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Jovens tardes com o baterista Netinho

Livro "Netinho - Minha História ao Lado das Baquetas" traz bastidores dos primórdios do rock brasileiro

Vinícius Castelli
Do Diário do Grande ABC
26/04/2009 | 07:00
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Dono de várias histórias engraçadas e curiosas Netinho, baterista que iniciou a carreira musical antes mesmo de a Jovem Guarda aparecer, deixa por um instante as baquetas de lado, arrisca-se na escrita e conta boa parte de suas aventuras na biografia Netinho - Minha História ao Lado das Baquetas (Minuano, 194 págs., R$ 39,90, em média).

Fã da lendária banda de rock setentista Captain Beyond, o músico, nascido em Santos, usa uma narrativa simples. Com a ajuda da filha Samadhi Haick, Netinho decidiu juntar memórias - algumas nada inocentes. O livro é recheado de imagens e tem prefácio do amigo Ronnie Von.

Pioneiro entre os bateristas de rock no Brasil, Netinho mergulhou no gênero junto ao grupo The Clevers, quando os anos 1960 estavam apenas começando. Alguns anos mais tarde, a banda passou a se chamar Os Incríveis.

Entre os sucessos, Netinho conta como surgiram músicas como O Vendedor de Bananas e a canção instrumental Milionário, gravada após o retorno de uma turnê na Itália com a cantora Rita Pavone, de quem já foi namorado. "A Rita foi a maior cantora do mundo, o maestro dela nos conheceu e adorou a banda. Ela era tão famosa, vivia cheia de seguranças", conta o baterista.

Entre recordações da infância e amorosas, o livro narra com carinho a chegada dos filhos, conta também sobre a relação de Netinho com o espiritismo.

Curiosidades não faltam, como o dia em que conheceu o grupo inglês Genesis. Há também o episódio em que passou três dias em um hotel com três italianas durante a turnê com Rita Pavone. Como ninguém sabia de seu paradeiro, após o sumiço do baterista os shows da turnê com a cantora foram cancelados.

Com orgulho, Netinho conta sobre o aparecimento da menina de seus olhos, a lendária banda Casa das Máquinas, surgida nos anos 1970. O grupo gravou três álbuns de estúdio naquela década e ficou conhecido em todo o País. "A banda nasceu de um time que estava muito unido e entusiasmado. Abriu um céu de esperança, após dez anos com Os Incríveis. Faremos um novo disco agora, a banda está de volta, o que mais quero é colocar o Casa das Máquinas na estrada novamente", conta Netinho, que também confirma que os alucinógenos faziam parte do processo criativo.

Algumas histórias ficaram de fora desta biografia. O músico conta que separou algumas coisas para a próxima edição. "Vou entregar todos os meus amigos da Jovem Guarda", brinca o baterista.

Trechos

"Percorremos palcos de quase 40 cidades italianas durante 3 meses junto com a Rita e a mídia era intensa. Tinha outdoors espalhados por todas as cidades que passamos, anunciando o show da cantora com a banda brasileira, com o meu nome sempre em destaque." (pág. 95)

"Contei a um amigo, que ao passar pra frente enfeitou e espalhou a notícia dizendo que eu tinha fumado um baseadocom, ninguém menos, que Stevie Wonder! Grande mentira! Ainda mais naquela época!" (pág. 113)

"Cheguei a dar uma canja na bateria de Bill Brufford, com o Phil Collins tocando junto na outra bateria. Queria aprender, para aplicar algo novo ao meu trabalho." (pág. 146)




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