Política Titulo Corrupção
Prorrogada CPI do
Semasa até 4 de junho

Vereadores estendem apuração de suposta extorsão
na autarquia; limite é perto de definição de candidaturas

Fábio Martins
Mark Ribeiro
24/04/2012 | 07:00
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Após ausência de outros dois depoentes, os vereadores que integram a CPI do Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André) assinaram ontem a prorrogação por 30 dias do prazo de investigação do suposto esquema de venda de licenças ambientais praticado na autarquia. Com a deliberação, o limite da apuração que expiraria em 2 de maio passa a valer - considerando dias úteis - até 4 de junho, período à beira das convenções partidárias, que ocorrerão entre os dias 10 e 30, para sacramentar as candidaturas para a eleição.

Protocolado pela base do governo Aidan Ravin (PTB), o requerimento de instauração da CPI na Câmara previa duração de 45 dias, com margem para dilatação. O limite situacionista destoou da proposta da oposição que pedia 90 dias para averiguar o episódio, justamente para evitar possível desgaste à administração em pré-campanha, período utilizado para fechar alianças ao pleito.

Contrariando as expectativas do Paço, que queria sepultar a apuração, a postergação foi avalizada por consenso. O presidente da CPI, Donizeti Pereira (PV), argumentou que a comissão entendeu a necessidade de ampliação para ouvir mais pessoas e dar tempo para análise aprofundada dos documentos requeridos até agora. "Acabou de chegar vídeo da entrada e saída (de pessoas) do Semasa e estamos aguardando depoimentos concedidos à Polícia Civil. É volume grande, não daria para concluir agora."

Apesar de considerar que o prazo pode ser novamente prorrogado, o verde sustentou que a comissão fará força-tarefa para o desfecho no limite estipulado ontem. "Isso não significa que atropelaremos o processo, só que o caso não está separado do processo eleitoral, que aumentará o calor das discussões. Por isso, em maio, trabalharemos para estabelecer dentro desse (novo) prazo."

Segundo o vereador José Montoro Filho, o Montorinho (PT), "não foi o PT quem criou essa situação". Ele reiterou que o eventual sistema de propina em cima de empresas servia, de acordo com a denúncia do ex-diretor de Gestão Ambiental Roberto Tokuzumi, para arrecadação eleitoral. "Na denúncia consta que o dinheiro extorquido era para fundo de campanha. Quem antecipou o processo e provocou as investigações foram eles (governo)."

Oitivas - Com a ausência de Alaor Fratta, proprietário da construtora Fratta, e Luiz, da Terracota Empreendimentos, a CPI remarcou os depoimentos para dia 4, além de convocar o ex-comissionado Engênio Voltarelli Júnior, acusado de atuar no Semasa, especificamente no suposto esquema, mesmo sem cargo.

 

Continuidade da análise dificulta possíveis alianças com governo

Com a CPI em curso, há dificuldade em concretizar alianças para o projeto de reeleição do prefeito Aidan Ravin. Os holofotes sobre a investigação do suposto esquema de extorsão dentro do Semasa deixaram de lado acordos que, até a instauração da comissão, estavam praticamente firmados. Nesse prisma, o grande receio é perder o apoio do PSDB, que demonstrara interesse em fechar parceria com o governo petebista, formando uma frente antiPT.

A prorrogação do prazo de apuração da CPI, assim como da Polícia Civil, por mais um mês, faz a cúpula tucana repensar a união, dando espaço para colocar novamente em estudo o lançamento de candidatura própria na cidade. O governador do Estado, Geraldo Alckmin (PSDB), que em todos os eventos ocorridos em Santo André mostrava estímulo ao acordo, prefere aguardar o andamento das investigações, a fim de evitar a ligação do tucanato com suspeitas de corrupção.

A alta plumagem do diretório estadual do PSDB já avisou que a costura da parceria eleitoral com o PTB em Santo André fica em espera, na dependência do conteúdo do relatório conclusivo da CPI do Semasa e das apurações da polícia e do Ministério Público. Depoimentos envolvendo o prefeito à suposta prática na autarquia distanciaram o PSDB. Caso a comissão postergue novamente o prazo, o acordo poderia naufragar.

Atualmente, o PSDB municipal tem quatro pré-candidatos registrados: os vereadores Paulinho Serra e Marcelo Chehade, além do economista Miguel Heredia e o historiador Thiago Rocha. A decisão não será por prévias, pois o prazo já expirou.

 

PSDB estadual indica vantagem à pré-candidatura de Paulinho

O desgaste sofrido pelo governo Aidan Ravin (PTB) com o escândalo sobre a suposta venda de licenças ambientais no Semasa, investigado por Ministério Público, Polícia Civil e CPI, já faz o PSDB declarar abertamente que a sua maior possibilidade para a eleição em Santo André é lançar o vereador Paulinho Serra a prefeito, abdicando do apoio ao projeto de reeleição do petebista.

"Tínhamos alinhamento com o prefeito, mas depois que saíram todas essas denúncias colocamos o pé no breque. Hoje está mais para o (Paulinho) Serra ser candidato do que para o apoio (a Aidan)", admitiu o presidente estadual do PSDB, Pedro Tobias, ontem, durante ato em apoio à pré-candidatura de Alex Manente (PPS) ao Paço de São Bernardo.

Apesar de considerar que a posição do diretório municipal tenha de ser avaliada, o mandatário deixou claro que o governador Geraldo Alckmin (PSDB) não permitirá a ligação do tucanato com governo envolvido em escândalo. "Essa denúncia, se confirmada... o governador não vai querer (aliança). Isso é taxativo."

No mesmo evento de São Bernardo, o secretário estadual da Casa Civil, Sidney Beraldo (PSDB), braço-direito de Alckmin, fez questão de transparecer que a cúpula tucana tem acompanhado de perto os desdobramentos do caso Semasa para deliberar o posicionamento do partido em Santo André. "Ainda aguardamos o desenrolar da CPI, que por enquanto está no campo das denúncias. Os próprios vereadores estenderam o prazo. Então, aguardamos."

O integrante do primeiro escalão do Palácio dos Bandeirantes avisou que espera um desfecho do caso até o fim de maio. "Queremos que até lá isso esteja resolvido. Não dá para esperar além disso."




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