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‘Eu trabalho para distribuir fortuna com empregos e salários’
Por Soraia Abreu Pedrozo
Do Diário do Grande ABC
21/10/2019 | 07:00
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Divulgação


Com fortuna avaliada em R$ 8,26 bilhões, que o colocou na 36ª posição do ranking da Forbes, Luciano Hang, natural de Brusque (Santa Catarina), tornou-se um dos homens mais ricos do País com sua loja de departamentos Havan – que possui como marca registrada fachada estilizada da Casa Branca e a Estátua da Liberdade. Com expectativa de faturar R$ 12 bilhões neste ano, a rede que conta com 132 unidades em 17 Estados se prepara para investir R$ 70 milhões no Grande ABC, em uma loja em São Bernardo, que vai inaugurar, no primeiro semestre de 2020, e outra em Santo André, ainda sem previsão. Serão gerados 300 empregos.

Há cerca de um mês o senhor anunciou que serão abertas duas lojas da Havan no Grande ABC, as primeiras da região. Gostaria de saber o por quê da escolha das cidades e por que levou tanto tempo para decidir por investir por aqui. Havia rumores de que isso poderia acontecer, desde o início do ano, mas nada que fosse confirmado até então.

Por enquanto temos confirmado a loja na cidade de São Bernardo. Osasco também está confirmado que terá loja, mas ainda não tem endereço definido. Estão em negociações as seguintes cidades: Santo André, São Caetano, Mauá, Diadema, São Paulo, Guarulhos e Bauru. Nós estamos estudando áreas para a instalação de lojas em todo o Brasil. Procuramos por cidades em crescimento e que nos dêem a liberdade para trabalhar sábados, domingos e feriados.

Quando elas deverão ser inauguradas? Qual será o investimento por loja? E em quais endereços elas serão instaladas?

A previsão é a de que a loja de São Bernardo seja inaugurada no primeiro semestre de 2020, na Avenida Piraporinha, no antigo feirão do automóvel (onde funcionava o Auto Shopping Piraporinha, espaço de 5.000 metros quadrados desativado há cerca de dois anos e situado na divisa com Diadema. O local tem acesso também à Avenida Kennedy). Para Santo André, ainda não há nada definido sobre o endereço (era estimado o espaço onde operava o Walmart da Avenida dos Estados, mas ele não foi confirmado). O investimento nas duas vai girar em torno de R$ 70 milhões.

Quantos empregos serão gerados por unidade? Quando começam as contratações? Qual será o perfil dos profissionais e a remuneração média?

São 150 empregos diretos por unidade inaugurada. Sobre as contratações e os valores, ainda não posso adiantar.

Existe a intenção de abrir mais unidades no Grande ABC? Caso sim, quando e onde? Lembro que a região é composta por sete cidades (Santo André, São Bernardo, São Caetano, Diadema, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra). E detentora do quarto maior PIB (Produto Interno Bruto) do País, caso fosse considerada uma cidade, ao gerar R$ 112 bilhões em riquezas, e do quinto maior potencial de consumo, de cerca de R$ 80 bilhões para este ano.

Nós temos intenção de colocar lojas em todo o Brasil. Estamos analisando as regiões, para depois, acertarmos a vinda da loja para os municípios.

Quais os diferenciais da Havan, frente a outras lojas de departamentos, e que, inclusive, estão presentes na região? Qual será a aposta da rede para conquistar o consumidor?

Nós oferecemos mais de 100 mil itens em diferentes setores, como: cama, mesa e banho, eletro, eletrônicos, utilidades domésticas, bazar e outros. A Havan conta com o serviço Retira Fácil em todas as filiais. Se o cliente achar mais cômodo comprar pela internet e não quiser esperar os dias para a entrega, ele pode retirar o produto na loja física mais próxima, sem pagar pelo frete. Temos, também, o Cartão Havan, que não tem anuidade, é gratuito, e permite o parcelamento das compras em até dez vezes, sem entrada e sem juros. O cliente tem flexibilidade na escolha da data de vencimento, consulta o extrato de forma on-line, pode solicitar um cartão adicional para dependente e o pagamento pode ser realizado em uma das lojas ou por meio site e do aplicativo. Estes são alguns dos nossos diferenciais.

O Grande ABC é o berço da indústria automotiva mas, nos últimos anos, esse segmento, assim como o setor industrial como um todo, tem perdido receita devido à intensa crise que o País atravessa. Ao mesmo tempo, segmentos como o de serviços e comércio estão ganhando terreno e gerando emprego. Como o senhor vê esse cenário?

Eu acho que o Brasil tem espaço para todo tipo de segmento, basta os empreendedores estarem sempre inovando e buscando encantar o seu cliente. Isso fideliza o consumidor.

O senhor foi considerado, pela revista Forbes, um dos homens mais ricos do País. Com fortuna estimada em R$ 8,26 bilhões, estreou no ranking nacional ao ocupar a 36ª posição. Também estreou no ranking mundial da revista, ao ocupar a 1.057ª posição. A que o senhor atribui todo esse sucesso? Mesmo em meio a um cenário de crise?

