Economia Titulo Automóveis
Vendas de carros caem 5,3% na região
Por Soraia Abreu Pedrozo
Do Diário do Grande ABC
13/01/2013 | 06:58
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Arquivo/DGABC


O clima de insegurança gerado pelas demissões ocorridas em metalúrgicas e autopeças do Grande ABC, por conta da dificuldade em competir com os produtos importados durante todo o ano passado, refletiu nas vendas de carros zero-quilômetro. Em 2012, foram emplacados 74.535 automóveis e comerciais leves (pick-ups e utilitários) na região, 5,34% ou 4.211 a menos do que em 2011, com 78.746 unidades.

Os dados foram levantados pela Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores), que representa cerca de 7.000 concessionários de veículos no Brasil, a pedido da equipe Diário.

Até novembro, a indústria havia eliminado 5.282 empregos com carteira assinada nas sete cidades, segundo dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) do MTE (Ministério do Trabalho e Emprego). E, mesmo com o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) reduzido desde maio para carros novos, as montadoras tiveram de adotar jornadas de trabalho menores na tentativa de equalizar a produção. O dólar, que só ultrapassou a barreira dos R$ 2 em maio e encerrou o ano em torno de R$ 2,10, ainda era inferior aos desejáveis R$ 2,30 para começar a brecar a entrada de importados - e estava mais distante ainda dos R$ 2,50 para melhorar as exportações.

Na avaliação do presidente do Sincodiv-SP (Sindicato dos Concessionários e Distribuidores de Veículos no Estado de São Paulo), Octavio Vallejo, por conta do cenário de dificuldade das fábricas da região, o trabalhador decidiu esperar para trocar de carro ou fazer qualquer outra dívida de alto valor. "O momento não era favorável psicologicamente, já que as pessoas sequer sabiam se teriam seus empregos garantidos", diz.

Outro fator que contribuiu às vendas menores de zero-quilômetro foi o fato de muita gente ter trocado de carro ou comprado seu primeiro veículo entre 2009 - ano da primeira redução do IPI, em que não se imaginava que haveria tantas prorrogações - e 2010 - marcado pelo crescimento do emprego e do poder de compra, principalmente da classe C, e pelo recorde de vendas de automóveis. Não à toa, de um ano para o outro os emplacamentos no Grande ABC cresceram 12%, saltando de 71.350 em 2009 para 79.973 em 2010.

Em 2011, ano que a indústria começou a sentir fortemente os efeitos da competitividade desleal, principalmente com itens chineses, por conta do dólar desfavorável - que ficou oscilando entre entre R$ 1,60 e R$ 1,80 -, o comércio de veículos também foi impactado, com saldo de 78.746 emplacamentos, 1,5% a menos que em 2010.

Segundo Vallejo, a média de tempo de financiamento automotivo no Brasil é de três anos, ou seja, quem adquiriu um veículo em alguns desses anos, ainda está pagando ou não acha que é a hora de trocar seu seminovo.

SEM RELAÇÃO - Para o consultor Paulo Roberto Garbossa, da ADK Automotive, o fato de o número de emplacamentos ter diminuído 5,34% na região no ano passado não necessariamente quer dizer que as concessionárias das sete cidades estão vendendo menos. "Muita gente compra seu carro perto de casa, mas licencia próximo ao trabalho, que é em outra cidade, em São Paulo, por exemplo."

Quanto ao dado também divulgado pela Fenabrave no início do mês, de que as vendas de automóveis e comerciais leves subiram 6,11% em 2012, com 3.634.421 de unidades emplacadas em todo o País, Garbossa aponta que as regiões que mais comercializaram veículos, por terem maior demanda e mais espaço para crescer, foram Norte e Nordeste. Enquanto que a procura em cidades do Sul e do Sudeste não foi tão expressiva. É o reflexo do aumento do poder de compra, combinado com o IPI reduzido, que permitiu a muitos dos brasileiros provar o gostinho de, pela primeira vez, ter um carro zero.

 

 




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