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Crimes passionais aparecem mais
Gabriel Batista
Do Diário do Grande ABC
09/04/2006 | 07:56
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Com a queda no número de mortes produzidas pelo tráfico de drogas, ficam mais evidentes os crimes passionais e por cobiça - quando se mata a vítima para obter seu patrimônio ou seguro de vida. Dos 30 homicídios solucionados pela polícia de Santo André em 2005, oito (quase um terço) tinham origens amorosas ou estavam relacionados a objetos cobiçados pelo assassino.

A psicanalista Maria Lúcia de Araújo Andrade, do Departamento de Psicologia Clínica da USP (Universidade de São Paulo), diz que crimes como esses sempre existiram e permaneciam cobertos pela matança do tráfico de drogas.

A área recordista em assassinatos passionais e de cobiça em Santo André é o 2º subdistrito da cidade (região do 2º e 5º DPs). De 2003 a 2005, foi nessa parte do município, onde estão localizados o Parque das Nações e Parque Novo Oratório, que ocorreu o maior número desses crimes.

O chefe de investigação da Delegacia de Homicídios, Ramiro Diniz Júnior, afirma que isso ocorre porque bairros de classe média apresentam com maior freqüência esses casos de morte por ciúmes.

De acordo com a psicóloga Maria Lúcia, a pessoa que comete um crime passional geralmente tem uma predisposição para isso. "Há pessoas que não interiorizam as noções de lei e o direito dos outros de fazer escolhas, de não se submeter à sua vontade. Pensa que, se a mulher ou o homem não se submeter, deve desaparecer. E, então, mata."

No entanto, é comum a família do criminoso dizer que nunca percebeu nada de estranho no comportamento dele. "Aparentemente, uma pessoa com tendência a cometer crimes pode ter uma aparência tranqüila", diz a psicanalista.

Nos homicídios cometidos para se apropriar de objetos da vítima, as características do assassino são semelhantes. "A base de tudo isso é um desrespeito à condição e às posses de alguém. É uma conduta primitiva, porque conviver é respeitar diferenças. Sem isso, o grupo social em que vivemos não sobrevive", afirma Maria Lúcia.

A área do 2º subdistrito de Santo André, recordista em crimes passionais, também é conhecida como faixa de gaza do crime, pela alta incidência de roubo e furtos de carro. Essa região também é recordista no confronto de policiais militares com criminosos. Parte da polícia afirma que esses problemas são decorrentes da divisa com a zona Leste da capital. Os criminosos viriam a Santo André roubar carros porque a frota do Grande ABC é mais nova.

O chefe de investigação, Ramiro Diniz, considera numerosa a quantidade de homicídios passionais e motivados por "banalidades".

"As mortes do tráfico são mais complicadas para a investigação. Geralmente aparece o corpo com marcas de tiros e ninguém quer falar nada, por medo. Portanto, testemunhas são raras nesses casos. Mas os outros tipos de assassinatos parecem novelas, e acabamos conseguindo as informações com mais facilidade", diz o policial Ramiro Diniz.

Para exemplificar os crimes passionais e de cobiça, a Delegacia de Homicídios de Santo André selecionou casos recentes solucionados. Leia matérias abaixo:




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