Turismo Titulo Portugal
Encantadora Lisboa

Destino exige mais do que uma visita ao oferecer história, cultura e gastronomia, entre outras coisas

Dérek Bittencourt
22/11/2018 | 07:00
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Derek Bittencourt/DGABC


Lisboa é uma porta de entrada e tanto para quem vai à Europa pela primeira vez, ou mesmo para aquele viajante que retorna ao Velho Continente e coloca a cidade como roteiro da viagem. Seja como for, a capital de Portugal (incluindo arredores) e suas belezas encantam à primeira vista, na mesma proporção que deixam saudades na despedida – enredo perfeito para um fado (música tradicional dos lusos). Ao menos para mim, a ligação colonial, independentemente de situações polêmicas, foi ingrediente a mais para encantamento automático com a Terrinha.

Apenas o fato de pisar em um lugar que tem quase quatro séculos a mais de história do que o Brasil – o Reino de Portugal foi fundado em 1139 – já traz uma sensação incrível. E se deparar com construções do século 12 é de arrepiar. Ainda mais porque os portugueses sabem muito bem como preservar sua história, mesmo que o grande terremoto de 1755 (seguido por tsunami e incêndios) tenha prejudicado substancialmente parte dela – já devidamente reconstruída. Afinal, basta uma olhada ao redor para se deparar com guindastes, andaimes e obras em prédios e outros locais para manutenção das memórias do país, algumas com exterior original e interior ultramoderno.

Um roteiro de quatro dias por Lisboa e as cidades próximas significa enriquecimento cultural, mas deixa com aquele gostinho de quero mais. Os principais pontos turísticos da capital são paradas obrigatórias, a começar pela grandiosa Praça do Comércio e seus 36 mil m², com a estátua de D. José I no centro, cercada por restaurantes, museus, cafés, hotéis e pelo belo arco da Rua Augusta. Inclusive, subir no mirante dessa última estrutura (3 euros – cerca de R$ 13) oferece uma vista incrível da capital portuguesa de um lado e do Rio Tejo do outro.

Da Praça do Comércio – bem como de outras áreas da cidade – partem bondes elétricos que por 20 euros (R$ 86) levam o turista para um tour de uma hora e meia pelos setores baixo e alto de Lisboa. O veículo é equipado com dispositivos para conectar fone de ouvido e escutar a rica história lisboeta, disponível em 12 línguas – inclusive “brasileiro”, que para os lusos é diferente do português de lá.

Outro local imperdível é o bairro de Belém, onde estão a icônica Torre, uma réplica do avião utilizado por Gago Coutinho e Sacadura Cabral para a primeira travessia do Oceano Atlântico Sul em 1922 (de Lisboa ao Rio de Janeiro), o imponente Monastério dos Jerónimos, com os túmulos de Vasco da Gama, Luís de Camões, D. Manuel I e outros, além do Monumento aos Descobrimentos – de onde partiram muitas das caravelas e atualmente estão retratados Pedro Álvares Cabral, Cristóvão da Gama e companhia. E se o olfato estiver em dia, o aroma inconfundível te levará aos Pastéis de Belém, que desde 1837 vendem o delicioso – e original! – doce, a 1,10 euros (R$ 4,76) cada. Se o nariz estiver entupido, não tem erro: a longa fila vai mostrar o caminho até a porta de entrada. A cozinha do estabelecimento pode ser visitada, basta manter o controle para não avançar nos quitutes. Quem quiser trazer ao Brasil, atenção à data de validade, afinal o pastelzinho é feito de nata.

Aliás, como comem e bebem bem os portugueses. Peixes de todos os tipos – muito além do bacalhau – e vinhos tintos, brancos, rosés e moscatéis genuinamente do país. Inclusive, fica a dica: procure um mercado e encontre litros da bebida a partir de 1,50 euro (R$ 6,50)! E se a refeição for acompanhada de um belo fado, como no Mesa de Frades (60 euros por pessoa ou R$ 260), a experiência fica completa.

LX FACTORY
Bem perto do leito do Tejo, um complexo de antigas fábricas foi transformado em ponto de estabelecimentos descolados. Formado por ambientes jovens em meio às construções centenárias, a LX Factory reúne bares, restaurantes, antiquário, livraria, cafés e muito mais em área de 23 mil m².

Tejo oferece outro olhar sobre a cidade

Fim de tarde em Lisboa e uma caminhada até a Doca de Santo Amaro, bem debaixo da grande ponte 25 de abril, leva até uma embarcação. A recepção – com tábuas de queijos e frios, torradas, geleia e refresco – é apenas o cartão de visita para o que estaria por vir: um passeio pelo Rio Tejo.

