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Diadema reduz transporte especial para deficientes

Famílias denunciam que frota não comporta cadeiras de rodas; exames, consultas e aulas podem ser perdidos

Aline Melo
Do Diário do Grande ABC
26/07/2019 | 07:00
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Denis Maciel/DGABC


 Famílias de pacientes com deficiência atendidos pelo serviço de transporte especial da Prefeitura de Diadema denunciam que o benefício está sendo reduzido pela administração municipal. Segundo os relatos, o número de veículos que transportam os munícipes foi diminuído e algumas vans trocadas por modelos que não permitem que os cadeirantes sejam levados em suas cadeiras de rodas. Reclamam, também, que com a frota menor, quem é transportado passa mais horas no trajeto e acaba perdendo consultas e exames.

A dona de casa Maria Josiane Ferreira, 38 anos, moradora do Jardim União, acompanha a filha Thauany, 9, em sessões de fisioterapia no Centro da cidade duas vezes por semana e, uma vez por semana, a tratamento na AACD (Associação de Assistência à Criança Deficiente), em São Paulo. “A gente tem que brigar sempre, porque agora nem querem transportar a cadeira. Desmontam, jogam por cima dos bancos, e a gente tem que carregar as crianças no colo”, reclamou. 

Maria Josiane explicou que alguns pais estão tentando se organizar para levar as crianças com meios próprios, porque, como houve redução na frota, as viagens ficaram mais longas. “Até que pegam todo mundo em Diadema para ir para São Paulo ou qualquer outra cidade, tem gente que estava perdendo das consultas”, explicou. A dona de casa não tem como transportar a filha a não ser com o serviço público. “Se a gente não tiver a van, ela vai perder os tratamentos”, completou.

A mãe de Kauã, 15, Maria Eliete Santos Lira, 47, vai todos os dias com o garoto para a AACD, onde ele estuda. As aulas voltam no dia 6 de agosto, mas ela já foi informada que não poderá levar a cadeira de rodas do garoto na van do transporte municipal. “Sem a cadeira, que é adaptada para as necessidades dele, não tem como assistir às aulas. Ele não se sustenta em uma cadeira comum”, detalhou. A dona de casa, que mora no Piraporinha, também se queixou da dificuldade de embarcar o filho na van sem um elevador. “Ele é pesado.”

O vigilante aposentado Marcio José da Silva, 38, é amputado das duas pernas e uma vez por semana vai ao Hospital São Paulo, na Capital, para os tratamentos necessários. No dia 15 de julho, ele perdeu a consulta porque os motoristas da empresa que realizam o serviço de transporte para a Prefeitura estavam em greve. 

O Diário mostrou, na ocasião, que os funcionários da Hiplan estavam com o pagamento dos salários e do aluguel dos veículos – todos trabalham com as próprias vans – atrasados. A administração informou que realizou o transporte dos pacientes prioritários com carros próprios, mas que a situação havia sido normalizada. Morador do Jardim Ruyce, Silva depende exclusivamente do transporte especial.

Questionada, a Prefeitura não justificou a redução na frota nem respondeu às queixas dos munícipes. Apenas relatou que a cidade conta com quatro módulos de atenção especial e que no caso do transporte sanitário eletivo ambulatorial a frota é composta por dez vans de 15 lugares, três veículos adaptados, além de 25 carros de passeio e cinco veículos tipo Kombi. “São atendidos 3.195 pacientes por mês, totalizando 6.390 viagens (ida e volta)”, destacou a nota.




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