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Estudantes reviram baús das escolas para resgatar a memória

Segunda edição de projeto ocorre em 50 unidades da rede estadual de São Bernardo

Por Natália Fernandjes
Do Diário do Grande ABC
31/08/2014 | 07:00
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Marina Brandão/DGABC


Alunos da rede estadual de ensino de São Bernardo estão revirando os baús das escolas em busca de boas histórias para contar. A atividade integra a segunda edição do projeto Memorial das Escolas, que envolve cerca de 100 estudantes de 50 unidades espalhadas pelo município. Além da descoberta de curiosidades, como a origem do nome da instituição e personagens antigos, a proposta tem como consequência a criação de vínculo entre os jovens e a comunidade escolar.

“Achamos muito importante conhecer a história. Saber do passado ajuda a entender o presente”, considera a dirigente regional de ensino de São Bernardo, que também inclui as escolas de São Caetano, Suzana Aparecida Dechechi de Oliveira. A meta da educadora é alcançar todas as 81 unidades de ensino da rede nas duas cidades no próximo ano.

O levantamento é feito pelos alunos que atuam como estagiários no programa Acessa Escola, com supervisão dos profissionais do Núcleo de Informática e Tecnologia da diretoria de ensino local. O trabalho de pesquisa inclui desde entrevistas com estudantes, professores e demais funcionários, acesso a arquivos, fotografias e vídeos antigos, explica o coordenador do projeto, Rogério Missias de Oliveira.

Após compilação dos dados, as informações são organizadas em vídeos, textos e fotografias e digitalizadas para abastecer portal criado pela diretoria de ensino. “Dessa forma toda a comunidade escolar tem acesso ao projeto e passa a conhecer um pouco mais sobre a escola onde estuda ou trabalha”, destaca Oliveira.

Entre os benefícios já alcançados com a ação, Suzana destaca o sentimento de pertencimento criado nos estudantes em relação à unidade de ensino. “Quando conheço e sei que também faço parte da história da escola, passo a cuidar do espaço, não depredo”, afirma.

CRIATIVIDADE

A segunda etapa do projeto deverá estimular a criatividade dos alunos, considera Oliveira. “Além de manterem a história da escola atualizada, os jovens poderão avançar nas pesquisas”, diz.

Se depender das estudantes do 1º e 3º ano do Ensino Médio Thainá Rodrigues Rocha, 16 anos, e Amanda Karen Alves Câmara, 17, respectivamente, os trabalhos serão estendidos para a comunidade do entorno. A ideia das jovens estagiárias do Acessa Escola é conversar com antigos vizinhos da EE 20 de Agosto, na Vila Dayse, onde elas trabalham quatro horas por dia, em busca de novidades.

“A gente fica feliz de participar, porque nem sempre conhecemos a história do lugar onde estudamos. Às vezes nem mesmo os professores e funcionários sabem dizer como era no passado”, garante Thainá. Empolgada, a jovem já começou a pensar em maneiras de avançar nas pesquisas feitas anteriormente sobre a unidade de ensino. Para a amiga Amanda, o período de pesquisas também é uma forma proveitosa de “ocupar a cabeça com coisas positivas.”

O Acessa Escola está presente em 4.000 unidades de ensino do Estado e beneficia cerca de 40 mil estudantes do Ensino Médio com o primeiro emprego dentro da escola. Os jovens recebem bolsa de R$ 445 por quatro horas de trabalho, que prevê auxílio à comunidade escolar nas salas de informática e de vídeo.

Origem de unidade de ensino surpreende

O Memorial das Escolas começou no ano passado como projeto piloto em 20 unidades de ensino estaduais de São Bernardo. Uma das contempladas foi a EE 20 de Agosto, na Vila Dayse, que atende cerca de 800 alunos do 5º ano do Ensino Fundamental até o 3º ano do Ensino Médio. Por lá, a pesquisa foi coordenada pelo estudante Wilker Sartori, 17 anos.

O aluno lembra que uma das suas primeiras ações foi revirar a sala 27, onde ficam armazenadas as fotografias e vídeos antigos das competições e apresentações musicais escola. Do espaço saíram diversas histórias antigas e, é claro, muitas risadas. “Uma das coisas que eles (alunos) ficaram impressionados foi que as meninas usavam roupas curtas”, destaca a diretora da unidade de ensino, Miriam Aparecida Mazzuco Nascimento Silva.

Para o jovem detetive Wilker, o trabalho aguçou ainda mais a curiosidade e ajudou na escolha da profissão. O aluno tem planos de ingressar no curso técnico básico de TI (Tecnologia da Informação) e, posteriormente, fazer faculdade na área. “Ele era um estudante tímido, mas que foi adquirindo mais experiência e hoje já consegue se expressar melhor”, explica a diretora.

Entre as descobertas, a mais interessante foi conhecer a origem da unidade de ensino, fundada em 1961 com o nome de Grupo Escolar da Vila Dayse. “Essa região aqui pertencia a uma fazenda destinada à criação de cavalos e, na década de 1970, a escola passou a se chamar 20 de Agosto em homenagem ao aniversário da cidade”, lembra Miriam. 




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