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O botão que apagou a luz

Assunto encerrado? A ministra Dilma que nos desculpe, mas o apagão só é assunto encerrado

Carlos Brickmann
15/11/2009 | 00:00
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Assunto encerrado? A ministra Dilma que nos desculpe, mas o apagão só é assunto encerrado para quem vive na Ilha da Fantasia e tem geradores e ar condicionado. Dezoito Estados no escuro, nenhuma explicação oficial (a não ser a fantasia da tempestade, que o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, órgão do Governo, já desmentiu), e assunto encerrado? Encerrado para quem, cara-pálida?

O começo do apagão está aqui: a verba do Ministério das Minas e Energia, que cuida da luz nossa de cada noite, é a mais bloqueada do Governo. Dos gastos previstos, 23% não podem ser usados. Da verba que sobra, a parte referente a salários, royalties de petróleo e gás não pode ser comprimida. Quem sofre é a parte de manutenção e investimento. Em vez de R$ 9,6 bilhões, ficam R$ 3,8 bilhões.

De acordo com os pesquisadores do site Contas Abertas, esta situação vem-se repetindo ao longo dos anos, de 2006 para cá. As verbas da Aneel, Agência Nacional de Energia Elétrica, também estão de dieta: quase 60% estão congeladas, Todos os números estão em http://contasabertas.uol.com.br/noticias/imagens//MINISTÉRIO_DE_MINAS_E_EMERGIA_-_2006_A_2008.pdf

Como disse a ministra Dilma Rousseff, garantir o fornecimento de eletricidade exige investimentos. Ocorre o oposto: o corte de verbas (uma boa análise dos cuidados com a rede, pelo especialista Saade Hillal, está em www.brickmann.com.br/artigos.php)

E os terríveis raios, ventos, tempestades, os formidandos fenômenos naturais nunca vistos neste país, citados pelo Governo? São como o raio de Bauru, lembra? O apagão do Governo Fernando Henrique foi atribuído a um raio que atingiu um ponto vital do sistema, num dia de sol claro, sem nuvens, sem chuva.

A TERRA É DOS HÔMI
Quando um jogador fala do "homi", refere-se ao técnico. "Os hômi" são os dirigentes. Na área elétrica, os hômi são o PMDB, ala José Sarney. O ministro Édison Lobão é cria do senador. Fernando Sarney emplacou o presidente da Eletrobrás, Muniz Lopes e o diretor de Distribuição da Eletrobrás, Flávio Decat de Moura (o pedido de nomeação está nas gravações da Operação Boi Barrica, da Polícia Federal),- que já era membro do Conselho Fiscal e do Conselho de Administração de Furnas.

A FESTA DO APAGÃO
Mas Dilma e Edison Lobão têm razão ao dizer que, para eles, apagão é assunto encerrado. O tema de hoje é a iluminadíssima festa de ontem, em São Luís: o casamento de uma filha de Fernando Sarney, Ana Clara, com Bruno Pinheiro, filho de Aluísio Duailibi, nomeado pela governadora Roseana Sarney, tia de Ana Clara, para a Diretoria de Infraestrutura do porto de Itaqui. É tudo muito família.

AÍ TAMBÉM NÃO
É muita maldade falar em aPACão.

PAGANDO O MICO
Do ministro da Justiça, Tarso Genro, sobre o apagão: "Foi um microproblema". Claro: com a queda de luz, o micro dele deve ter tido algum problema.

O MUNDO É UMA BOLA
Do presidente Lula, às vésperas da reunião de Copenhague sobre o meio-ambiente: "Então, essa questão do clima é delicada por quê? Porque o mundo é redondo. Se o mundo fosse quadrado ou retangular, e a gente soubesse que o nosso território está a 14 mil quilômetros de distância dos centros mais poluidores, ótimo, vai ficar só lá. Mas, como o mundo gira, e a gente também passa lá embaixo onde está mais poluído, a responsabilidade é de todos".

LOBBY EM MARCHA
Há grupos de jornalistas e publicitários empenhados em prejudicar o relacionamento da produtora GW, de Luiz Gonzales, com o governador paulista José Serra. Gonzales trabalha com o PSDB desde a campanha de 1989, com Mário Covas, e tem a seu crédito a campanha do prefeito Gilberto Kassab, que passou de terceiro a primeiro e venceu as eleições paulistanas. O marqueteiro que vem sendo apontado como o bruxo capaz de conduzir a marcha vitoriosa de Serra é Duda Mendonça, hoje responsável pela imagem de Paulo Skaf, da Fiesp. Dificilmente o lobby terá sucesso: Gonzales e Serra sabem trabalhar juntos.

A MÃO QUE AFAGA
Tem gente que não sabe mais o que inventar para gastar verbas públicas (e nem é no Brasil: é em Extremadura, na Espanha). Lá, as escolas públicas iniciaram o ensino da masturbação a jovens de 14 anos. Ensinar aquilo que todos sempre aprenderam sozinhos deve ser complicado: o curso leva três anos. De acordo com a explicação oficial, o programa "O prazer está em suas mãos" visa fazer com que os adolescentes "entendam a sexualidade de forma natural".

EFEITO UNIBAN
Alguém perde, alguém ganha: aproveitando as marchas e contramarchas da Uniban e o estranho gosto dos rapazes que não gostam de moças de vestido curto, a Casa do Saber, de São Paulo, inicia amanhã, às 17h30, um Curso de História da Minissaia. As aulas serão dadas pelo professor de História da Moda João Braga. Preço: R$ 95,00. Inscrições pelo telefone (11) 3707-8900.




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