Política Titulo Mauá
Quiseram antecipar as eleições de 2020, diz Atila

Prefeito cassado reitera tese de que impeachment não teve base legal e que foi vítima de golpe

Por Júnior Carvalho
Do Diário do Grande ABC
28/04/2019 | 07:00
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Claudinei Plaza/DGABC


 Cassado há exatos dez dias do cargo de prefeito de Mauá, Atila Jacomussi (PSB) acusou, em entrevista ao Diário, os vereadores que aprovaram seu impeachment de tentarem atalho para chegar ao comando do Paço mauaense antes das eleições do ano que vem, quando terminaria sua gestão.

Resguardado em casa e reservado apenas a agendas políticas fechadas e a postagens nas redes sociais, o socialista evita falar em traição de ex-aliados, mas questiona a mudança de posição de parlamentares que, no ano passado, rejeitaram com veemência sua deposição.

Em sua primeira entrevista após a cassação, o agora ex-prefeito sustenta que sofreu o impeachment – por crime de responsabilidade por ter não ter pedido licença do cargo enquanto estava preso – porque vereadores favoráveis à cassação “têm motivação de disputar a Prefeitura”. “Não me sinto traído porque o povo está do meu lado. Os mesmos que aprovaram a cassação disseram ‘não’ (na primeira votação do impeachment, em 2018, quando a abertura do processo foi rejeitada). Será que não foi oportunismo votar pelo impeachment agora? É muito claro que o impeachement foi antecipação de palanque eleitoral”, disparou Atila, que assistiu vereadores do próprio partido, que antes declaravam lealdade, votarem por cassá-lo.

Embora se esquive sobre apontar eventuais traições, aliados do governo deposto sustentam que Atila chegou a ter os oito votos necessários para barrar a cassação, mas que pelo menos dois parlamentares “roeram a corda” na hora da votação. O impeachment foi aprovado com 16 votos favoráveis e apenas cinco contrários. Como houve uma ausência – Gil Miranda (PRB) – , o socialista precisava justamente desses dois apoios. Durante as dez horas ininterruptas de sessão, realizada no dia 18, defensores do prefeito, alguns comissionados, tiveram livre acesso ao plenário e tentaram cooptar parlamentares para votar contra o impeachment de Atila.

De todos os vereadores que aprovaram a cassação de Atila, metade foi eleita oficialmente no arco de alianças do socialista. Parte da outra parcela mudou de lado no segundo turno do pleito e aderiu à campanha do então deputado estadual.

“Eles não tiveram fidelidade com o plano de governo que eles defenderam nas ruas. Quando o governo estava com boa aprovação, ninguém falava em impeachment”, reclamou o socialista. “Foi um golpe, porque a vacância nunca aconteceu de fato. A minha ausência na cidade se deu contra a minha vontade (ficou dois meses preso em Tremembé)”.

Atila foi preso em duas ocasiões. Na primeira, em maio do ano passado – acusado de superfaturar contratos de merenda e uniforme escolares –, o então prefeito conseguiu barrar a tramitação do impeachment com ampla maioria de votos –, apenas Marcelo Oliveira (PT) votou favorável. Ocorre que, em sua segunda prisão, em dezembro, os mesmos parlamentares que disseram ‘não’ ao impeachment também foram alvos da PF (Polícia Federal), acusados de receber Mensalinho em troca de apoiar o governo. Foi justamente a posição desses parlamentares que escorou a acusação da polícia.  




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