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'Marcos Valérios' sofrem provocações na região
Sergio Kapustan
Do Diário do Grande ABC
24/07/2005 | 08:20
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Bom humor e paciência. Essa é a receita de homônimos do empresário de publicidade mineiro Marcos Valério Souza – que tem sido apontado como um dos operadores do esquema do mensalão (pagamento de mesada a deputados para votarem a favor do governo) no Congresso –, para responder a provocações de amigos e familiares. Na lista de assinantes da Telefônica, existem nove Marcos Valério no Grande ABC: quatro em São Bernardo, dois em Santo André, um em São Caetano, um em Mauá e um em Diadema.

Três deles fizeram questão de afirmar que a coincidência está apenas nos dois primeiros nomes, pois têm cabelo (Marcos Valério é careca), não nasceram em Minas Gerais e não trabalham com políticos. A única exceção é Marcos Valério Pacini, 46 anos, que, além do nome composto, também trabalha com publicidade. Publicitário há 17 anos em São Bernardo, Pacini soube da existência de Marcos Valério de Souza pela televisão, quando tomava banho. "Tomei um susto quando o locutor da televisão disse que o publicitário Marcos Valério havia sido denunciado", conta.

De espírito conciliador, o Marcos Valério de São Bernardo reage com bom humor às brincadeiras no trabalho e na família. "Recentemente, quando estava viajando de Manaus para São Paulo, um amigo disse que não era recomendável fazer escala em Brasília porque a Polícia Federal estava de plantão. Levei isso na brincadeira", recorda.

Pacini afirma também que não se pode generalizar as denúncias contra Marcos Valério. Na sua avaliação, o mercado publicitário não pode ser confundido com as atitudes do empresário mineiro. "O que está acontecendo com o Marcos Valério é um caso isolado. Ele fez uma coisa pessoal de ocasião. Na verdade, ele aproveitou a oportunidade", comenta Pacini. Eleitor do PSDB, o publicitário de São Bernardo afirma que o PT deve explicações ao país. "Havia uma expectativa positiva em relação ao governo petista, mas isso não está acontecendo."

Diferenças – Marcos Valério Vidal Souza, 36 anos, azulejista autônomo em Mauá, ganha R$ 800 por mês para sustentar mulher e dois filhos. Faz questão de diferenciar os nomes em público: "Ele é Marcos Valério Souza e eu Vidal Souza, que tem nome limpo e sem dívidas a saldar", garante. Mesmo assim, o azulejista não escapa de brincadeiras dos colegas de serviço. "É só começar a trabalhar e já começam a dizer: olha o homem do governo que deu certo. O que eu posso fazer? Nada", conforma-se Vidal Souza.

Eleitor de tucanos, Vidal Souza diz que também não escapa das indiretas da mulher Marli. Segundo ele, a mulher o chama logo que começa o Jornal Nacional. "É só noticiar a CPI na TV que ela me chama para dizer que estão falando de mim no Congresso."

Ex-jogador de basquete do Palmeiras, o analista de sistema Marcos Valério Pinto Salvadori, 41 anos, morador de São Bernardo, tem resposta curta sobre a concincidência de nomes: "É uma coisa desagradável". Definindo-se como um sujeito não-político, o analista de sistema diz que sempre tenta mudar de assunto quando a conversa na roda de amigos é Marcos Valério Souza.

Ao comentar as denúncias contra o empresário mineiro, Salvadori é de opinião que o governo Lula deveria escolher melhor as pessoas que contrata. Até faz uma analogia ao esporte para explicar a sua posição. "Ninguém é perfeito, mas para você assumir o posto de capitão de uma equipe, por exemplo, precisa mostrar qualidades e aptidão, não é o que está acontecendo no governo do PT", constata o analista.

Nos salões – A CPI dos Correios também chegou aos salões de beleza do Grande ABC. Segundo o cabeleireiro Kleber Filetto, de Santo André, parte da clientela masculina, que tinha por hábito raspar todo o cabelo, já está mudando o corte depois do escândalo do mensalão. De acordo com Filetto, os clientes pedem agora para não exagerar. "Eles pedem para deixar um pouco de cabelo para não parecer com o Marcos Valério."

O próprio Kleber Filetto raspa a cabeça, e revela que também está pensando em mudar o corte. Mas enquanto o cabelo não cresce, ele já usa uma alternativa: só anda de boné. "Prefiro ser confundido com um rapper do que com um publicitário careca que está prejudicando o país", afirma o cabeleireiro em tom de brincadeira.




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