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Hackford: filmagem conturbada
Patrícia Vilani
Do Diário do Grande ABC
07/04/2001 | 14:47
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O diretor norte-americano Taylor Hackford, em recente visita ao Brasil, falou sobre seu último filme, o suspense Prova de Vida. A trama retrata o seqüestro de um empresário na Colômbia e os esforços de sua mulher para trazê-lo de volta. Como pano de fundo, está uma poderosa seguradora, que mantém um grupo de negociadores de elite para poupar o dinheiro do resgate. O árduo trabalho de pesquisa, no entanto, ganhou papel coadjuvante com o romance dos protagonistas Russell Crowe e Meg Ryan. Crowe, ganhador do Oscar este ano por Gladiador, é conhecido por seu sucesso com as mulheres e Meg, pelo casamento de nove anos com o ator Dennis Quaid, antes considerado um dos mais estáveis do show business. Acompanhe trechos da entrevista:

Diário – Seu último filme, O Advogado do Diabo, fez um sucesso inesperado no Brasil depois de ter fracassado nos Estados Unidos. Como você espera que o público brasileiro receba Prova de Vida?

Hackford – O Advogado do Diabo também fez sucesso em outros países, não só no Brasil. Teve grandes bilheterias na Itália e na França, por exemplo. Acredito que isso se deve pelo povo norte-americano ser puritano. Preferi abordar o Deus e o diabo que há dentro de nós e bati de frente com o estúdio, que queria um filme de terror. Os brasileiros entenderam, assim como espero que entendam Prova de Vida.

Diário – De que modo o namoro entre Meg Ryan e Russell Crowe afetou o resultado de Prova de Vida?

Hackford – Os dois se conheceram durante o filme e a química foi muito boa. O relacionamento, no entanto, não afetou as filmagens, mas afetou a promoção. Durante meses a imprensa martelou sobre o assunto, enquanto os atores preferiam não falar disso e sim, do filme. Resultado: Mel Gibson, Tom Hanks, Helen Hunt etc, no fim do ano, falavam sobre suas produções, enquanto Crowe e Meg se escondiam da imprensa.

Diário – Como surgiu a idéia para o argumento de Prova de Vida?

Hackford – Li sobre o assunto num artigo da revista Vanity Fair. As empresas movimentam US$ 1 bilhão todos os anos com seguro de seqüestro para executivos, mas o assunto é pouco divulgado na imprensa.

Diário – Como foi o trabalho de pesquisa, já que as empresas tratam o assunto de forma sigilosa?

Hackford – Trabalhei com o roteirista (Tony Gilroy). Entrevistamos 35 vítimas de seqüestro e suas famílias e procurei a principal seguradora do gênero. A princípio, a empresa se negou a fornecer informações. Mas falei que o artigo já estava publicado e mostrar minha versão sem conversar com eles seria pior.

Diário – Além do romance dos protagonistas, dois fatos chamaram a atenção: o plano de seqüestro de Crowe descoberto pelo FBI e a morte de um dos dublês durante as filmagens.

Hackford – A história do seqüestro surgiu enquanto filmávamos no Equador e Crowe não me falou absolutamente nada. Foi tudo resolvido sem meu conhecimento. Sobre o dublê que morreu durante as gravações, foi uma fatalidade. Ele era norte-americano, caiu de um caminhão num dia de chuva. Sinto por ele e por sua família.

Diário – É deixado claro no filme que a trama se passa na Colômbia, apesar de não ser citado o nome do país. Você espera crítica vindas da América Latina por tratar a região como uma das mais violentas do mundo?

Hackford – Sim. A Colômbia é um ótimo país, mas enfrenta o problema sério do tráfico de drogas. Também é a capital do seqüestro, seguida do México. Usei um nome fictício para não criar confusão, embora preferisse usar o verdadeiro. E também fiz as filmagens no Equador, que é um país mais pacífico, para a segurança da equipe.




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