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Ciesps defendem retomada gradual do comércio na região

Entidades regionais pedem lojas abertas, com devidos cuidados; indústrias iniciam demissões

Yara Ferraz
do Diário do Grande ABC
18/04/2020 | 00:14
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Para a indústria do Grande ABC, a flexibilização da quarentena é importante para a retomada de pelo menos parte da produção, e por isso dirigentes das regionais do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) do Grande ABC defendem a reabertura gradativa do comércio.

A proposta é que os estabelecimentos sejam autorizados a funcionar com capacidade reduzida e com horários limitados à metade do que era praticado antes do decreto de quarentena. A expectativa é que a reabertura possa impulsionar a retomada da produção nas fábricas, que, dependendo do segmento, registraram queda de faturamento na média de 70%; e em algumas, as demissões já foram iniciadas.

“A indústria precisa do comércio. Não adianta produzir se não tem onde desovar. Na verdade, o que deveria ter sido feito desde o início é um isolamento planejado. Agora não dá para voltar, mas a saída pode ser planejada. Evidente que isso será feito com cuidado, com escalonamento da entrada nos locais para evitar aglomerações”, disse o diretor titular do Ciesp de São Bernardo, Cláudio Barberini Junior.

Com apoio de demais associações de setores, como comércio e serviços, foi entregue uma carta aberta ao Consórcio Intermunicipal do Grande ABC. A entidade deve analisar o pleito na próxima reunião, que acontece segunda-feira.

De acordo com o documento, a flexibilização é uma alternativa que caminha junto da possibilidade que o governo federal abriu com a MP (Medida Provisória) 936, que reduz a carga horária dos colaboradores. A reabertura de lojas por um determinado período do dia pode “resultar em uma retomada nas vendas e um aquecimento gradativo da economia”, aponta o documento.

O diretor do Ciesp de Santo André, também responsável por Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra, Norberto Perrella – que também assinou a carta –, afirmou que, apesar de ajudar, a flexibilização nos contratos de trabalho não resolve o problema. “O faturamento foi cortado da noite para o dia. Acontece o parcelamento de algumas dívidas e a criação de algumas linhas de crédito, mas as empresas vão chegar a uma situação de zero de carteira. Se o mercado não tiver voltado, não dá para saber o que faremos com essa instabilidade. Não tem um horizonte para fazer o planejamento”, disse.

Perrella afirmou que algumas empresas já estão demitindo. “A medida do governo dá estabilidade de até 90 dias, mas ninguém sabe se de fato a economia vai conseguir melhorar durante esse período.”

Barberini Júnior disse que quem depende das montadoras é quem mais sofre. As cinco fabricantes do Grande ABC – GM (General Motors), Volkswagen, Toyota, Scania e Mercedes-Benz – estão com a produção paralisada. “Sempre acaba sendo o setor mais afetado. Todas as exportações estão paradas. Atualmente, só produtos farmacêuticos e alimentos estão com aumento de produção. Não se vende mais carro, mas sim máscaras e respiradores. Por isso essa reabertura gradual precisa ser feita o mais rápido possível, em no máximo um mês e meio.”

O diretor do Ciesp Diadema, Anuar Dequech Júnior, destacou que a situação está difícil e que “parece inevitável uma demissão grande em todos os setores, não só das indústrias”, avaliou. Segundo ele, qualquer flexibilização será “bem-vinda e só depois dela” será possível ter uma ideia mais clara da dimensão de empregos que serão perdidos ou criados na região. 




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