Foi daquele trecho que saiu a esquadra de Pedro Álvares Cabral, que em 22 de abril de 1500 chegou ao Brasil. E 518 anos depois lá estava eu, bradado por um pôr do sol que deixou Lisboa ainda mais bela. Inclusive, observar a capital portuguesa a partir da embarcação é experiência única, com uma vista privilegiada dos principais monumentos, museus e prédios históricos. Depois que a noite caiu, a cidade se iluminou, as estrelas e a lua surgiram e o cenário ficou ainda mais encantador.

O valor de um passeio como este depende da duração e dos serviços a bordo, como refeição – na minha experiência, depois da entrada, foi oferecido um churrasco. Para três horas pela costa, por exemplo, é possível encontrar ofertas de 450 euros (R$ 1.950), em embarcação para até 12 pessoas (ou seja, 37,5 euros – R$ 152 – para cada). Há opções mais baratas e para grupos menores.

E não se espante se, de repente, ônibus passar ao lado. Isso porque há frota de veículos anfíbios entre 15 (R$ 64) e 25 euros (R$ 108) que iniciam a jornada pela terra e, de repente, se lançam no Tejo.

Oceanário: uma experiência de profundidade literal

Esqueça todo e qualquer passeio a aquários. Visitar o Oceanário de Lisboa eleva o patamar de experiências em ambientes deste tipo, com direito a vivências sensoriais dentro de um complexo – construído no Parque das Nações para a Expo 98 – que tem formato de um porta-aviões e reúne ambientes marítimos e espécies marinhas de todo o mundo.

Passear pelos recintos é como imergir nos oceanos. E tudo ao redor de um gigante tanque central, com sete metros de altura e 5 milhões de litros d’água, onde estão diversas espécies de peixes, como tubarões, raias, barracudas. Nos demais espaços ainda é possível ver aves, mamíferos, crustáceos. E encontrar os tão procurados Nemo (peixe-palhaço) e Dory (tang azul).

Adultos pagam 18 euros (R$ 77), enquanto crianças, jovens e idosos, 12 (R$ 52). Menores de 3 anos não são cobrados. Na saída, loja gigante traz – em pelúcia – alguns dos moradores do Oceanário.

Sintra, refúgio de verão da família real

Trajeto de aproximadamente 30 minutos em uma estrada a partir de Lisboa (ou 50 minutos de trem, também partindo da capital) leva ao vilarejo de Sintra. Refúgio de verão da família real portuguesa até o início do século 20 (quando acabou a monarquia em Portugal) e, há alguns anos, local escolhido pela cantora Madonna para residir, é um destino romântico e repleto de história para contar, sobretudo a partir de seus três principais pontos turísticos: o Palácio Nacional Sintra, o Castelo dos Mouros e o Palácio da Pena.

Por uma ordem geográfica, o ponto de partida é o Palácio Nacional de Sintra, utilizado pela realeza a partir do século 17 e conta com detalhes de riquíssimas memórias, como o Pátio da Audiência, local onde Luís de Camões declamou Os Lusíadas para Dom Sebastião, ou o salão que homenageia as 72 famílias mais nobres de Portugal (grande passatempo procurar seu sobrenome ou dos amigos), o quarto onde D. Afonso VI foi exilado nos seus últimos nove anos de vida, a cozinha, com suas chaminés de 33 metros de altura e muito mais. O preço para visita é de 10 euros (R$ 43) para adultos e 8,5 euros (R$ 36) para crianças e adolescentes ou idosos. Tour guiado custa 5 euros (R$ 21) a mais.

O Castelo dos Mouros é edificação militar do século 10 de origem islâmica com linda vista de Sintra – e até mesmo do Oceano Atrântico. O preço da entrada é 8 euros – R$ 34.

Por sua vez, o colorido Palácio de Pena foi habitado por reis e rainhas entre os séculos 18 e 20, que podiam desfrutar de seu exuberante jardim, o Parque da Pena, composto por mais de 2.000 espécies de árvores e plantas de todo o mundo (incluindo araucárias brasileiras). Além disso, das torres ou pontos mais altos é possível avistar Lisboa e até mesmo o Estreito de Magalhães, ponto mais ocidental da Europa. Não à toa o local foi classificado como Paisagem Cultural Patrimônio da Humanidade pela Unesco. A entrada no palácio custa 14 euros (R$ 60) e inclui visita ao parque. Quem optar por almoçar por lá, há restaurante na antiga casa real com pratos a 8,50 euros – R$ 36.

Ah, e se tiver um tempo a mais na agenda, visite as ruas que compõem o centro comercial e não deixe de experimentar a queijada e o travesseiro de Sintra, tradicionais doces da cidade.

