A concentração de IPOs no Novo Mercado nos últimos três anos contribuiu para dar relevância ao segmento, criado em 2000. Hoje, o Novo Mercado responde por 18,59%, ou quase um quinto, da capitalização total da Bovespa. As empresas listadas no segmento valem R$ 430 bilhões - sendo que o valor de mercado do total das empresas que negociam ações na bolsa é de R$ 2,3 trilhões.

No entanto, se no Novo Mercado a média de concentração do capital é de 36,39%, nos outros níveis de governança a concentração continua expressiva. No Nível 1 da Bovespa (onde estão companhias como Gerdau, Bradesco e Vale), a concentração é de 63,14%. No Nível 2 é ainda maior: nesse grupo, que reúne empresas como Eletropaulo, Net e TAM, o maior acionista detém, em média, 64,79% do controle.

"Há dois diferentes mundos no mercado de capitais brasileiro", diz Erica Gorga. "Um deles é formado pelas empresas ‘da moda', que aderiram ao atual mercado, têm o capital mais pulverizado e atendem a critérios mais rígidos de governança corporativa. Outro é o das empresas ‘à moda antiga', que mantiverem padrões tradicionais de governança e permanecem como corporações familiares com concentração."

Segundo Roberto González, professor de governança corporativa da Trevisan Escola de Negócios, mecanismos de proteção aos acionistas minoritários e a regra ‘um voto por ação', característicos do segmento, favorecem a tendência. "O capital disperso muda a relações de poder dentro da companhia. Como não há a figura do acionista majoritário preocupado em perder o controle da empresa, a estratégia de crescimento ganha outra dimensão", diz.