeto que passará por São Caetano e Santo André.
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