Recebo a notícia com muita alegria e humildade. A colocação é consequência de anos de trabalho árduo. De muita persistência, disciplina e resiliência. Qualquer brasileiro pode chegar à Forbes, basta ser perseverante e ter coragem de investir. Vou continuar investindo cada centavo em abertura de mais lojas, pois eu não trabalho por dinheiro, trabalho pelo meu objetivo de vida, que é distribuir minha fortuna por meio de empregos e salários.

A Havan foi criada em Brusque, no Interior de Santa Catarina, em 1986. Como começou sua história? Quantas unidades a loja de departamentos possui hoje, qual o faturamento anual e qual a projeção para este ano? Além disso, quantos empregos a rede gera em todo o País?

Em 45 metros quadrados e um colaborador. Assim começou a história da Havan em meados dos anos 1980. Hoje, a gigante do varejo possui 132 lojas em funcionamento em 17 Estados brasileiros. Com unidades que medem de cinco mil a 40 mil metros quadrados, totalizando mais de 1 milhão de metros quadrados construídos. A fachada estilizada da Casa Branca norte-americana e a Estátua da Liberdade são os diferenciais de marketing da rede e representam a liberdade de escolha e de compra que os clientes têm ao optar pela loja mais amada do Brasil. Além do mix variado de produtos, a Havan oferece vários serviços para os seus clientes. Hoje, a Havan possui 16 mil colaboradores e projeta um faturamento de R$ 12 bilhões. Em 2018, fechamos o ano faturando R$ 7 bilhões.

Quais os planos de expansão da rede? E as próximas aberturas previstas, mesmo neste cenário ainda de crise? O senhor pretende levá-la para todo o País?

Queremos chegar a 200 lojas até 2022. As próximas aberturas acontecem nas cidades de Itajaí e Chapecó (Santa Catarina), Santa Maria, Pelotas, Viamão e Ijuí (todas no Rio Grande do Sul), Sertãozinho, Itapetininga e Sumaré (em São Paulo) e Sorriso (Mato Grosso).

O senhor acredita que as propostas das reformas previdenciária e tributária podem auxiliar o seu negócio e a abertura de lojas da Havan? De que maneira?

Ajudará todo o Brasil e todos os brasileiros, pois teremos mais liberdade para poder trabalhar.

O senhor é, declaradamente, apoiador do governo de Jair Bolsonaro (PSL). Quais medidas do presidente e sua gestão o senhor acredita que possam beneficiar a economia do País?

Governo Bolsonaro só começou a limpar a sujeirada que o PT deixou no Brasil. Ainda faltam muitas ações para serem tomadas, mas já estamos num país que deixou de ser vermelho e respiramos o verde e amarelo da nossa bandeira. Continuo apoiando Bolsonaro, pois ele está gradativamente implantando suas promessas.

O senhor acredita que algumas falas polêmicas envolvendo o governo e o presidente podem impactar a economia de forma negativa? São exemplos as queimadas na Amazônia, o anúncio de nomeação do filho do presidente, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL), como embaixador do Brasil nos Estados Unidos e o avanço da tramitação da controversa reforma da Previdência, ou, ainda, sugerir “fazer cocô dia sim, dia não” para preservar o meio ambiente e dizer que contaria ao presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Felipe Santa Cruz, como morreu seu pai, Fernando Santa Cruz, que desapareceu durante a ditadura militar (1964-1985). Como o senhor vê essas questões?

O Brasil está passando por um novo momento. E a polêmica é uma das maneiras que a oposição encontrou de se manter em evidência. Eles fazem polêmicas em cima de factóides. A esquerda utiliza o seu poder para afrontar. Mas isso não mudará a trajetória do País rumo ao desenvolvimento. Eles utilizam a polêmica para desvirtuar as conquistas do novo governo. Contra fatos não há argumentos. A economia está entrando nos eixos. Temos que dar um viva à liberdade de expressão, um viva à verdade.

Ainda falando sobre o governo, o envolvimento com a política lhe rendeu uma condenação no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) por propaganda eleitoral irregular em favor de Bolsonaro. O senhor pensou em recorrer do pagamento de R$ 2.000, mas desistiu para evitar gastos, uma vez que seria mais caro ir a Brasília para fazer a defesa do que pagar o valor. Como o senhor avalia essa condenação?

Nossa estratégia foi de pagar o valor da multa porque era uma ação que não valia a pena nem estar sendo discutida. Sairia mais caro recorrer do que pagar os R$ 2.000. Foram os R$ 2.000 mais bem gastos. No dia 17 de agosto de 2018 eu fiz uma live manifestando meu apoio ao, na época, candidato Bolsonaro. E impulsionei essa live porque não sabia que era proibido. Fiz, deu multa e paguei. Tudo muito simples. Foi o dinheiro mais barato da história, pagaria até mais, se fosse o caso.

Outra polêmica envolvendo seu nome diz respeito a dívida de R$ 168 milhões com a Receita Federal e o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), que seriam pagas em 115 anos. Mesmo assim, o senhor comprou jato executivo Bombardier Global 6000, avaliado em US$ 62,3 milhões. Críticos dizem que o senhor deveria priorizar o pagamento de suas dívidas. Como o senhor vê isso?

Como vou pagar uma dívida que não existe? Já mostrei, por meio de certidão negativa, que não devo nada. Só neste ano, nós vamos pagar em impostos e benefícios R$ 3,2 bilhões. 




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