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Após três meses ascendente, produção industrial cai 1,3%
Por Frederico Rebello Nehme
Do Diário do Grande ABC
10/03/2006 | 08:12
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A produção industrial brasileira caiu 1,3% em janeiro em relação a dezembro, segundo pesquisa divulgada quinta-feira pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), que qualificou o desempenho como um "processo de acomodação" da indústria neste início de ano. Esse é o primeiro resultado negativo depois de três meses de alta. Em relação a janeiro de 2005, no entanto, a indústria cresceu 3,2%.

Três das quatro categorias pesquisadas pelo IBGE tiveram queda: bens de capital (-3,6%), bens de consumo duráveis (-5,7%) e bens de consumo não duráveis (-1,8%). Bens intermediários registraram aumento de 0,4%.

Na análise do indicador de média móvel trimestral, considerado como o principal sinal de tendência no curto prazo, a produção do trimestre encerrado em janeiro foi 0,6% maior do que no trimestre terminado em dezembro – sinal que faz com que o IBGE não veja uma forte possibilidade de crise nos próximos meses.

"Estamos diante de uma clara acomodação da produção industrial brasileira. Tivemos um resultado negativo, mas não há um perfil de queda generalizada", afirmou o economista André Macedo, coordenador de análise de indústria do IBGE.

Os dados do IBGE contrastam fortemente com os resultados do INA (Indicador de Nível de Atividade), referente à indústria paulista, e que mostrou expansão de 1,5% em janeiro ante dezembro do ano passado. A diferença pode significar que a indústria de São Paulo, que representa 40% da produção nacional, pode ter se "descolado" do restante do País no início deste ano.

Para Silvio Sales, do IBGE, não há contradição entre o INA – divulgado quarta-feira pela Fiesp (Federação das Indústrias de São Paulo) – e os dados do instituto. Segundo ele, os indicadores da Fiesp não incluem produção, mas uma mistura entre vendas, horas trabalhadas e nível de utilização de capacidade.

Para Julio Sergio Gomes de Almeida, diretor executivo do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), o resultado do IBGE foi uma surpresa. O economista atribuiu a queda a um cenário de incertezas. "Há oscilações muito fortes, típicas de um setor que saiu do pior mas ainda não tem uma sistemática de crescimento mais definida", avalia.

O comportamento característico do mês de janeiro – tendência de redução da produção industrial – também deve ser levado em conta nos resultados da indústria, na avaliação de Macedo, do IBGE.

"Em janeiro tradicionalmente o número de dias de produção é menor. A indústria, depois de aumentar o seu ritmo e atender às encomendas de final de ano, costuma dar mais férias para os trabalhadores da produção, o que gera um desaquecimento natural", afirmou.

Calendário – O economista André Macedo, do IBGE, acredita que justamente o calendário da economia tenha exercido influência no mês de janeiro, fazendo com que o mês registrasse queda superior a um ponto porcentual.

"Temos claramente uma base elevada de comparação, o que influenciou o resultado do primeiro mês do ano. Esse fator também reforça que na verdade estamos mais num movimento de estabilidade do que queda na produção industrial", afirmou Macedo.

Paulo Mol, economista da CNI (Confederação Nacional da Indústria), que divulgará na semana que vem as estatísticas de vendas da indústria, também avalia que a queda mostrada da produção industrial em janeiro "é quase uma resposta ao crescimento forte de dezembro".

Mol vê uma atividade econômica "estável, levemente positiva, com recuperação bastante gradual e lenta". (Com AE)




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