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Milton com sotaque francês
Por Dojival Filho
Do Diário do Grande ABC
27/04/2009 | 07:01
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Divulgação


Junte dois virtuosos artistas franceses e um representante de nobre linhagem da MPB para interpretar canções consagradas. O resultado será, necessariamente, burocrático e dispensável, certo? Errado se o CD for Milton Nascimento & Belmondo (Biscoito Fino, R$ 28 em média), gravado pelos irmãos Lionel (sax e flauta) e Stéphane Belmondo (trompete), em parceria com o consagrado cantor e compositor brasileiro.

O disco chega às prateleiras nacionais com atraso, já que foi lançado na França há cerca de dois anos. No repertório, clássicos gravados por Bituca nos anos 1960 e 1970 - o período mais prolífico do autor - revestidas com arranjos inventivos e sensíveis criados pelos músicos.

A ideia da gravação do álbum surgiu após o show que Milton e os Belmondo realizaram na casa de espetáculos Cité de La Musique, em Paris. Na ocasião, o intérprete emocionou-se ao dividir os holofotes com os instrumentistas, chamados de "monstros sagrados" pela crítica de seu país. Até empunhou a pequena sanfona de oito baixos que utilizava para acompanhar a mãe, Lilia, nas tradicionais festas do interior de Minas.

Depois da experiência, resolveu registrar em estúdio a sintonia artística e revisitar sua obra ao lado dos novos companheiros.

Regidas pelo maestro Christophe Mangou, com acompanhamento da Orquestra Nacional da França, as canções colocam em primeiro plano o lirismo das melodias do homenageado. Responsável por conferir projeção nacional a Milton, em 1967, durante a segunda edição do FIC (Festival Internacional da Canção), o clássico Travessia ganha acento jazzístico, que realça a beleza da melodia, sem diminuir o poder dos versos de Fernando Brant. Pepita do disco Clube da Esquina (1972) em que o ícone liderou músicos como Lô Borges e Toninho Horta, a bela Nada Será como Antes exala a influência dos Beatles.

Lírica e pungente, Saudade dos Aviões da Panair é outro momento inspirado do CD. Outras performances inspiradas ocorrem em Morro Velho e Canção do Sal. O repertório conta ainda com a instrumental Oração, de Cesar Frank, e a fusão entre Berceuse, de Ravel, e Malila, de Lionel Belmondo.




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