Economia Titulo Impacto
Pandemia altera negociações de campanha salarial no Grande ABC

Meta passa de aumento real para manutenção do emprego, além de garantias para trabalho remoto

Yara Ferraz
Do Diário do Grande ABC
19/08/2020 | 00:05
Compartilhar notícia
Denis Maciel/DGABC


A pandemia do novo coronavírus, que desencadeou crise econômica mundial, também tem gerado impactos na atual campanha salarial das principais categorias de trabalhadores do Grande ABC. Sindicalistas reconhecem que o cenário é de mais dificuldades e que o fato de as assembleias serem virtuais reduz a capacidade de mobilização. Neste ano, além do reajuste salarial, a principal batalha é obter a manutenção dos empregos. Além disso, eles buscam também a regulamentação do trabalho a distância. Hoje, metalúrgicos, bancários, químicos e petroleiros somam 97.150 trabalhadores nas sete cidades.

O Sindicato dos Bancários do Grande ABC, que reúne 5.500 trabalhadores na base, enviou a proposta em julho e está em negociação com a Fenaban (Federação Nacional de Bancos). Em reunião realizada ontem, os bancos apresentaram proposta que reduz a PLR (Participação nos Lucros e Resultados) em até 48%. Segundo o presidente da entidade, Belmiro Moreira, isso foi rejeitado no ato e, amanhã, será apresentada nova sugestão. “Queremos a reposição da inflação, que, segundo o INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) dos últimos 12 meses, é de 2,68%, mais um aumento real de 5%.”

Outros pleitos são a manutenção dos empregos e a regulamentação do teletrabalho, que vem sendo desenvolvido pela categoria desde o início da pandemia. “O ideal é conseguir essa regulamentação porque o bancário que está em casa (pelo menos metade da categoria está em home office) está usando a sua internet e o seu telefone. Os bancos precisam oferecer equipamentos e garantir os direitos para respeitar a jornada do trabalhador”, disse ele.

A data base da categoria é em 1º de setembro e a expectativa do sindicato é que o acordo, que será votado por meio de assembleia on-line, saia até o fim deste mês. Questionada, a Fenaban informou que recebeu a pauta e as negociações estão ocorrendo conforme o cronograma. “Esperamos em breve chegar a um posicionamento que seja satisfatório para todos os participantes”, disse, destacando que os encontros vêm sendo feitos por meio de videoconferências. Em 2019, a categoria obteve 1% de aumento real.

O Sindipetro-SP (Sindicato Unificado dos Petroleiros do Estado de São Paulo) tem realizado encontros com os 1.250 trabalhadores do setor no Grande ABC em turnos na região, de modo presencial, processo que vem demorando mais por causa da pandemia. “Estamos tendo contato mínimo com os trabalhadores”, disse o coordenador geral do sindicato, Juliano Deptula Lima. Inicialmente, segundo ele, a categoria recusou a proposta, mas ainda faltam três assembleias em São Caetano, que devem ser realizadas até o fim desta semana. A Petrobras, que remunera os trabalhadores da Refinaria Capuava, em Mauá, e do Centro de Distribuição, em São Caetano, fala em reajuste zero e a categoria pede a reposição da inflação e a manutenção dos direitos. No ano passado, foram obtidos somente 60% da inflação.

Para os 28 mil químicos, a data base é em 1º de novembro. As discussões para o desenvolvimento da pauta começam nesta semana. “No mínimo, o que vamos pedir é a reposição da inflação. Sabemos que o momento é de dificuldades para alguns setores, mas o mínimo é a reposição do salário”, disse o presidente do Sindicato dos Químicos do ABC, Raimundo Suzart Lima.

METALÚRGICOS

A principal batalha dos metalúrgicos é a manutenção dos postos de trabalhos. De acordo com o presidente da FEM (Federação Estadual dos Metalúrgicos), Luiz Carlos da Silva Dia, o Luizão, a proposta foi encaminhada em junho. “Nossa expectativa era fechar logo para trazer tranquilidade para os trabalhadores. Trouxemos alguns itens relacionados ao momento, como a questão de distanciamento físico, que é diferente de outras campanhas salariais.”

A base do SMABC (Sindicato dos Metalúrgicos do ABC) é de 65 mil pessoas, sendo que entre 35 mil a 40 mil estão nesta negociação porque não atuam em montadoras, que têm acordos separados. A data base da categoria é no dia 1º de setembro.

Quanto aos sindicatos dos metalúrgicos de Santo André (12 mil trabalhadores) e São Caetano (10 mil operários), a data base é em 1º de novembro. Embora ainda distante, o presidente da entidade andreense, Cícero Firmino, o Martinha, contou que, na pandemia, fizeram mais de 300 acordos dentro da medida provisória que garante empregos mesmo com redução de jornada e salários.
 




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;