Economia Titulo Mudança em lei
Bloqueio ao telemarketing deve causar demissões, preveem especialistas

Previsão de entidades é que desligamentos serão inevitáveis; cadastro já conta com 112 mil consumidores

Lucas Tieppo
Especial para o Diário
06/04/2009 | 07:02
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Apesar da Lei 13.26/08, que deu origem ao "Cadastro para Bloqueio do Recebimento de Ligações de Telemarketing", administrado pela Fundação Procon-SP, ter caído no gosto da população, as consequências da redução nos números de ligações pode causar a diminuição nos quadros de empregos das empresas de call center.

É o que prevê o diretor executivo da Abrarec (Associação Brasileira das Relações Empresa Cliente), Stan Braz. "Esse bloqueio deve gerar um impacto negativo no quadro das empresas. Elas estão incomodadas, já que o setor estava em crescimento. A redução de funcionários deverá acontecer", afirmou Braz.

A ABT (Associação Brasileira de Telesserviços) também adotou posição contrária à lei e reforça a previsão de demissões. "Tememos agravar ainda mais esse cenário de desemprego com um número imprevisível de demissões nas empresas do setor em São Paulo como consequência da aplicação da lei antitelemarketing aprovada pelo governo estadual", afirmou, em nota, Jarbas Nogueira, presidente da ABT.

O faturamento das empresas de call center no País foi de R$ 5,5 bilhões de acordo com a ABT. O ano de 2009 iniciou com, aproximadamente, 850 mil empregos diretos e de mais de 1 milhão de empregos indiretos. Ainda segundo a associação, cerca de 70% dessa mão de obra está concentrada no eixo São Paulo - Rio de Janeiro.

No Grande ABC, calcula-se que existam mais de 6.000 pessoas que trabalham em empresas do setor instaladas na região. A maioria delas, jovens em seu primeiro emprego.

Segundo o Procon-SP, até a sexta-feira (3) o cadastro de bloqueio já contava com 112 mil consumidores cadastrados, proprietários de 205 mil linhas telefônicas.

O presidente do Sintelmark (Sindicato Paulista das Empresas de Telemarketing), Diogo Morales, se diz favorável à lei. "A lei é positiva, mas deveria ter um caráter nacional para não prejudicar o setor no Estado. Ela também é interessante para a redução de custo dos call centers. Se benfeito, o cadastro nos direcionaria apenas para pessoas que estão interessadas e dispostas a comprar o produto, mas a regra deveria ser a mesma para todo o País".

"Uma pesquisa realizada pelo INSC (Índice Nacional de Serviço aos Clientes), mostrou que apenas 13% dos consumidores não gostariam de receber mais ligações de ofertas e promoções. Essas pessoas estão principalmente nas classes A e B. A população de rendamais baixa, na teoria as classes C e D, demonstraram interesse, segundo a pesquisa, em receber propostas e ofertas", afirmou Braz, da Abrarec.

A Abrarec estuda a possibilidade de contestar a constitucionalidade da lei. "Estamos conhecendo e nos aprofundando no processo do Procon e também discutindo a possibilidade de questionar a lei na Justiça sobre o fato de a lei vigorar apenas no Estado de São Paulo. O que pode ocorrer é a saída das empresas de São Paulo. O mais adequado seria que ela valesse em todo o País". (Supervisão Marcos Seabra)




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