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Faculdades evitam incluir quesito ‘cor’
Do Diário do Grande ABC
21/11/2004 | 11:40
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Se o estudante Alessandro de Freitas Rosa, 22 anos, de Mauá, conseguir uma vaga em uma grande universidade do Grande ABC, será um dos poucos afro-descendentes a estudar numa dessas instituições privadas, que cobram mensalidades salgadas para qualquer bolso. Além de ser um dos únicos da classe, não aparecerá em nenhuma estatística dessas faculdades. Nenhuma delas pergunta qual a cor do aluno que realiza matrícula, e não há dado que mostre a inserção de negros e pardos no ensino superior privado, ainda que, só de olhar, já se pode concluir que é mínima.

Procurados pelo Diário, centros universitários como Umesp (Universidade Metodista de São Paulo), UniFEI (Centro Universitário da FEI), Instituto Mauá de Tecnologia e Faculdade de Medicina do ABC afirmaram que não questionam o aluno quanto à raça, porque não sentem a necessidade de registrar a etnia de quem está do lado de dentro dos portões. Via assessoria de imprensa, todas elas disseram considerar a pergunta agressiva e preconceituosa.

Como Alessandro não tem como custear mensalidades estipuladas em, no mínimo, R$ 600, ele pleiteia uma vaga no disputadíssimo curso de Direito da USP (Universidade de São Paulo). “Por essa carreira, posso contribuir com a sociedade de maneira efetiva. Fazer justiça mesmo”, acredita.

Para conseguir a vaga – de acordo com IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), só 2% dos afro-descendentes brasileiros terminam o curso superior –, ele tem se dedicado exclusivamente ao cursinho pré-vestibular do Instituto Henfil, que freqüenta todas as manhãs no Centro de Mauá. O estudante não é favorável ao sistema de cotas nas universidades públicas – política afirmativa mais discutida nos últimos tempos. “É preciso dizer que não é só o negro que precisa de universidade pública”, disse.




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