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Cantora Simone lança CD em homenagem ao amor
Thiago Mariano
Do Diário do Grande ABC
11/10/2010 | 07:05
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É inegável que a essência do cancioneiro popular brasileiro se expressa em uma só palavra: amor. Do desbragado lamento do samba canção, o sentimento percorre a leveza do samba, o iê-iê-iê da Jovem Guarda, as declarações apaixonadas que velavam canções de protesto no período da ditadura, os melosos teclados dos anos 1980 e a pobreza do pop atual.

Percorrendo o lado mais suave e alegre de grande parte destes períodos, Simone lança Em Boa Companhia (Biscoito Fino, preço médio R$ 35 o CD duplo e R$ 45 o DVD), registro ao vivo de show realizado no Teatro Guararapes, no Recife, em abril.

O projeto se desdobra do disco passado, Na Veia, em que a cantora explorou, através de composições inéditas encomendadas de gente do cacife de Erasmo Carlos, Adriana Calcanhotto e Martinho da Vila, o amor alegre.

"O show é um organismo vivo, se metamorfoseia e se desdobra o tempo todo a partir da interação com o público", revela Simone, acrescentando que o trabalho segue o conceito do anterior, mas ampliado.

"Trouxe para o roteiro, além das inéditas de Na Veia, outras que se encaixassem nesta proposta, completassem o discurso. Entraram canções da minha carreira, que não cantava há muito tempo e músicas alheias que sempre quis cantar. Todas amarradas, parecendo uma coisa só. O amor é um manancial inesgotável para a confecção de canções."

Das já não mais inéditas do outro álbum - que destacam a ainda profícua fase de compositores como Erasmo (em Migalhas) e Marina Lima (Bem Pra Você, em parceria com Dé Palmeira) - Simone enverga para canções de discos antigos, como Tô que Tô (Kleiton Ramil e Kledir Ramil) e Face a Face (Sueli Costa e Cacaso).

As surpresas ficam por conta do resgate de clássicos gravados por outras vozes, como Fullgás (Marina Lima e Antonio Cícero), Ive Brussel (Jorge Ben Jor) e Nada Por Mim (Paula Toller e Herbert Vianna).

CLIMA
O registro ao vivo é envolto em uma aura de prazer. No áudio, suspiros, gemidos e gargalhadas da cantora endossam, junto à participação do público, o título do trabalho. No vídeo, o acréscimo vem em sorrisos, danças e da proximidade visível na troca de energia entre intérprete e plateia.

A entonação da voz ganha brilho diferente do trabalho de estúdio, cadenciando paixões arrebatadoras.

O deleite se torna óbvio nas execuções de Perigosa (Rita Lee, Roberto de Carvalho), Ex Amor (Martinho da Vila) e Deixa Eu Te Amar, o clássico brega e por tanto tempo esquecido de Agepê.

Personificando o projeto, Simone diz que ele é encabeçado por "uma senhora de 60 anos apaixonada pela vida e por sua profissão, que continua com todo prazer do mundo em cantar."

O roteiro é dividido entre a cantora e José Possi Neto, que assina também a direção.
"O Possi sabe tudo de palco e, como somos amigos, temos intimidade. As intervenções e sugestões dele surgem de várias maneiras, até numa conversa despretensiosa. O olhar atento dele é muito valioso."

AME
"A opção por esse ‘amor' que canto neste trabalho é reflexo do meu momento, minha maturidade e também minhas inclinações como intérprete neste período", comenta a cantora, que revela que Ame (Paulinho da Viola e Elton Medeiros) - com os versos "ame / seja como for / sem medo de sofrer" - é a síntese do que o seu momento revela.

Certas Coisas, Simone pontua como também porta-voz dos seus sentimentos. Aos versos "eu te amo calado / como quem ouve uma sinfonia / de silêncios e de luz / nós somos medo e desejo / somos feitos de silêncio e som / tem certas coisas que eu não sei dizer" corajosamente e por conta própria ela acrescenta "e digo".




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