Óbidos e a Ginjinha de JK

Distante cerca de uma hora de Lisboa, seguindo ao Norte, Óbidos é outra parada obrigatória em visita a Portugal. O centro histórico dessa vila medieval é cercado por muralhas e em seu ponto mais alto fica o imponente castelo do século 12. A construção integrou os dotes das rainhas do país até o século 19 e, desde 1950, foi adaptado e se tornou a primeira pousada portuguesa em um prédio histórico.

É possível chegar ao castelo caminhando pelas muralhas desde o portão que dá início a elas, mas é um caminho por vezes estreito, majoritariamente de pedras e com alturas que podem alcançar 13 metros. Ou seja, um desafio. Mas quem opta a seguir pelas estreitas ruas também vive grande experiência, passando por igrejas e casas que lembram – e muito – as construções do Pelourinho, em Salvador, ou Paraty, no Rio de Janeiro.

A Rua Direita, que se estende da base da muralha até o castelo, é o principal ponto de comércio. Entre souvenirs, artesanatos e itens medievais – que vão de espadas a armaduras e capacetes – uma tremenda coincidência. A convidativa fachada do Bar Reis Nobre, conhecido por lá como Ibn Errik Rex, despertou interesse em entrar para experimentar a tradicional ginjinha (saboroso licor de espécie de cereja) no copinho de chocolate (a 1,5 euro – R$ 6,50), dica que diversos amigos deram. Afinal, Óbidos ostenta o título de melhor ginja de Portugal – e os obidenses a defendem como a original.

O local, com decoração única e rústica como uma taverna medieval, era um antiquário e pertence à família Nobre desde os anos 1970. E ao saber que eu era brasileiro, Bruno, o filho do dono, me aponta a parede e diz para que eu veja um pedaço de papel emoldurado. Para minha surpresa, era um postal enviado do Rio pelo ex-presidente Juscelino Kubitschek, datado de dezembro de 1973 (dois anos e meio antes de sua morte), desejando “um 1974 cheio de paz, saúde e alegria” ao “amigo” patriarca dos Nobre, Antonio. “Ele era frequentador daqui sempre que vinha a Óbidos”, conta Bruno. Trouxe para casa uma garrafa por 16 euros – R$ 69. Mais do que pelo sabor, pela história.

CULTURA
Desde 2015, a Unesco considerou Óbidos como cidade literária. E para ornar com o título, foi criado o The Literary Man Óbidos Hotel, ponto que não pode passar batido pelos amantes de livros. São 70 mil títulos à disposição dos hóspedes ou àqueles que optam por jantar no local, além de 30 mil que estão encaixotados e centenas de outros que ainda estão sendo aguardados para integrar a coleção. Tudo isso o torna o maior hotel literário do mundo.

Outro local para os fãs da literatura é a Igreja de São Tiago, também do século 12. Bem aos pés do castelo, o local foi reconstruído após o grande terremoto de 1755 e há não muito tempo adaptado para uma livraria, mantendo sua arquitetura original.

Glamour começa antes mesmo do voo

Chegar com horas de antecedência ao aeroporto a fim de evitar correr riscos de perder o voo não é mais o único motivo para sair de casa mais cedo. Pelo menos depois de conhecer a sala VIP da Latam no Terminal 3 do aeroporto de Guarulhos – a maior do grupo na América Latina. Com 1.835 m², o local conta com open bar, bufê de comida à vontade, camas para descanso em local reservado, banheiros individuais, chuveiros, jornais do mundo à disposição, poltronas e sofás confortáveis, televisões, wi-fi, tomadas por todos os lados, armários e até videogame para passar o tempo.

A capacidade é de 450 pessoas e o funcionamento, entre 5h e meia-noite. O local está disponível para clientes com passagens na classe executiva da Latam, integrantes do programa de fidelidade ou companhias da aliança OneWorld (American Airlines, British Airways, Cathay Pacific, Qantas, Finnair, Iberia, Japan Airlines, Royal Jordanian, S7 Airlines, Malaysia Airlines, Qatar Airways e Sri Lankan Airlines). Para os passageiros de outras classes, a tarifa para utilizar o espaço é de US$ 60 (cerca de R$ 225) e o passe diário custa US$ 90 (cerca de R$ 338).

DIRETO
A Latam inaugurou em setembro voo sem escalas entre Guarulhos e Lisboa, cinco vezes por semana, facilitando a ida de brasileiros e demais sul-americanos à capital portuguesa – oitavo destino preferido dos usuários da companhia. O Boeing 767-300, com capacidade para 221 pessoas, sendo 30 na classe executiva e 191 na econômica, é o responsável pelo trecho, com cerca de dez horas de ida e dez horas e 45 minutos de retorno.

Durante a viagem, passageiros podem desfrutar de telas individuais interativas com diversidade de filmes, seriados, shows, músicas e jogos. Também estão incluídas refeições, com direito a pratos gourmet (o viajante pode escolher entre três alternativas, inclusive vegetariana). 




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