O momento é a década de 1960, fervor da ditadura militar, na qual centenas de pessoas morrem e outras sofrem perseguições e torturas. Em meio a toda essa turbulência, está o jovem casal, José Guerra (Claudio Lins) e Maria Paixão (Graziela Schmitt), que movimenta manifestações para provocar mudanças e marcar a história do Brasil. Com este enredo, o jovem autor de novelas, Tiago Santiago, estreia amanhã, no SBT, às 22h15, o folhetim Amor e Revolução.

Com estilo eclético em produções novelísticas, Santiago, que já tem o seu nome referenciado em outros trabalhos como Mutantes (2008) na Record e Uga Uga (2001) na Globo, aposta com força na exploração do tema para chamar a atenção do telespectador, já que muitas pessoas vão se identificar com os acontecimentos da época. "Amor e Revolução é novela épica, de intensos amores e conflitos. Diferentemente de Mutantes, em que trabalhávamos mais com mitos e lendas, agora não posso me perder em fantasias para não me afastar da realidade", explica.

A novela, que terá toda a trama centrada no amor e a revolução como parte agregada, é composta de 180 capítulos e deve ter o enredo certamente interpretado até a época do AI-2 (Ato Institucional). Se houver condição, extender à Guerra do Paraguai.

Para não errar e deixar com que o projeto caia no prejuízo para a emissora de Silvio Santos, o autor e o diretor Reinaldo Boury vão acompanhar minuciosamente o retorno de satisfação do público, já que o assunto pode remeter a polêmicas políticas de cunho partidário e exibir cenas fortes de agressões da época. "Estaremos muito atentos à aceitação ou rejeição do público. É uma novela para o Brasil, mas quero que seja vista pelo mundo inteiro", enfatiza Santiago, que não teme ter baixa audiência devido à trama ser exibida em horário tarde.

Elenco mescla experiência

Mais do que simplesmente terem um tema atrativo que colaborasse para o sucesso de Amor e Revolução, o autor e o diretor da novela reuniram elenco diversificado, para mesclar experiências.

Em entrevista ao Diário, integrantes do elenco falaram de suas expectativas. É o caso de Claudio Cavalcanti que, após dez anos afastado da televisão para se dedicar à carreira de deputado e acumular em seu vasto currículo de ator novelas como Véu de Noiva, retorna para interpretar Geraldo, um líder camponês preso e espancado por policiais que consegue liberdade para voltar à atividade revolucionária e pregar a luta contra a ditadura.

“Emagreci seis quilos e deixei a barba crescer para fazer o Geraldo. Aceitei o papel porque acredito que a novela causará emoção no público, algo importante em uma novela que hoje não acontece como antigamente”, explica.
A temática madura do folhetim dará à atriz protagonista Graziela Schmitt, 29 anos, a responsabilidade e a oportunidade de fincar o seu nome de vez entre os jovens atores da televisão brasileira. Depois de ter sido paquita do Programa da Xuxa e passado pela ‘escola’ Malhação, na TV Globo, Graziela acumulou experiências no teatro.

Para viver Maria Paixão, a atriz tem intensificado o laboratório. “Estou até fazendo aula de tiro. Apesar de ser muito jovem, 23 anos, Maria terá um pensamento guerreiro e estará disposta a dar a vida pela liberdade do Brasil”, explica a atriz.

Depois de 17 anos na Globo, Licurgo Spínola também resolveu aceitar o convite do SBT para participar da trama, nas vestes de Batistelli, um grande líder de esquerda que partirá para a luta armada, chefiando assaltos a bancos e casas de milionários, tornando-se uma das pessoas mais procuradas do Brasil. “O artista precisa aprender a ter várias facetas de personagens. Para este, estou mergulhado e intusiasmado, estou lendo vários livros sobre o assunto”, diz Spínola.