O governo criou nesta quarta-feira uma comissao interministerial para definir o percentual de reajuste para os militares. Em três meses, os técnicos dos ministérios da Fazenda, do Planejamento, da Casa Civil, da Defesa e dos comandos do Exército, Marinha e Aeronáutica deverao concluir os estudos. Pela proposta apresentada pelo ministro da Defesa, Geraldo Quintao, em maio, o percentual médio de reajuste é de 30%, sendo que o maior aumento incidiria sobre os militares de menor patente.

A idéia é embutir no reajuste as gratificaçoes que os militares têm direito com incentivo especial para as chamadas "habilitaçoes" - cursos de aperfeiçoamento profissional. A medida, de acordo com os oficiais que participaram dos trabalhos, incentivaria o aprimoramento da categoria. A proposta tem apoio integral do ministro da Defesa que, desde que assumiu a funçao, no começo do ano, defende o aumento para os militares.

No decreto, os ministros Quintao e Pedro Parente (da Casa Civil) destacaram que a emenda constitucional de número 18 confere "tratamento próprio" aos servidores das Forças Armadas pelas peculiaridades de suas atribuiçoes. A ressalva pode vir a justificar qualquer reaçao dos funcionários públicos civis que reivindicam reajuste há seis anos e podem ser surpreendidos com o anúncio de um percentual superior para os militares.

Oficiais, praças e soldados reclamam dos baixos salários. A melhoria de seus soldos se deve às gratificaçoes. O próprio presidente Fernando Henrique Cardoso reconheceu recentemente, durante cerimônia reunindo estagiários da Escola Superior de Guerra no Palácio do Planalto, que os salários destinados às Forças Armadas estavam abaixo do nível ideal.