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Nardini: vergonha e descaso sem fim
William Cardoso
Do Diário do Grande ABC
28/02/2009 | 07:00
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Os problemas relatados nas páginas do Diário há pelo menos seis meses não serviram, até agora, para que as autoridades, em todo e qualquer nível de poder e responsabilidade, tomassem providências para evitar o drama humano de quem busca auxílio no Hospital Doutor Radamés Nardini.

O cenário de ‘praga bíblica' apresentado pelo jornal, como em uma novela de mau-gosto, se arrasta e não há quem dê fim ao caos. Executivos municipal e estadual, legislativos de todas as espécies, Ministério Público, conselhos de Medicina e Enfermagem, ninguém toma atitudes definitivas. E com isso, faltam médicos, enfermeiros, atendentes e mais um pouco no hospital.

A última movimentação positiva se deu há um ano e meio. Na ocasião, a então promotora da Cidadania de Mauá, Adriana Ribeiro Soares de Morais, baseou-se em relatórios do Cremesp (Conselho Regional de Medicina) e do Coren (Conselho Regional de Enfermagem) para mostrar o estado lastimável da unidade.

Havia tanta imundície e descaso que, na ocasião, a Justiça concedeu liminar exigindo a solução imediata. Em caso de descumprimento, multa diária de R$ 10 mil.

Em fevereiro, a multa completou um ano e ninguém cantou parabéns. Nada foi resolvido, seja pela administração de Leonel Damo (PV) ou de Oswaldo Dias (PT), que sabia e alardeava os problemas durante a campanha eleitoral, mas não tinha projeto eficaz para resolvê-los. A Prefeitura ganhou um presente: tem até o fim de abril para mostrar o que pode ser feito.

Dos conselhos, pouca coisa a acrescentar, depois que o primeiro relatório foi entregue. Em novembro último, o Cremesp passou pelo Nardini e ainda viu "melhorias" em relação ao que foi apontado primeiramente. Um mês depois, o Diário esteve por lá e apontou baratas espalhadas pela UTI, mofo, sujeira e pacientes ‘vestidos' com sacos plásticos na falta de fraldas geriátricas. Não havia luvas na enfermagem e seringas eram descartadas em caixas de papelão abertas, facilitando a contaminação. Será que dá para piorar?

A administração municipal tenta empurrar para Estado, que se faz de desentendido. Será que alguém ligou para Brasília? Ainda não surgiu quem mandasse para o Nardini parte dos tantos impostos arrecadados. Enquanto não se apresenta solução, o povo adoece em uma fila sem fim.




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