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Dona Cosma: vigor e vontade aos 68 anos

Moradora de São Caetano fechou 2013 com 5º
melhor tempo nos 25 metros da natação

Felipe Simões
Do Diário do Grande ABC
28/04/2014 | 07:00
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Celso Luiz/DGABC


O semblante de Cosma Maria Luz de Souza se abre quando a idosa de 68 anos fala do que mais gosta: praticar esportes. Atleta federada de natação, a paraense, que mora em São Caetano, também é ciclista e jogou futsal na infância. Mas, atualmente, se orgulha das mais de 50 medalhas e troféus conquistados, além de ostentar o quinto melhor tempo nos 25 metros em 2013, com 44seg83.

Nadadora desde 1992, Dona Cosma, como é conhecida, chegou à região na década de 1970, quando se mudou de Belém após ganhar uma passagem aérea em um torneio escolar multidisciplinar promovido pela Aeronáutica.

A vida não foi fácil no início, mas ela não desistiu do sonho de se tornar nadadora. Com emprego em uma loja, Dona Cosma se inscreveu em academia e começou a praticar o esporte com o qual sonhava. “Nadava das 5h30 às 6h30 da manhã e depois ia trabalhar. À noite eu estudava e só chegava em casa à 1h”, relembra.

Apesar das dificuldades, ela se tornou federada em 1995 e começou a competir em torneios no Brasil e no Exterior. Naquele mesmo ano, a primeira medalha foi conquistada no Campeonato Paulista de Natação, em Marília. Depois, Cosma não parou mais – competindo inclusive no mar.

Hoje, ela divide suas premiações em dois quartos do modesto apartamento em um condomínio próximo à Prefeitura de São Caetano. São diversos itens angariados em competições nas capitais brasileiras e fora do País, além de fotos com os muitos amigos que fez nas disputas – a mais famosa é a ex-nadadora Fabíola Molina.

A última prova foi a Volta do Parcel, realizada ontem, em São Sebastião, no Litoral Sul do Estado. O percurso foi de 1,5 quilômetro, com saída da Praia de Juquehy.

A preparação para as provas é feita na piscina do Complexo Lauro Gomes, em São Caetano. A musculação acontece no Sesc Belenzinho, na Capital. O deslocamento é feito de bicicleta, principalmente nos fins de semana, e é um complemento ao condicionamento físico. “Chego a pedalar 40 quilômetros”, diz Dona Cosma, que utiliza as ciclovias de São Paulo como lazer. Na Capital também é onde está sua atual equipe, a Okuda, que há cinco anos se volta à terceira idade e disputa competições pelo País.

AJUDAS ESPORÁDICAS

Recebendo salário-mínimo da aposentadoria, ela trabalha em um escritório na Rua Amazonas para conseguir continuar seguindo aos torneios com a equipe. Como as ajudas financeiras são esporádicas, ela banca tudo do próprio bolso. A dívida do cartão de crédito, adquirida após viagens a Porto Alegre, Manaus e Curitiba, passa dos R$ 3.000.

“Chegou uma hora que não deu mais. Fico triste, porque eles falam na televisão que os idosos têm de praticar esporte, que é bom para a saúde. Mas é só fala, não tem ajuda não. Todo mundo me conhece, mas ninguém me ajuda”, critica a senhora, que coloca em xeque a disputa do mundial de masters em agosto, no Canadá, cuja viagem custa US$ 1.500 (cerca de R$ 3.360).

“Tenho de pagar minhas contas. Há muito (preconceito) com a gente, eles falam que você é velho”, dispara Cosma, que só participará do Campeonato Brasileiro de masters, em Belém, no Pará, dia 30, devido a três patrocínios pontuais.

Já a presença do Campeonato Paulista de masters, no dia 18 de maio, ainda é incerta. “Só vou se tiver algum apoio”, diz. Apesar das dificuldades, ela pretende continuar no esporte. “Mesmo com os problemas, sou feliz. Tenho saúde, faço o que gosto. Não gasto com remédio, gasto comigo mesmo”, diz a senhora, que não desiste de seus sonhos.




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